Uma das matérias que não me foi possível terminar em 2014 foi a “no uso” de dois Renault Sandero que tive a oportunidade de testar. Cheguei a fazer as fotos e vídeos, mas os textos não saíram a tempo. O Bob já explorou muito bem as principais características dessa última atualização do Sandero, que ocorreu em julho de 2014, em duas matérias bem completas, porém o Stepway ainda não havia sido lançado. E para não demorar ainda mais com esses “no uso” vou focar mais nos vídeos e nas fotos do que no texto. O que ainda fica faltando, e que muitos leitores já pediram, é um “no uso” com o a nova caixa robotizada Easy’R, de cinco marchas. Faremos um teste dessa caixa assim que a Renault nos disponibilizar um carro com ela (estamos pedindo há dois meses).
Os textos mais completos do Bob estão aqui: Renault Sandero, evolução dois, e Renault Sandero Authentique, de volta ao básico.
O Renault Sandero é um carro de muito sucesso. É o Renault mais vendido no Brasil com aproximadamente 82 mil unidades vendidas de janeiro a novembro de 2014 (o Logan vendeu 41 mil no mesmo período) A versão Stepway corresponde a 30% das vendas. O principal destaque dessa nova geração é o novo desenho da carroceria, que deixou o Sandero muito mais bonito. A nova carroceria, com o aumento das bitolas, deixou o carro com aspecto mais encorpado. Suas linhas são suaves e os leves vincos nos pára-lamas completam sua personalidade. Eu acho que essa nova frente da Renault também ficou muito bem acertada.
O Stepway também ficou muito mais interessante com o novo desenho. Graças a Deus a Renault não inventou de colocar o estepe na tampa traseira apesar de o Stepway ter mais o jeitão de suve do que os outros aventureiros concorrentes. Eu sou totalmente contra o estepe lá na tampa por várias razões, como acesso mais difícil ao porta-malas, mais peso, mais fonte de ruídos e uso como proteção da traseira (como os imbecis fazem com engates), que em várias situações pode danificar o carro parado logo atrás durante manobras de estacionamento.
O aventureiro tem altura do solo elevada em 40 mm, passando de 150 mm das versões normais para 190 mm. Isso é excelente para a corrida de obstáculos nos centros urbanos e para quem adora uma posição de direção mais elevada — o que de fato é uma das razões de compra do Stepway. O primo Arnaldo, que teve a chance de andar com um pouco mais de entusiasmo se queixou que a altura elevada do Stepway o deixa menos preciso. Mas o comportamento geral é muito bom, suave, e livre de ruídos. E o aumento das bitolas, em 33 mm na frente e 25 mm na traseira, deixa o carro mais plantado, mais estável. Além disso a Renault adicionou coxins no subchassi dianteiro e melhorou todo o embuchamento da suspensão. Isso vale também para o Dynamique. Ambos são muito confortáveis. O Stepway tem pneus 205/55R16 para asfalto enquanto o Dynamique tem acertados 185/65R15.
Em ambos os modelos tetados o interior é muito agradável e aconchegante. A Renault fez um belo trabalho, mesmo que seja notável uma certa contenção de custos como, por exemplo, a simplicidade do painel e a falta de tecido nas portas. Mas, em compensação, o sistema multimídia, incluindo o navegador, é de série no Stepway e a qualidade construtiva do interior é muito boa, causando uma sensação de bem estar. Bem melhor que na geração anterior. A posição de dirigir, embora mais elevada, é muito boa em termos de ergonomia e visibilidade. E o espaço interno é um do trunfos do Sandero sobre todos os concorrentes. É maior que muitos carros de segmentos superiores. E quem vai atrás também se dá bem. O espaço para as pernas parece reduzido, mas não é. O assento é bem maior que nos concorrentes e tem um excelente apoio.
Um dos pontos que eu tenho alguma ressalva nos dois modelos é o motor. Em termos de números e comparativos com os principais concorrentes ele vai bem. Trata-se de um 1,6-L de oito válvulas de 98 (G)/106 cv (A) que, de fato, atende bem ao uso cotidiano, mas, como o Bob disse, não tem o brilho do extinto 16-válvulas de 107/112 cv. Eu imagino que a Renault tenha optado por aumentar o nível de equipamentos em detrimento do motor 16-válvulas porque a grande maioria dos consumidores prefere isso. É uma fórmula muito usada pela Fiat também. E de fato, eu fiquei pensando muito no assunto levando em consideração o que escuto da minha esposa quando ela está ao volante. Concluo que a grande maioria se satisfaz bem com um desempenho mais normal, onde mais ou menos todos os carros ficam. Mas quando as pessoas dirigem algo com “mais pegada”, com respostas do acelerador um pouco mais vigorosas, sempre sorriem e percebem a diferença. Esse tipo de sensação é um pouco intangível e muito difícil de atribuir um valor que seria adicionado ao preço do carro para compensar o maior custo.
