A Fiat Chrysler Automobiles continua sendo o eixo para tentativas uniões entre fábricas de veículos. Sergio Marchionne, o chefe absoluto, o ítalo-canadense autor da corajosa investida de sobrevivência sobre a Chrysler, somou as duas companhias e projeta vender 7M de unidades em 2018. Aposta na expansão mundial da marca Jeep, no ressurgir da Maserati e da Alfa Romeo. Tal volume colocará a FCA em 6º. lugar mundial de vendas.
Em 2009 Marchionne vaticinava, a disparada na competição pelo mercado, a insustentabilidade dos custos de desenvolvimento, e a queda de rentabilidade, apenas permitiriam a sobrevivência de grupos com vendas anuais de 5M. Tempo passou e hoje projeta, tal volume para o nível de equilíbrio tenha dobrado. Na prática repete, décadas após, movimento no mercado americano e no europeu — fusão de marcas em nome da sobrevivência.
Para união ou fusão somar 10M de unidades anuais listagem descarta atuais líderes Toyota, Volkswagen, GM, Ford, Hyundai-Kia, Renault-Nissan. Maior entre as menores, Peugeot e Citroën – PSA, em fase de arrumação entre gerir prejuízos, quedas no mercado e o convívio do impensável: empresa familiar sócia do estado francês e da chinesa Dongfeng.
Indiana Tata, insondável, é de produtos antagônicos: os Tata para início de motorização, e os Land Rover e Jaguar, destinados a Sahibs e Bwanas. Na primeira página da agenda da FCA estão Honda e Suzuki. Entretanto, fusões entre ocidentais com orientais tem a separá-las a pantanosa área do desencontro de filosofias. Assim os contatos de proatividade são mantidos, mas não excluem outros como Mercedes e BMW. Negócios com a Volkswagen, objeto de muita mídia há dois anos, fora do campo prático: seu nº. 1 se demitiu, sacudiu a empresa, e substituto formal apenas em outubro.
Outro caminho já sugerido pela FCA é associar-se, para fornecer a parte automobilística aos magos da eletrônica Apple, Google, querendo entrar no mercado de automóveis; e Tesla, maior dos produtores de elétricos.
Enfim, se nos últimos anos o mercado mundial passou por grandes mudanças: perda da liderança norte-americana para a Toyota; encolhimento da GM, absorção da Chrysler, pânico na PSA. A globalização e a competitividade prometem novas e rápidas mudanças. No funil da economia entram muitos, saem poucos, e isto significa que a FCA não é a única noiva da temporada.
Mercado parado, mas com novidades
Para o Brasil, o ano de 2015 é o ano do Trem Fantasma: cada curva um susto. Índices anti-econômicos em crescimento e a mais absoluta falta de consciência, direção e ideia consistente do governo para mostrar iniciativa de corrigir as trapalhadas lulopetistas do governo Dilma1. O poder pelo poder, exercitado sem educação, cultura ou conhecimento, custa caro aos pagantes.
Mercado de veículos novos anda igual. Vende mais apenas em suvs e veículos premium, os de elevado preço e conseqüente status. Nos outros, queda.
A indústria, no oposto ao governo investe e cria novidades, mesmo pequenas, em aparente contra-senso. Mas é esta a diferença entre a iniciativa privada, pagando contas e impostos, e os governos, em lado oposto, apenas recolhendo e reclamando. À base do lamento a economia do medo e da tristeza não reage. Só o fará com novidades e atrativos para vender e rodar a roda da economia – como instiga a indústria do automóvel.
Mitsubishi
Nesta semana novidades em três marcas. De maior expressão, Mitsubishi tropicalizando o Lancer montado/produzido em Catalão, GO, aplicando vivência e competência da marca para elevá-lo do solo a 17 cm, e reacerto de suspensão. Diz Robert Rittscher, brasileiro, presidente da Mitsubishi,“para quem busca mais conforto, mantendo qualidade, segurança e ótimo custo-benefício.”
Aumento de altura sugere maior volume, acertos melhorarão convivência com o meio ambiente nacional e, no visual, novo do pára-choque dianteiro, com centro na cor do veículo, e molduras cromadas nas grades. Rodas em liga leve, aro 16”, com pneus 205/60, verdes – de menor abrasão ao solo.
Rico em confortos, entre eles sensores de falta de luz, de chuva, “piloto automático”, controles de áudio e telefone no volante, multimídia por toque em tela de 17,5 cm. Teto solar e bancos com insertos de couro arrematam. Nove almofadas de ar. Cinco estrelas nos principais testes de segurança.
Motor quatro-cilindros, frontal, transversal, 2 litros, 16V, 160 cv e 20 m·kgf para acionar câmbio CVT em 6 marchas virtuais, ou manual com cinco. Suspensão independente nas 4 rodas, McPherson frontal e multibraço traseira.
