Na recente apresentação à imprensa dos novos suves Audi Q3, tive a oportunidade de dirigi-lo por 170 quilômetros, sendo que metade foi um Q3 com motor turbo 1,4-L de 150 cv, e a outra metade, o 2-litros, também turbo, de 180 cv. A versão mais forte, 2-litros turbo de 220 cv, não foi disponibilizada.
O modelo recebeu pequenas mudanças no desenho das lanternas e tomadas de ar.
Vamos às primeiras impressões ao dirigir e depois, num teste “no uso”, desceremos a mais detalhes.
Todas as três versões são aptas a viajar com segurança, tranquilidade e silêncio, em ritmo de Autobahn; até mesmo a dotada desse pequeno e valente motor canhãozinho de 1,4 litro TFSI ( sigla em inglês de turbocharged fuel stratified injection, injeção de combustível estratificada turboalimentado). Apesar de já ter guiado vários veículos, de diferentes modelos, tamanhos e pesos equipados com esses produtos da nova e acertada onda do downsizing — redução de cilindrada sem perder desempenho e consumindo ainda menos — ainda não deixo de me surpreender com o que andam, sua economia e elasticidade.
Esse 1,4-l é o mesmo motor que equipa o compacto Audi A1, só que no A1 de entrada ele desenvolve 122 cv e neste Q3, 150 cv de potência máxima, que não é um pico, mas um patamar que vai de 5.000 a 6.000 rpm. Seu torque máximo de 25,5 m·kgf é outro patamar, 1.500 a 3.500 rpm. Para este ano ele foi modernizado e entre outras melhorias perdeu 22 kg.
O resultado é que ao redor de 2.500 rpm este motor já tem potência bastante para manter um suve de 1.405 kg a 120 km/h, e num completo silêncio e suavidade mecânica. Em 6ª e última marcha, no modo manual de trocas, e a 2.000 rpm, basta uma acelerada mais funda e ele acelera tudo isso sem a menor cerimônia. Para o leitor que ainda não os experimentou, e mesmo para este jornalista que já, custa crer que toda essa energia provenha de um motor de cilindrada tão pequena. A resposta, a retomada de velocidade é a de um 6-cilindros de pelo menos 200 cv, só que com consumo de um pequeno 4-cilindros ao se rodar tranqüilamente.
Segundo a fábrica, faz o 0-a-100 km/h em 8,9 segundos e atinge máxima de 204 km/h. Com certeza viaja liso e absolutamente estável a 180 km/h, o que demonstra que aos legais 120 km/h ele tem muita sobra, muita. Hoje, alguns dos suves já não representam mais veículos sem graça na estrada, e o Audi Q3 é um destes que estão bons de estrada, muito estáveis. Tem comportamento certo, rola pouco e tem atitude certa nas curvas. Rola o que deve rolar, já que é bom que o carro role algo, porque a rolagem é um aviso ao motorista.
Não houve condições de levá-lo a extremos e só foram captadas tendências iniciais. Mas é óbvio que o A3 sedã é ainda melhor… Vale ressaltar o cuidado que tiveram com a eliminação de ruídos aerodinâmicos, de rodagem e de motor. Roda na estrada em silêncio quase absoluto.
O câmbio robotizado de duas embreagens S tronic, de 6 marchas, funciona à perfeição, é rápido e suave. Quando no modo manual, em que se pode usar indiferentemente a alavanca ou as borboletas atrás do volante, nas reduções o módulo de comando eletrônico do motor se encarrega de prover a mais precisa aceleração interina imaginável, para acoplamento final da marcha inferior com absoluta suavidade. E essa aceleração se dá mesmo quando em operação automática. Muito bom.
Há cinco modos de comportamento geral do carro, ajustáveis pela tela tátil no centro do painel. Eles vão do Efficiency, que é o calmo e econômico — mas que ao pisar fundo no acelerador ele responde com tudo, baixando marcha e acelerando forte –, ao Dynamic, no qual, como sugere o nome, ele fica mais atento e disposto. A tração é só dianteira. Nada de errado nisso, já que segundo pesquisas da Audi mais de 90% dos suves nunca haverão de pegar sequer um pozinho.
O porta-malas é bom, 460 litros. O tanque de combustível — gasolina, compre logo, antes que vire flex, pois o Q3 será fabricado no Brasil no ano que vem — é ótimo, 64 litros, e o espaço e conforto no “eu atrás de mim” é muito bom; atrás três “eus” viajam bem, sem cotoveladas. Pela tabela do Inmetro faz 10,5 km/l na cidade e 12,5 km/l na estrada.
O 1,4-l de entrada, o Attraction, tem preço sugerido de R$ 127.190 e o 1,4-l mais sofisticado, o Ambiente, R$ 144.190. Na matéria “no uso” será mais profundamente analisado, porque sua modernidade e recursos tecnológicos são bem interessantes. Por enquanto deixou boas impressões e nada a reclamar, a não ser que o volante, que tem posição regulável, bem poderia baixar um pouco mais.
O motor 2.0 TFSI, 2-litros turbo, tem duas versões. A de 180 cv, cuja potência máxima vai de 4.000 a 6.200 rpm, e torque máximo de 32,6 m?kgf que vai de 1.400 a 3.900 rpm, e a versão de 220 cv, cuja potência máxima vai de 4.500 a 6.200 rpm e torque máximo de 35,7 m?kgf de 1.500 a 4.400 rpm. Antes produziam 170 cv e 211 cv, respectivamente.
Com motor de 2 litros turbo os Q3 já vêm com tração integral quattro e câmbio S tronic de 7 marchas. Em viagem rotineira sobre estrada de pista dupla, fora a disposição do motor, quase não se nota diferença de comportamento entre esses e o anteriormente dirigido e descrito. Como já disse, desses, só dirigi o de 180 cv. O motor tem 20% mais potência que o 1,4-Lturbo, e 28% mais torque, sendo que as respectivas faixas de torque máximo estão em rotações semelhantes, então, a maior diferença que se nota é na pegada em baixa. Na mesma baixa rotação o 2-litros já dispõe de potência bem maior, então a acelerada já se torna algo emocionante.
Segundo a fábrica, ele faz o 0 a 100 km/h em 7,6 segundos e atinge velocidadee máxima de 217 km/h. O de 220 cv, faz o 0 a 100 km/h em 6,4 segundos e máxima de 233 km/h.
Preços sugeridos da linha Q3:
Attraction (150 cv): R$ 127.190 a R$ 144.190
Attraction (180 cv): R$ 145.190
Ambiente (180 cv): R$ 165.190
Ambition (220 cv): R$ 190.190
AK