Volkswagen criou série especial Dark Label para seu picape Amarok. Moda mundial, à venda na Argentina, Europa e Brasil. Na prática, cota nacional de 1.000 unidades sobre a versão intermediária Trendline, coisa para arranhar os R$ 140 mil. Detalhes pintados em preto fosco – arco de proteção (“santantônio”), estribos, maçanetas, vidros e lanternas escurecidos, faixa externa indicando a versão. Interior refinado combina couro Alcantara e tecido.
Amarok, hoje 3° picape mais vendido, intocado há cinco anos, faz séries especiais enquanto se reestiliza, necessitando atualização ante seus concorrentes.
Veículo de dotação curiosa, com corajoso motor diesel da marca, 2,0 biturbo, gerando 180 cv, e 42,8 m·kgf de torque câmbio automático de 8 marchas para as versões luxuosas, cabine dupla, e caixa manual de 6 marchas para as de trabalho. Há a curiosidade de, como informa a VW, ter a maior capacidade de ascensão — sobe a 48 graus de inclinação, proeza de jipe. Além, o maior pacote de eletrônica em seu segmento. De tais dotações avultam o freio ABS especial para estradas sem pavimento; outro para permitir arrancar em piso sem aderência; o freio automático por 2 segundos para arrancar em subidas; bloqueio eletrônico para o diferencial, freando a roda sem aderência, uma compensação ao eixo rígido traseiro; luz estática para conversões. É safo e valente.
Dentro do cenário de incoerência pintado nos picapes grandes e caros, o pacote de decoração é automobilístico, cuidado, à altura do comprador, usualmente condutor pelas agruras dos shoppings e restaurantes. Talvez por isto os comandos para tração e regulagens específicas sejam botões eletrônicos, a meu ver coisa femino-boiola. Carro com testosterona deve usar ferros para engatar e desengatar diretamente, anulando os mil contatos, sensores, fiozinhos, conexões, todos sujeitos a panes e avarias desconhecidos nos sistemas por alavanca. No tema, a mudança de marchas na caixa automática faz-se na alavanca, exigindo tirar a mão direita do volante. Pelo preço e pretensão deveria ser em alavanquinhas sob o volante.
A desitalianização do automóvel
Governo chinês confirmou, uma de suas empresas, a China National Chemical Corp (ChemChina) comprará os 26,2% detidos pela holding italiana Camfin, controladora da Pirelli. Após irá a mercado comprar o restante, e sairá da bolsa de valores. Estima-se o valor em € 7,1B, mais dívida de € 1B.
A Pirelli faz parte da identidade automobilística da Itália. Longa história de tecnologia e esportividade, primeira sócia na formação da Ferrari.
Mais
Pininfarina, ícone de projeto, design e construção automobilística, conta a agência Bloomberg, negocia a venda da holding Pincar, acionista maior da empresa. Que não vai bem de finanças, escriturando prejuízo em 10 dos últimos 11 anos. Os outros sócios são banqueiros detentores de ações criadas por créditos irrecebíveis. A interessada na aquisição é a indiana Mahindra.
Pininfarina era a última independente entre as grandes casas de estilo italianas. Sobrevivente anterior, a Italdesign, exdo mago Giorgetto Giugiaro, agora é Volkswagen.
Muito trabalho a fazer. Mahindra produz utilitários baseados nas velhas Rural Willys, ônibus, caminhões, tratores, todos com, digamos generosamente, descompromisso estético. A SSangYong, coreana, é recém-controlada pela Mahindra, mas tem independência em design e conteúdo.
Entre dívidas e empréstimos,160 milhões de euros puxam a empresa para baixo.
Esvaziamento
O que resta à Itália de seu passado glorioso em estilo e performance?
Pouco, muito pouco. A onda de globalização, o fim do glamour do automóvel com estilo personalizado, a onda de pasteurização e democratização adotada pela indústria automobilística, levou ao fim, por inanição, as grandes casas de estilo — Zagato, Superleggera, Touring, Bertone, Alemano, Fissore etc.
De fabricantes, quase todos os ícones italianos foram absorvidos — a Fiat tomou conta de quase todos —, ou fecharam. Sobrevivente, Lamborghini agora é Volkswagen, o acervo da De Tomaso foi comprado por empresa de Luxemburgo, e o movimento chegou às motocicletas. Para aprender a fazer fundição leve — outro departamento de brilho para a indústria italiana — de motores e transmissões, Volkswagen comprou a Ducati; Daimler (Mercedes-Benz) assumiu 25% da MV Agusta; e PSA Peugeot Citroën associou-se à Bimota.
De situações com resultados de difícil avaliação, a poderosa Fiat, tendo absorvido a ex-terceira grande norte-americana, a Chrysler, não é mais italiana. Mudou seu domicílio empresarial para a Holanda. Na virada do século a Itália era o quarto mercado mundial. Ano passado não estava entre os 10 maiores.
O que resta à Itália de suas marcas outrora identificando sua cultura motor?
Pouco. Motonetas Vespa, freios Brembo, Magneti Marelli, Sogefi e suas molas em compósito.
A desnacionalização, como perda de identidade cultural, ocorre com a Itália, como se deu com a indústria de autopeças no Brasil há duas décadas. Insensibilidade do governo, ausente em política pública para o setor, permite fechamento, crises e vendas de empresas-símbolo, presença de capital e, até, decisões estrangeiras em empresas operando em seu solo.