Preços, em reais, são: manual 69.000; HL 74.000; HLE 85.500; e GT 89.500.
Peugeot
Segue a nova postura da marca no Brasil, produtos refinados e bom conteúdo. Três versões em gradação, até a Griffe, com seis almofadas de ar.
Mantém diferenciadores: teto panorâmico e i-cockpit, conceito de ergonomia pelo painel com instrumentação elevada, volante de pequeno raio, e enorme agradabilidade para a condução. Quilômetros à frente de sua turma. Pesquisa com proprietários indicou as mudanças em conforto, segurança e tecnologia, e a revisão no 208 marca o fim da primeira fase do corajoso reposicionamento da marca, comandada por Miguel Figari, chileno, diretor geral. Com 208 e o 2008 quer firmar os pilares de sua recuperação em vendas.
Motorização 1,5 litro, 8V, flex, 93 cv e 14,2 m·kgf. e câmbio manual de 5 marchas. Versões superiores com motor 1,6 litro, 16V, 122 cv, 16,4 m·kgf, e opcional de caixa automática antiga, com 4 marchas.
Preços, em reais, são: Active 1,5 46.000; Active Pack 1,5 50.000; Allure 1,6 53.300; Allure 1,6 automático 57.400; Griffe 1,6 59.200; e Griffe 1,6 automático 62.900.
Honda Fit
Como problema, Honda enfrenta o sonho de todos no setor: vender acima das previsões. Lançou o HR-V, baseado na lucrativa plataforma Fit, também base do City. Colheu acima do previsto: há dois meses suas vendas superam a soma dos principais concorrentes. O HR-V é o Fiat Strada no segmento. Para fazê-lo ocupou parte da produção de Fit e City, e o monta em Campana, na Argentina, fábrica para motocicletas.
Pós êxito, cria atrativos aos demais produtos. Começou pelo Fit.
Ampliou conteúdo, mudou o painel nas versões superiores, aplicou itens de conforto: chave-canivete, volante com controle de som às versões iniciais, volante de direção ajustável em distância e, para agradar aos seguidores de Bob Sharp, editor-chefe do Ae, pára-brisa dégradée.
Motor comum às quatro versões, 1,5 litro, abertura variável para as válvulas, 116 cv, 15,3 m·kgf, câmbios manual de cinco marchas ou CVT.
Preços, em reais, são: DX manual 51.600; DX CVT 56.600; LX manual 55.900; LX CVT 60.800; e EXL CVT 68.900.
RODA-A-RODA
Martelo – Volkswagen, Audi, o italiano Ministério do Desenvolvimento Econômico e a agência de desenvolvimento Invitalia, acordaram produzir o utilitário esportivo Urus na fábrica Lamborghini em Sant’Agata Bolognese. Fixarão na Itália os empregos a ser exportados para Bratislava, na Eslováquia.
Futuro – Com o Urus a Audi, dona da Lambo, quer sair das atuais 2,6 mil unidades/ano entre os esportivos Huracán e Aventador, dele fazer 3.000 u/a.
Conta – De bases pouco conhecidas, o governo italiano e o estado da Emília-Romana criaram facilidades tributárias, a Invitalia financiou, mas cobraram, além dos 300 empregos para a linha industrial, outros e um centro de pesquisa e desenvolvimento no local. Pós duplicação fábrica criará 500 empregos, em custo unitário bem inferior aos € 330.000 inicialmente projetados.
Fórmula – Produção do Urus padronizará plataformas entre VW, Audi e Porsche e, em especial com Bentley, marca refinada do grupo VW, em seu Bentayga (que nome …) a surgir neste ano. O Urus é para 2018, marcando-se pela tradição Lamborghini — estilo chocante, rendimento performático.
Mudanças – Tabuladas vendas de automóveis e comerciais leves no Uruguai em 2014, surpresas por origem. 53% asiáticos – 28% chineses, 14% indianos, 11% sul coreanos. Brasil 21%, 11% do México, 7% franceses, 4% argentinos, e 4% resto do mundo. Excepcionalidade ou nova verdade?
Mini Uno – Nome não será este, mas promessa e objetivo miram nesta direção: rodam em testes finais exemplares do Projeto X1H, espécie de Uno encurtado, para ser o carro de entrada da Fiat. Lançamento ao final do ano.
Enfim – Motor de três cilindros, quatro tempos, 1,0 e previstos 82 cv, potência idêntica à do concorrente VW up! Início 2016.
Dúvida – Versão TSI do up! com motor 1,0, tricilíndrico e turbocompressor a ser lançado em julho, é anunciado pela imprensa como produzindo 105 cv. Na Alemanha, mesmo motor faz 115 cv, e é nova opção para o Golf.
Variedade – Fácil ser bisada aqui. Seus 20 m·kgf de torque, até pelo menor preço e enquadramento tributário em alíquota inferior. O motor é nacional.
