Brasileiros em Daytona
Brasileiros se destacam na 24 Horas de Daytona e F-1 prossegue com apresentação de novos modelos; testes da temporada começam domingo em Jerez e Philippe Streiff e FIA se estranham sobre segurança nas pistas, enquanto Lauda e Arrivabene pedem para melhorar o show
Tal qual acontecia no último quarto do século passado, a 24 Horas de Daytona ganha proeminência no cenário internacional, crescimento que acaba refletindo positivamente para o Brasil. Na edição deste ano, disputada no último fim de semana, Oswaldo Negri Jr. marcou a pole position e ao final da corrida os carros de Tony Kanaan e Christian Fittipaldi cruzaram a linha de chegada, nesta ordem, separados por cerca de dois segundos. Augusto Farfus, Chico Longo, Daniel Serra, Marcos Gomes e Rubens Barrichello foram outros destaques da competição.
A cena mais célebre da história da 24 Horas de Daytona foi a chegada da edição de 1967, quando os Ferraris de Chris Amon/Lorenzo Bandini (330 P4 Spider nº 23), Mike Parkes/Ludovico Scarfiotti (330 P4 nº 24) e Pedro Rodriguez/Jean Guichet (330 P3/4, também conhecido como 412 P, nº 26). Os dois primeiros carros eram tão novos que nos primeiros testes, realizados em Daytona, os pilotos sentavam em capas de estofamento compradas em um supermercado próximo ao circuito… Resposta de Enzo Ferrari ao Ford GT 40, o 330 é considerado um dos mais belos protótipos de todos os tempos; após o triunfo da Ford na 24 Horas de Le Mans de 1966, o desempenho desses carros em Daytona teve gostinho de revanche com requintes de crueldade.
O triunvirato de competição do Riparto Corsa de Maranello era composto pelo projetista Mauro Forghieri (que há algum tempo produz um dos melhores vinagres balsâmicos de Modena), o gerente de competição Eugenio Dragoni e o jornalista Franco Lini. Foi de Lini a idéia de que os três carros cruzassem a linha de chegada praticamente lado a lado, um verdadeiro tapa com luva de pelica na Ford, derrotada em sua própria terra.
A receita desta vez não envolve fábricas ou brigas entre David e Golias, como a disputa entre a Ford e a Ferrari era descrita na época: o que faz Daytona interessante é a união de várias categorias em torno de um mesmo fim: possibilitar que profissionais e amadores participem de uma prova disputada e com bom nível técnico. Em outras palavras, algo que poderia ser replicado neste País… Resultado de um trabalho bem planejado, já existe um torneio dedicado aos “clientes” de Daytona antes divididos, principalmente, entre a American Le Mans Series e a Rolex Sports Car Series. Os carros são divididos em quatro classes: Protótipos (identificados pela letra P, são carros Grand Am, Le Mans P2 e Delta Wing homologados a partir de 2014), Protótipos Challenge (PC, chassi Oreca com motores Chevrolet e pneus Continental); GT Le Mans (GTLM, carros de acordo com a regulamentação GTE do Automóvel Clube do Oeste (ACO), promotor das 24 Horas de Le Mans) e GT Daytona (GTD, reúne os Grand Am GT e GX e modelos da Porsche Cup e carros da classe GT3 da FIA). Em provas mais longas o regulamento é alterado para reunir carros de outras categorias e formar um grid mais apropriado a uma corrida longa e melhorando o espetáculo.
Na edição deste ano o brasileiro Oswaldo Negri estreou o protótipo Ligier Honda da equipe de Michael Shank obtendo a pole-position; na corrida o carro quebrou na fase final da prova e o brasileiro ficou em décimo-primeiro. Tony Kanaan, que dividiu um Riley Ford com Jamie McMurray, Kyle Larson e seu companheiro na F-Indy Scott Dixon, saiu-se vencedor; a diferença para o trio formado por Christian Fittipaldi, Joaquim Barbosa e Sébastien Bourdais foi de 1,333 s. Final semelhante aconteceu na classe GTLM: o Corvette de Jan Magnussen, Ryan Briscoe e Antonio Garcia (este último responsável pelo último turno de condução), cruzou a linha de chegada com uma diferença ainda menor sobre o BMW ZA de Dirk Werner, Bruno Spengler e do brasileiro Augusto Farfus Jr: 0,478 s!
