Caros leitores e leitoras,
Esta matéria é reprodução, na íntegra, da publicada no “Site Inovação Tecnológica” (www.inovacaotecnologica.com.br) no dia 22 último, de autoria da redação do site. Ela vem ao encontro do que venho dizendo sobre a “histeria carbônica” (termo cunhado por Fernando Calmon) que tomou conta e assola o mundo, coisa de quem não sabe o que está dizendo, tipo maria-vai-com-as-outras, ou de espertalhões que querem faturar com isso, como vender “créditos” de carbono. Chegou-se ao absurdo de empresas informarem que, para compensar o carbono emitido num evento qualquer, foram plantadas tantas árvores, num perfeito exemplo de hipocrisia para darem uma de boazinhas.
As ilustrações foram providenciadas pelo Ae.
Boa leitura!
Bob Sharp
Editor-chefe
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AQUECIMENTO GLOBAL ANTIGO FOI IGUAL AO ATUAL
Notícias boas e ruins
A taxa de emissões de carbono que aqueceu o clima da Terra quase 56 milhões de anos atrás foi muito mais parecida com o aquecimento global verificado agora do que os cientistas calculavam.
Segundo Gabe Bowen e seus colegas da Universidade de Utah, nos Estados Unidos, o aquecimento global do período Paleoceno-Eoceno envolveu dois “pulsos de carbono” lançados na atmosfera.
E os dois pulsos parecem ter acontecido por eventos “endógenos”, ou seja, de processos do próprio planeta, não envolvendo a queda de asteroides ou cometas.
As causas mais prováveis incluem o derretimento do gelo de metano aprisionado no fundo oceânico — os chamados clatratos — ou a liberação também de metano por um vulcanismo intenso.
Segundo a equipe, isto traz notícias boas e ruins. A boa notícia é que a Terra e a maioria das espécies vivas na época sobreviveu. A má notícia é que levou milênios para que a Terra voltasse ao nível climático anterior.
“Há uma observação positiva na medida que o mundo persistiu, ele não acabou em chamas, ele tem um mecanismo de autocorreção e voltou ao normal sozinho,” disse Bowen. “No entanto, neste caso levou quase 200 mil anos antes que as coisas voltassem ao normal.”
Clima diferente
Porém, Bowen ressalta que, naquela época, o clima global já era muito mais quente do que o atual — não havia, por exemplo, coberturas de gelo nos polos. “Assim, isso aconteceu em um campo de jogo diferente do que temos hoje,” afirmou.
Foi nesta época, por exemplo, que surgiu a maior parte dos mamíferos e que os oceanos adquiriram a acidez que apresentam hoje.
E as coisas parecem ter sido muito mais dramáticas: no chamado Máximo Termal do Paleoceno-Eoceno as temperaturas subiram entre 5 e 8 graus Celsius — atualmente os ambientalistas lutam para limitar o aquecimento global a 2 ºC.
Aquele aquecimento parece ter sido gerado por duas liberações de carbono, com durações de até 1.500 anos, o que, segundo a equipe, descarta explicações anteriores do impacto de um asteróide ou cometa para justificar o evento.
Regulação natural e intromissão não natural
A equipe chegou a estas conclusões monitorando o registro geológico deixado em nódulos sedimentares de calcário e rochas carbonáticas no estado de Wyoming, nos EUA. Agora os dados precisarão ser confirmados mediante a análise de amostras de mesma idade recolhidas em outras partes do mundo.
Mas a capacidade de recuperação natural do planeta em uma época de mudanças muito mais dramáticas acentua o risco das manipulações climáticas defendidas pela geoengenharia – estudos apontam que essas manipulações podem transformar o aquecimento global em seca global e que, no final das contas, a geoengenharia pode amplificar os efeitos do aquecimento global.
Bibliografia:
Two massive, rapid releases of carbon during the onset of the Palaeocene-Eocene thermal maximum
Gabriel J. Bowen, Bianca J. Maibauer, Mary J. Kraus, Ursula Röhl, Thomas Westerhold, Amy Steimke, Philip D. Gingerich, Scott L. Wing, William C. Clyde
Nature Geoscience