Contração – Anfavea, associação dos fabricantes de veículos, reviu expectativa de queda no setor para 2015: 20,6% no licenciamento e 17,8% na produção. Setor mais afetado, o de caminhões, menos 40%.
Período – Em maio FCA manteve a liderança, com 39.158 unidades vendidas, 19,1% do mercado. Destes, 2.793 Jeeps Renegade, 1,4% do mercado.
Explicação – Jeep diz não ser hora de comparação com o Honda HR-V, lançado em conjunto, vendendo igual a Ford EcoSport e Renault Duster juntos. Pondera, o de fazer o HR-V está na linha de produção do Fit, enquanto o Renegade é inteiramente novo e a aceleração industrial a partir do zero é mais lenta.
Questão – Há outro ponto: a Jeep projetava versões diesel em torno de 10%, mas demanda é muito superior à disponibilidade de componentes.
Fórmula – Trabalho pela J.D. Power, agência de pesquisa no universo do automóvel, no tema satisfação no processo de vendas manteve a Toyota como líder. Seguindo-a, Hyundai. Após, Hyundai Caoa, a outra Hyundai do Brasil.
Questões – Instiga o fundo do espelho, as motivadoras à desistência: atraso nas entregas; falta de veículos para test drive; pressão da equipe de vendas; informações falsas; más instalações. Indicação de terceiros supera publicidade ou localização. Fidelidade à marca vale apenas em 21% dos negócios.
TV – SBT cobrirá espaço aberto pelo fim do programa Vrum, pelo Acelerados. Apresentação de Rubens Barrichello, Cássio Corte e Gérson Campos.
Incubadeira – Inter, nova categoria do automobilismo, formará pilotos saídos do kart ou categorias regionais, para carreira na Fórmula 3 Brasil, Européia, Renault, Mazda, UFF2000 ou Indy Lights. Funciona como Seat & Drive.
Fórmula – Pré-seleção curricular de 10 pilotos; pagamento de 10 x R$ 1.149, palestras, reuniões com pilotos, aulas de marketing, vendas, relações públicas, media training — o relacionamento com a imprensa —, mecânica, e fazer uma prova com veículo da Incubadora. Mais: www.formulainter.com.br
TAP – Humberto Pedrosa, empresário de cargas em Portugal e David Neeleman, brasileiro, acionista maior da aérea Azul, assumiram a TAP. O governo português resolveu privatizá-la em ação contestada. Neeleman criou o bilhete eletrônico.
Gente – Abelardo Pinto, executivo, 32 anos de indústria automobilística, deixou diretoria comercial Peugeot. Mudou de lado. OOOO Diretor comercial do Group1 Automotive. OOOO Empresa norte americana com 24 concessionárias no Brasil. OOOO Mariana Adensohn, diretora de RH da Caoa, reconhecimento. OOOO Entre as mais admiradas entre os RHs nacionais. OOOO Integra a mudança aplicada por Antônio Maciel Neto, presidente da empresa há pouco mais de dois anos. OOOO João Pimentel, engenheiro, 35 anos de Ford, novo diretor de caminhões. OOOO Pedreira. Seis lançamentos a fazer em 2015, abrir caminho em mercado em crise. OOOO
Mercedes segue o mercado. Agora é flex
Abastecimento com gasolina ou álcool é a nova opção da Mercedes-Benz para seus carros de entrada no mercado: Classe A 200, Classe B 200, CLA 200 e GLA 200, numericamente os mais vendidos. A tecnologia de poder consumir os dois combustíveis foi desenvolvida na Alemanha, e o uso de turbocompressor nos motores e o sistema de injeção direta do combustível, em muito facilitaram a nova opção, exclusiva para o Brasil. Marcas de potência e torque se mantiveram inalteradas, válidas para o uso de álcool puro ou para qualquer proporção de mistura entre os dois combustíveis. O motor de quatro cilindros, 1.595 cm³, oferece potencia de 156 cv a 5.300 rpm, e torque de 25,5 m·kgf entre 1.250 e 4.000 rpm.
Dado importante, como os motores se mantém inalterados, não houve supressão de sistemas, como ocorre em algumas marcas. Assim, a motorização flex Mercedes mantém funções como o ECO start/stop — o sistema pelo qual desliga o motor nas paradas, para economizar combustível e reduzir emissões —, e os diversos parâmetros de regulagem em função da escolha dos diferentes modos de condução. No parâmetro de igualdade a Mercedes manteve o intervalo entre as revisões — primeira com 10 mil quilômetros ou 1 ano de uso.
O esforço para o desenvolvimento da tecnologia exclusiva ao mercado brasileiro se integra ao grande programa mundial de preocupação deste fabricante com o meio ambiente, através da redução de consumo e emissões, e é o primeiro passo de adequação dos modelos Mercedes a serem produzidos na fábrica de Iracemápolis, SP.
RN
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