Da Automotive News:
19/05/2015 – Após meses de pressão das autoridades americanas, a Takata Corp. admitiu que seus infladores de bolsa inflável aplicados em aproximadamente 34 milhões de veículos são defeituosos, uma decisão aumenta enormemente a abrangência da crise da bolsa inflável e pode levar a uma das maiores convocações por um problema de segurança da história dos EUA.
A admissão da Takata marca um reviravolta em sua longa recusa em declarar que os infladores tinham defeito.
Desde 2008, quando os primeiros veículos foram convocados em razão de infladores da Takata poderiam se romper num acidente e pulverizar ocupantes com estilhaços metálicos, o fornecedor atribuiu o problema a uma série de erros de fabricação e manipulação do material nas fábricas da empresa que ela diz ter corrigido nesses anos.
O fato marca também uma vitória da Administração Nacional de Segurança de Tráfego Rodoviário (NHTSA, a sigla em inglês), que foi criticada por agir muito lenta e timidamente na convocação da Takata e na do ano passado relativamente aos interruptores de ignição defeituosos em carros da General Motors.
As autoridades americanas começaram a aumentar a pressão sobre a Takata no ano passado ao declararem que seus infladores eram defeituosos, em razão do aumento do volume de comunicações sobre lesões e mortes ao ponto de afetar milhões de veículos.
“Até agora a Takata se recusava a admitir que suas bolsas infláveis tinham defeito.’, disse o Secretário de Transportes dos EUA Anthony Foxx numa entrevista coletiva de imprensa para anunciar a ampliação da ação. “Isso mudou hoje.”
Detalhes em breve
Os fabricantes deverão detalhar nos próximos dias que marcas e modelos de veículos estão afetados em convocações voluntárias para infladores do lado do passageiro, disseram executivos do órgão numa entrevista coletiva de imprensa hoje. O número de veículos convocados pode também mudar à medida que forem chegando mais informações, disseram.
Cerca de 16 milhões dos 33,8 milhões de veículos citados no anúncio de hoje representa uma expansão em nível nacional das convocações para infladores do lado do passageiro que eram limitadas a áreas de alta umidade relativa do ar. Convocações de nível nacional para a bolsa do lado do motorista também crescerão de 9 milhões para cerca de 17 milhões
O fluxo de substituição das peças será priorizado segundo o risco, como parte do processo legal que a NHTSA anunciou hoje. A prioridade deverá ser para veículos mais velhos que rodam em regiões de elevada umidade, uma vez que exposição prolongada em climas quentes e úmidos é tido com fator causador da explosões de infladores.
Mark Rosekind, chefe da NHTSA, disse que sua agência realizaria seus próprios testes e os validaria para terceiros, para garantir que as peças de reposição são “totalmente seguras.” Ele admitiu que o processo pode levar anos.
Bolsas de substituição
A substituição das bolsas defeituosas será ainda mais desafiadora para a indústria automobilística, que já vem enfrentando fornecimento reduzido de peças de reposição, uma vez a que a Takata, bem como concorrentes como Daicel, TRW e Autoliv estão procurando aumentar a capacidade de produção dessas peças.
Numa atitude de concordância com o órgão, a Takata também prometeu cooperar com “todas futuras ações regulatórias que a NHTSA leve a efeito nas investigações e inspeção na Takata em andamento, segundo uma declaração do Departamento de Transportes dos EUA.
Com parte do acordo de concordância, a NHTSA suspendeu os US$ 14.000 por dia de multa que havia imposto à Takata desde fevereiro sob a alegação de não cooperar com a investigação do órgão. Não foram anunciadas multas hoje, mas futuras são possíveis dependendo do resultado da investigação sobre os defeitos da Takata.
Testes da Takata, fabricantes e pesquisadores independentes ainda não chegaram à conclusão sobre a causa principal do mau funcionamento. Mas a NHTSA disse que suas análises dos resultados dos testes apontam a exposição à umidade por longo período de tempo como fator.
Shigehisa Takada, presidente e executivo-chefe da Takata, disse numa declaração: “Estamos contentes de termos chegado a esse acordo com a NHTSA, a qual mostra um claro passo à frente no melhorar a segurança e na restauração da confiança dos nossos clientes fabricantes e do público que dirige carro. Temos trabalhado extensivamente com a NHTSA e nosso clientes da indústria desde o ano passado para colher e analisar uma enorme quantidade de dados de teste num esforço de apoiar ações que sejam úteis para todos os envolvidos e, mais importante, para a segurança do motorista. Estamos comprometidos a continuar a trabalhar em conjunto com a NHTSA e nos fabricantes-clientes para fazer tudo o que pudermos para aumentar a segurança dos motoristas.”
Takada disse que o potencial para degradação de longo termo dos infladores das bolsas infláveis não estava dentro da abrangência sugerida pelas fabricantes.
A Honda disse numa declaração que muitos dos infladores envolvidos na admissão de defeito da Takata já haviam sido incluídos em ações de correção ou convocações. A fabricante disse estar revendo a informação divulgada hoje para determinar que novas ações podem ser necessárias para garantir ainda mais a segurança dos clientes.
Resposta do legislador
A admissão e acordo da Takata com a NHTSA foi aplaudida pelos legisladores dos EUA. Os senadores americanos Edward Markey, D-Massachusetts, e Richard Blumenthal, D-Connecticut, criticaram pesadamente a decisão de limitar muitas das convocações da Takata a regiões de alta umidade, e aplaudiram a NHTSA por expandir as convocações ao nível nacional.
“Estamos satisfeitos por a NHTSA estar tomando esses passos há tempo devidos para proteger motoristas e passageiros e por a Takata ter de cooperar com a investigação em curso desta tragédia.”, disserem os dois legisladores numa declaração conjunta.
Ae/BS