A Land Rover anunciou ontem o lançamento do novo Discovery Sport no Brasil com início das vendas em 16 de abril. Inicialmente importado da Inglaterra, o suve que substitui o Freelander será fabricado no Brasil em Itatiaia (RJ) a partir do início de 2016.
Com o lançamento do Evoque no Salão de Paris de 2010, a Land Rover criou uma submarca a partir do tradicional modelo Range Rover (1970), tanto que o Evoque é, na verdade, o Range Rover Evoque. A linha Range Rover atual conta com o Range Rover (deixou de ter o “sobrenome” Vogue em 2013) e o Range Rover Sport, ambos voltados para o luxo e sofisticação. Com o lançamento do Discovery Sport, agora a Land Rover tem uma segunda linha, a Discovery, que juntamente com o próprio Discovery é mais voltada ao lazer e viagens. Ainda haverá a linha Defender, quando o novo Defender for lançado (o modelo atual, de 1948, deixará de ser fabricado no final de 2015), esta voltada ao fora-de-estrada. Essas submarcas causam alguma confusão, principalmente no Evoque, que tem o nome completo de Land Rover (marca) Range Rover (modelo) Evoque (submarca). Mas dá para entender facilmente a estratégia de emprestar os nomes dos ícones da marca (Range Rover, Discovery e Defender) para os novos modelos e assim ganhar um rápido reconhecimento do mercado.
O Discovery Sport deriva do Evoque, que por sua vez vem de uma origem Ford, assim como o motor 2-litros EcoBoost. Mas as modificações técnicas devem ser tantas que essa herança talvez nem mereça ser destacada. O principal diferenciador do Discovery Sport é que ele é um 5+2, ou seja, tem sete lugares, em um tamanho mais comedido (comprimento de 4.599 mm), pois é 100 mm menor que um Toyota SW4 e 115 mm menor que um Hyundai Santa Fé, modelos de sete lugares que também são concorrentes, além dos modelos BMW, Audi e Mercedes. Os bancos da última fileira são pequenos (mas usáveis) e opcionais, dependendo da versão.
O motor é o mesmo que equipa o Evoque, um 2-litros turbo de 240 cv a 5.900 rpm e excelentes 34,7 m·kgf de 1.800 a 4.000 rpm. O modelo básico pesa 1.841 kg e acelera de 0 a 100 km/h em bons 8,2 s. Por enquanto este é o único motor, mas a Land Rover já informou que o diesel deve ser lançado ainda este ano. A caixa é a conhecida automática epicíclica ZF de 9 marchas. Como não há uma caixa de redução, útil e necessária para o uso fora-de-estrada, a primeira é bem reduzida (marcha de força, crawler) e não é usada em condições normais. O carro parte em segunda. Ele também é equipado com o sistema Terrain Response, já uma tradição da marca, que adapta as configurações de tração, aceleração e torque de acordo com o tipo de terreno em que se trafega: normal, grama/neve/cascalho, lama, areia, e o modo Eco, que prioriza a economia de combustível.
Como todo Land Rover a vocação para uso fora-de-estrada é impressionante com capacidade de passagem em água com altura de até de 600 mm (praticamente com as rodas submersas), ângulo de ataque de 25°, ângulo de saída de 31° e ângulo de rampa ou vão central de 21°. A suspensão dianteira é McPherson e a traseira uma multibraço compacta, para livrar mais espaço interno para a terceira fila de bancos. A direção tem assistência elétrica variável. Nas fotos de testes de desenvolvimento e aprovação, na galeria abaixo, podemos observar bem as capacidade do Discovery Sport. Mas uma grande parte de seus donos não deve chegar nem perto das condições para qual ele foi projetado. Uma pena, pois suves de verdade como esse merecem ser usados assim!
