No fim de semana em que sua permanência na Williams para a temporada de 2015 foi confirmada, Felipe Massa consegue o primeiro pódio pela equipe inglesa ao terminar o GP da Itália atrás de Lewis Hamilton e Nico Rosberg. Mercedes segue dominando, McLaren tentando e Caterham, bem, nada de novo…
Felipe Massa conseguiu, finalmente, seu primeiro pódio para a equipe Williams ao terminar em terceiro lugar no GP da Itália, disputado anteontem no tradicional Autódromo de Monza. Em uma corrida marcada por dois erros bizarros de Nico Rosberg quando o alemão ocupava a liderança, Lewis Hamilton foi o vencedor e diminuiu a diferença que o separa do companheiro de equipe e líder da classificação do campeonato. Em meio a rumores de grandes mudanças na cúpula da Ferrari, Fernando Alonso abandonou a prova após uma longa sucessão de resultados pontuáveis; a agitação de Maranello já tem similar tão ou mais ativo em Silverstone— sede da Caterham — e em Hinwill, onde fica a casa Sauber.
Para os brasileiros que acompanharam o desenrolar do GP da Itália, os erros de Nico Rosberg certamente ficaram em segundo plano. A atuação de Felipe Massa foi, sem dúvida, a primeira do brasileiro nesta temporada em que os azares que marcam seu 2014 não deram as caras. Desta vez o piloto do Williams Mercedes FW 36 nº 19 largou bem, completou várias voltas na segunda posição, soube superar o arrojo desenfreado de Kevin Magnussen e subiu ao pódio em uma das pistas onde é mais admirado. O conjunto da obra pode ser o início de uma nova fase em sua carreira, este ano marcada por uma série de incidentes e acidentes nos quais a maioria das causas não pode ser creditada a ele. A renovação do seu contrato com a equipe de Groove (algo já comentado aqui em várias ocasiões) e o primeiro pódio em uma temporada e meia, certamente trazem um novo alento ao brasileiro.
Se as coisas começam a tomar feições mais agradáveis na carreira de Massa, em sua ex-equipe a água ferve e ainda ninguém sabe se a pasta sairá al dente ou se vai desandar de vez. Enquanto os rumores sobre uma possível saída de Fernando Alonso seguem quentes, a temperatura começou a ferver com uma declaração de Sergio Marchionne, o homem forte do grupo que controla a Fiat, a Chrysler e a…Ferrari, quando instado a comentar sobre possíveis mudanças no vértice da Scuderia:
“Montezemolo? Todos são importantes, mas ninguém é insubstituível…”
Pelo sim, pelo não, o próprio Montezemolo já declarou ao jornal Gazzetta dello Sport que seguirá no comando da Ferrari por mais três anos; nas nuvens, porém, ecoam comentários que seu futuro profissional estaria ligado à incorporação da Alitalia pela empresa aérea Etihad, que já patrocinou a Ferrari, com quem ainda tem laços comerciais. De quebra, esta fusão poderá destravar uma série de aquisições árabes no setor: fala-se que a Qatar estaria em negociações avançadas para assumir a TAP e a Emirates, considerando outras opções de mercado europeu.
Sobre Alonso, a situação é igualmente complicada: embora os contratos da F-1 sejam objeto sigiloso, é voz corrente que o espanhol poderia se desvincular de um acordo que dura até 2016 caso a Ferrari ou ele não terminassem a temporada entre os três primeiros classificados: dopo Monza, Fernando está em quinto lugar na classificação de pilotos e a equipe é a quarta colocada entre os construtores. Se a voz do povo for realmente a voz dos deuses do circo de Tio Bernie, o espanhol teria porta aberta para escolher um novo CEP em pelo menos duas equipes: McLaren e Red Bull, o que significaria o bilhete azul para Jenson Button ou Sebastian Vettel, outro nome cotado para substituir o inglês.
Fosse tudo isso material pouco explosivo, as recentes desavenças entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton já forçaram o diretor Toto Wolff a declarar em alto e bom som que se os dois pilotos da Mercedes não tomarem jeito um deles poderá ser dispensado. Dentro deste clima de caça aos aprendizes de feiticeiros, os dois erros de Rosberg na freada da chicane da reta de chegada deram margens a várias interpretações.
Como as cenas foram bem semelhantes e não houve nenhum sinal de rodas bloqueando ou movimentos anormais, não são poucos os que enxergaram nas falhas do alemão uma forma de pagar o pecado cometido em Spa, quando deu um toque logo no início do GP belga. Ao andar na frente e permitir abertamente que o inimigo de equipe se aproximasse, Nico estaria cumprindo uma ordem da equipe —facilitar a vida de Hamilton —, ao mesmo tempo que deixava claro que andava mais que Lewis. Cores, formas e ambiente típicos de uma boa teoria conspiratória (já devidamente negadas por Totto Wolf), mas com conteúdo bem plausível…
Enquanto nas esquinas de Brackley e de Stuttgart, onde respectivamente se constrói e se assina os cheques da Mercedes para o programa de F-1, o problema é como controlar os dois primeiros classificados no Mundial de Pilotos. No extremo oposto da tabela de pontos a situação é mais trivial: como sobreviver em uma temporada das mais difíceis. A Sauber, por exemplo, ainda está por ver a cor do dinheiro que um grupo de empresas russas prometeu para ver o jovem Sergey Sirotkin estrear na categoria.
Nem o piloto conseguiu convencer a FIA que poderia participar de um GP, muito menos a ultra-necessária bolada de rublos deu sinal de vida, fazendo a menina dos olhos de Peter Sauber viver a pior temporada desde sua estréia, em 1993. Desta vez quem poderá evitar o pior é o empresário canadense do ramo de confecção Laurence Stroll (Tommy Hilfiger) e proprietário do circuito de Mont Tremblant . Ainda não está claro se ele pretende garantir o caminho profissional do filho Lance — que faz parte da Academia de Pilotos da Ferrari —, ou se ele quer se tornar um investidor majoritário no time. Meses atrás seu nome foi cogitado como interessado em investir US$ 1,5 bilhão na CVC Partners, controladora da F-1 Management.
Na Caterham, agora liderada por Collin Koles, figurinha carimbada desde outros carnavais graças ao destino fatal que suas antigas equipes tiveram na F-1, as perdas não param de crescer. Depois que cerca de 40 funcionários entraram com uma ação coletiva na Justiça inglesa alegando demissão irregular, Kamui Kobaysahi deixou de lado a paciência nipônica para externar sua preocupação sobre a maneira como é tratado pela equipe e o belga Christijan Albers anunciou que prefere abdicar da condição de diretor de equipe para poder passar mais tempo com a família. Desde domingo seu lugar é preenchido pelo italiano Manfredo Ravetto, colega de trabalho de Colles desde os tempos da Hispania.
O resultado completo do GP da Itália você encontra clicando aqui.
WG