Mercedes confirma picape
Notícia da Coluna há ano e meio, foi confirmada por Volker Mornhinweg, executivo-chefe da divisão de vans da Mercedes-Benz: fará picape com capacidade de carga de 1 t, cuidados de conforto, aparência, decoração e rodar próximo a automóvel, demanda do nascente segmento mundial. A informação aqui publicada previa — confirmada por executivos argentinos — construção sobre a estrutura mecânica da van Vito, em produção no vizinho país, motor diesel pequeno, vocação para melhor aceleração e velocidade em lugar de deslocamento de carga. Tração dianteira, possibilidade 4×4. Mercados visados são Alemanha, Austrália, América Latina e África do Sul.
Novidade confirmada por Dieter Zetsche, presidente executivo da área de automóveis, com a missão de resgatar o primeiro lugar nas vendas do segmento Premium. Hoje a Mercedes é terceira posição, em briga embolada com Audi e BMW. Vans na Mercedes estão sob o guarda-chuva da área de automóveis.
RODA-A-RODA
Alarme – Queda de valor do real frente ao dólar dos EUA traz conseqüências extra-fronteiras. No Uruguai a retração do mercado brasileiro para automóveis 0-km influencia na montagem dos chineses Chery e Lifan. Operação no vizinho país tem como maior cliente o Brasil, seguido da Argentina.
Tropeço – Crise econômica argentina impõe barreiras de importação, e assim Chery, por sua associada Socma, parou a produção. Lifan estuda seu futuro.
Bom – Ruim para o Uruguai, bom para o Brasil? Fonte do setor diz, delegação econômica da Lifan vem ao país analisar cenário, futuro, eventual fim da operação uruguaia, e investimentos para produção local.
Solução – Na pauta definições sobre o futuro com fábrica própria ou ajustes com a Chery, outra chinesa às voltas com muita ociosidade na capacidade de produção em sua usina recentemente inaugurada em Jacareí, SP.
Extremo – Uma das melhores ferramentas da mobilidade ganhou atualização. É o Unimog, o Mercedes rotulado Extreme Off-Roader. Motor e tomada de força recuados, cabine mais confortável. 8 marchas para a frente, 6 para trás, velocidade mínima de 2,5 km/h com dedicação total na tração. Novidade maior, entrosamento industrial com os caminhões da marca.
Prêmio – Kias Soul EV e Sorento foram “Vencedor” e “Menção Honrosa” no Red Dot Awards, maior certame de design no mundo, neste ano com 5.000 concorrentes. Kia já recebeu 13 Red Dots desde 2009, quando se diferenciou pela preocupação com o design, alavancando vendas.
up! – VW acertou a data de apresentação do up! com turbocompressor no tricilíndrico motor 1-L: julho. Sob o capô tropa de 100 a 115 cv. Marca não quer deixar o rótulo de fazer os 1-L mais potentes do mercado, conquista no lançar os 1-L turbo no Gol, mas não busca resultado performático, mas uso prazeroso. Daí, não o batizará Turbo ou GT. Talvez RS.
2º. Tempo – Renault maquiou o Duster, 2° SAV mais vendido no país, em pára-choques, grade frontal e grupo óptico – atrás lâmpadas de LED, retocando o interior, incrementando a eletrônica de lazer. Motores revistos: 2-L ganhou 6 cv — agora 143/148. No 1,6, 1 m·kgf de torque — 14,5 m·kgf. Inicia o segundo de tempo da vida do produto.
Novo tempo – Segmento será o mais disputado em 2015: expansão prevista em 40%, contra retração nos demais; dois novos concorrentes pontuais, Honda HR-V e Jeep Renegade, e do periférico Peugeot 2008. Nada será como antes.
Crença – Unique SG, concessionária SSangYong na Barra da Tijuca, Rio, RJ, fez festa e apresentou modus operandi da empresa e nova linha de produtos da marca. Obras de arte, jardim, conforto ao cliente, sócios Paulinho Peres e Rafael Bechelin, contornam a retração do mercado com a diferenciação.
Moto – Italiana Ducati exporta mais dois modelos ao Brasil: muita eletrônica — acelerador, programas de condução, tela contando todos os acertos, freios, controle de tração. Mecânica comum, V-2, 1.198 cm³, 4 válvulas por cilindro. 1200, 135 cv. S, 145 cv. Para barato não servem: R$ 64.900 e R$ 73.900.
Motolet – Empresa paulista passa o rodo no estoque de grandes marcas e cria o primeiro outlet de roupas, equipamentos e acessórios para motociclismo. Diz, no espírito do negócio, descontos de até 70%. Aqui: www.outletmoto.com.br
Eco – Scania implantou processo de pintura em prédio com 8.000 m². Automatizada, reduz perdas, gasto de material menor em 40%, e tempo. Luz por 400 LEDs, ventilação positiva, eliminação dos resíduos por queima, com calor reaproveitado em estufas. Tempos novos, de ecologia e economia.
Talismã – A japonesa de velas de ignição NGK vê-se sob ópticas diferentes: é apenas mais uma investidora, recente patrocinadora da equipe Ferrari de Fórmula 1, ou portadora da sorte?
Cenário – Na primeira corrida com seu adesivo, Sebastian Vettel vitoriou na segunda prova da temporada, o GP da Malásia. Vettel nada ganhava há ano e meio, e a Ferrari não via o degrau superior do pódio há dois.
Retíficas RN – Na Coluna passada uma impropriedade: a tinta Sikkens, ora aplicada a reparos em Toyotas, não é PPG mas Akzo Nobel.
Gente – Carlos Santiago, engenheiro, 40, sossego. OOOO Novo diretor de produção de caminhões Mercedes-Benz, em São Bernardo do Campo, SP e Juiz de Fora, MG. OOOO Antes era Fiat, tomando conta de tratores e colheitadeiras no Brasil, Argentina e Venezuela. OOOO
RN
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