O desenho externo segue a nova identidade da marca e tem um perfil um pouco mais esportivo que o irmão maior, o Discovery, que é elegantemente bem quadradão. O interior é caprichado e muito bem executado, mas sente-se a diferença em relação ao Evoque, que é mais sofisticado. Infelizmente não havia veículos para testar, permitindo uma avaliação mais completa.
Com a introdução do programa governamental Inovar-Auto em 2012 e a elevação do IPI em 30 pontos porcentuais para carros que não cumpram exigências de processos de produção e de conteúdo local, as marcas de luxo não tiveram outra escolha a não ser investir no Brasil. Tanto é que há novas fábricas da BMW, Audi e Mercedes-Benz. Mas infelizmente o alto investimento, a baixa escala e ainda o grande conteúdo importado não permitem um posicionamento de preços mais favorável. A vantagem se resume em evitar os 30 p.p. adicionais do IPI. Em 2015 a Land Rover espera vender 6.000 unidades dos modelos importados. A fábrica que está sendo construída, fruto de um investimento de R$ 750 milhões, terá capacidade para 24.000 unidades/ano. No entanto. o Discovery Sport deve ocupar em torno de 10.000 unidades. O restante da capacidade pode ser usado para outros modelos, inclusive o novo Jaguar XE, mas sem nenhuma confirmação.
O Discovery Sport está disponível em 3 versões: SE (R$ 179.900), HSE (R$ 202.900) e HSE Luxury (R$ 232.000). As duas primeira tem 5 lugares com a opção de 7 pelo preço de R$ 5.000. E para atacar um dos principais temores de quem pensa em comprar carros de marcas de luxo, a Land Rover está lançando um plano que cobre trocas de óleo e filtro, filtros de ar e combustível, fluido de freio e mão de obra das revisões por cinco anos e custa R$ 990. Por enquanto esse plano vale a penas para o Discovery Sport. Mas já é um começo.
Também está sendo lançado o programa Approved, que contempla a venda de veículos seminovos certificados pela Jaguar Land Rover que visa a garantir qualidade nos veículos usados da marca comercializados na sua rede de concessionárias. O programa prevê que os modelos com até 5 anos de uso ou 125 mil quilômetros rodados, incluindo blindados, sejam submetidos a uma revisão completa com a verificação completa de 144 itens como sistema de freios, condições dos pneus, funilaria e pintura, suspensão, motor, câmbio, entre outros. Uma vez aprovados eles poderão receber o selo de certificado de qualidade Approved. Com o certificado,os veículos passam a ter garantia total de 24 meses ou 50 mil km, além de assistência 24-horas em todo o território nacional. Isso com certeza trará um pouco mais de segurança para os consumidores que desejam entrar para a marca pela porta dos usados.
Outro plano interessante que esta sendo lançado, por enquanto apenas para a linha Evoque, é o Access, um plano de financiamento que prevê a recompra garantida do veículo após 24 meses, por um valor mínimo garantido. Muitas marcas já têm esse tipo de plano. Ele é bom, pois diminui bastante a insegurança quanto à desvalorização que muitos consumidores têm, além de facilitar o ingresso nesse mundo do luxo. Com o Access há uma entrada 20% com o saldo restante dividido em 24 prestações fixas e com o pagamento de 50% do valor do veículo na última parcela. No momento do pagamento da parcela final o cliente tem a opção de recompra garantida pelo concessionário Land Rover e pode utilizar esse valor para quitação da parcela final ou entrada para qualquer outro modelo das marcas Land Rover ou Jaguar. O programa Access deverá ser estendido aos demais modelos das duas marcas.
Com produção local e uma pressão por volumes, todos esses planos são necessários para aumentar a confiança dos potenciais consumidores. Vamos agora esperar por um teste bem aventureiro com o Discovery Sport e uma matéria completa. Essa eu mesmo quero fazer! Depois de ver as paisagens das fotos abaixo, acho que estou começando a gostar mais de suves (!?)…
PK
Fotos: divulgação