Mas o que eu realmente não gostei é a calibração do acelerador. Alguns fabricantes adotam uma configuração que eu acho até perigosa, que segura a rotação do motor quando se alivia o pedal do acelerador. Isso é feito para melhorar, ou diminuir, o nível de emissões de gases. Mas é muito desconfortável. Quando eu alivio o acelerador eu desejo que o freio-motor entre imediatamente. E em algumas circunstâncias, em ambos os Sandero que andei, e no Uno Way também, o carro acelera. Senti um friozinho na coluna algumas vezes em que aliviei o pé direito!
A caixa manual de cinco marchas é excelente. Já discutimos aqui o fato dela ainda usar varão no acionamento. Mas garanto que isso não é nenhum demérito, pois os dois modelos mostraram precisão e conforto. A direção de assistência hidráulica me causou alguma estranheza. Acredito que tenha me acostumado com a precisão e suavidade das elétricas.
O Sandero Dynamique parte de R$ 44.200. O modelo testado tem pintura metálica, azul Techno, por mais R$ 1.200 e o pacote Techno Plus (inclui o sistema multimídia, ar-condicionado automático e sensor de estacionamento) por R$ 1.800 levando o preço total para R$ 47.200. O Stepway parte de R$ 49.310 e com a adição da pintura metálica laranja Step, por mais R$ 1.200, chega a R$ 50.510. Podemos concluir que todas as diferenças do Stepway em relação ao Dynamique completo valem R$ 3.310 ou aproximadamente 7%. Esse é o preço de ser aventureiro e mais descolado.
Dynamique / Stepway
Gostei: espaço interno, conforto, sistema multimídia, desenho da carroceria (especialmente do Stepway)
Não gostei: calibração do acelerador, qualidade do áudio
Sandero Dynamique: vídeo e galeria
Sandero Stepway: vídeo e galeria
FICHA TÉCNICA NOVO RENAULT SANDERO | ||
Stepway | Dynamique | |
MOTOR | 1,6 8V High-Power | |
Tipo | 4 tempos, 4 cilindros transversais em linha, comando de válvulas no cabeçote, correia dentada, atuação indireta, bloco de ferro fundido, cabeçote de alumínio | |
N° de válvulas | 8 | |
Cilindrada (cm³) | 1.598 | |
Diâmetro x curso (mm) | 79,5 x 80,5 | |
Taxa de compressão (:1) | 12 | |
Potência (cv.rpm) (G e A) | 98/5.250, 106 /5.250 | |
Torque (m·kgf/rpm) (G e A) | 14,5/2.850, 15,5/2.2850 | |
Formação de mistura | Injeção eletrônica seqüencial | |
Combustível | Gasolina E20 a 25 e/ou álcool | |
TRANSMISSÃO | ||
Câmbio | Transeixo dianteiro manual de 5 marchas | |
Relações das marchas (:1) | 1ª 3,73. 2ª 2,05; 3ª 1,32; 4ª 0,97; 5ª 0,76; ré 3,55 | |
Relação do diferencial ):1) | 4,36 | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular inferior, mola helicoidal e amortecedor hidráulico | |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor hidráulico e barra estabilizadora | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica | |
Voltas entre batentes | 3,4 | |
Diâmetro de giro (m) | 10,5 | 10,6 |
FREIOS | ||
Dianteiros (Ø mm) | A disco ventilado, 259 | A disco ventilado, 258 |
Traseiros (Ø mm) | A tambor, 203 mm | |
Circuito hidráulico | Duplo em “X” | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Alumínio 5,5Jx16 | Alumínio 5J x15 |
Pneus | 195/60R16 | 185/65R15H |
Tipo | Continental Cross Contact | Bridgestone Turanza |
DIMENSÕES (mm) | ||
Comprimento | 4.091 | 4.060 |
Largura | 1.751/2.000 com espelhos | 1.733 |
Altura | 1.578/1.640 com barras de teto | 1.536 |
Distância entre eixos | 2.588 | 2.590 |
Distância mín. do solo | 185 | N.D. |
AERODINÂMICA | ||
Cx | N.D. | 0,35 |
Área frontal (m², calculada) | 2,21 | 2,13 |
Área frontal (m², corrigida) | N.D. | 0,745 |
PESOS (kg) | ||
Peso em ord. de marcha | 1.117 | 1.055 |
Carga útil | 388 | 450 |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas | 320 a 1.196 | |
Tanque de combustível | 50 | |
DESEMPENHO | ||
Acel. 0-100 km/h (s, A e G) | 11,5 e 11,1 | 11,2 e 11 |
Veloc. máxima (km/h, A e G) | 177 e 179 | |
ÂNGULOS | ||
Entrada (graus) | 19 | N.D. |
Saída (graus) | 19 | N.D. |
CONSUMO (Inmetro/PBEV) | ||
Cidade | Não informado | |
Estrada | Não informado | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 5ª (km/h) | 35,4 | 35,04 |
rpm a 120 km/h, 5ª | 3.390 | 3.430 |
rpm à veloc. máxima, 5ª | 5.050 | 5.100 |
MANUTENÇÃO | ||
Revisões/troca de óleo | A cada 10.000 km ou 1 ano | |
GARANTIA | 3 anos ou 100.000 km |