Fórmula 1 se movimenta
A Williams segue firme na balada de manter o ritmo de 2014, quando conseguiu reverter uma longa sequência de maus resultados e terminar o ano como terceira colocada entre os construtores. O time de Groove foi o primeiro a apresentar seu modelo de 2015 e já definiu o finlandês Valteri Bottas como o piloto para os dois primeiros dias de testes em Jerez de la Frontera, a partir de 1o de fevereiro; Felipe Massa está escalado para as duas jornadas restantes. Sem dúvida uma forma sensata de iniciar os trabalhos com um novo modelo.
A Lotus divulgou ontem imagens do modelo E23, que marca o início da associação da equipe com a Mercedes-Benz e encerra uma longa colaboração com a Renault. O carro tem linhas limpas e uma aparência leve; o bizarro bico assimétrico do ano passado foi excluído do projeto liderado por Nick Chester, que admite ter conseguido uma eficiência aerodinâmica bastante superior ao modelo do ano passado. Aguarde confirmação para breve, assim como o anúncio de que o inglês Jolian Palmer, recém contatado como piloto reserva, poderá disputar algumas sessões de treinos nas manhãs de sexta-feira. O cronograma de testes pré-temporada prossegue de 19 a 22 de fevereiro e de 26 de fevereiro a 1o de março em Barcelona.
Em busca de agradar seus inúmeros patrocinadores mexicanos e capitalizar no retorno do México ao calendário da F-1, a Force India revelou o esquema gráfico dos seus carros de 2015 ao mostrar um modelo 2014 para uma animada platéia no Museo Soumaya, na capital mexicana. Há rumores que modelo do ano passado estava equipado com o bico que será usado nesta temporada.
A Ferrari mostrou o logotipo do modelo 2015 e divulgou um áudio do ruído do motor que será usado este ano, uma ação que reforça o caminho que Mauricio Arrivabene, o novo líder do Riparto Corsa de Maranello, quer impingir na sua gestão. Ex-executivo de marketing da Philip Morris — que apesar da proibição da publicidade de cigarros segue apoiando a Scuderia —, Arrivabene já tornou público seu apoio à tese defendida por Niki Lauda, aquela que prega uma F-1 com mais emoção.
“Como disse Niki Lauda, o esporte já está perdendo fãs. Espero que em 2017 o público possa estar mais próximo de carros mais bonitos e que possam produzir um som como o de uma banda de heavy metal. Não será uma tarefa fácil, mas uma que exigirá mudanças radicais: motores mais potentes, sem gastar mais, mais velocidade e restringindo componentes caros que não tem nenhum apelo junto aos fãs.”
A Scuderia, que contratou o espanhol Toni Cuqurella para supervisionar os engenheiros Dave Greenwood (Kimi Räikkönen) e Riccardo Adami (Sebastian Vettel), anunciou também que o piloto alemão terá privilégio sobre o finlandês no início dos testes, o mesmo acontecendo com Fernando Alonso em relação a Jenson Button no que diz respeito ao novo McLaren MP4-30, carro que marca a troca dos motores Mercedes-Benz pelos da Honda. Como que a diluir a ligação com a marca alemã, o site da equipe de Woking está promovendo uma liquidação de roupas e outros produtos de merchandising que trazem a estrela de três pontas.
Streiff e FIA
O francês Philippe Streiff, que ficou tetraplégico após sofrer um acidente durante treinos de pré-temporada de 1989 no autódromo de Jacarepaguá, no Rio, admitiu que se deixou levar pela emoção durante uma entrevista quando acusou Jean Todt e Gerard Saillant de encobrir as reais causas do acidente de Julian Bianchi no GP do Japão. O conteúdo da retratação emitida por Streiff usa termos mencionados no comunicado emitido pela FIA para anunciar a disposição da entidade e do médico francês em processar o ex-piloto por calúnia e difamação.
Monte Carlo: Ogier vence para a VW
Os “Tiões” franceses Ogier e e Loeb dominaram o Rali de Monte Carlo, prova que abriu o Mundial de Rali deste ano. O piloto da VW acabou levando a melhor e venceu pela segunda vez consecutiva a clássica prova, enquanto o piloto da Citroën viu suas chances brutalmente reduzidas quando saiu da pista na nona etapa, no segundo dia do evento. Loeb foi chamado para uma participação especial voltada para promover a marca DS, que ganha corpo como uma divisão mais sofisticada do fabricante francês. O Mundial de Rai prossegue com o Rali da Suécia, de 12 15 de fevereiro.
WG