Ao comprar um automóvel, freguês deveria se cercar de racionalidade. Mas, no frigir dos ovos, valem mesmo as “emocionalidades”…
Na semana passada, comentei aqui sobre a racionalidade (ou não) na compra de um automóvel. Recebi vaias e aplausos. As primeiras, de quem detesta ter que agir sempre racionalmente, sem dar espaço à emoção. Aprovaram os que pensam cartesianamente…
O que caracteriza a compra racional de um automóvel?
1 – Pesquisar se tem razoável valor de revenda. Afinal, ninguém está a fim de perder muita grana ao passar o automóvel para frente;
2 – Verificar (tem tabela do Inmetro) o nível de consumo de combustível. É uma despesa semanal que, no final do ano, provoca um razoável rombo no saldo bancário;
3 – Pós-venda. A capilaridade da rede de concessionárias, a qualidade de seus serviços, o estoque de peças de reposição, a eficiência e a rapidez do reparo;
4 – Custo de manutenção. Quanto se vai pagar pelas peças e mão de obra nas revisões do carro, principalmente se for importado, pois tem marcas que não hesitam em “enfiar a mão” depois que o cliente está conquistado;
5 – Orçar o seguro. Seu custo pode ser elevado e assustar quem não procurou se informar antes de fechar o negócio. Modelos que fazem sucesso entre os amigos do alheio pesam os cálculos estatísticos das companhias seguradoras. Dois automóveis podem custam o mesmo, mas, na hora do seguro, o de um pode ser o dobro do outro.
6 – Como se comporta o carro num crash test? Quantas estrelas recebeu ao ser contra a parede? Qual o nível de proteção aos adultos e crianças no banco traseiro? Oferece, pelo menos opcionalmente, dispositivos eletrônicos de segurança ativa e passiva? Controle de estabilidade (ESC), airbags laterais? Ou nada disso é necessário, pois acidente só acontece com os outros (…)?
7 – Índices de reparabilidade. Emitidos pelo Cesvi, permitem comparar o custo do reparo de dois automóveis. Quanto menor o índice, mais barato o conserto depois de uma batida. Quanto menor o valor do reparo, menor também o custo da apólice de seguro;
8 – Espaço interno. Indispensável avaliar o banco traseiro, principalmente quem tem filho com quase dois metros de altura. Além disso, se toda a família viaja reunida nas férias, nada como verificar o volume do porta-malas.
9 – Sobressalente. Quantos motoristas se esquecem de verificar a posição do estepe e a dificuldade para retirá-lo quando necessário. Em alguns modelos, ficam sob a carroceria, exigindo verdadeiro contorcionismo na operação para substituí-lo pelo outro que se danificou;
10 – Desempenho. O cliente até saiu com o carro para um test-drive. Mas foi sozinho com o vendedor, gostou da performance e fechou negócio. Dias depois, com toda a família, cinco pessoas mais bagagem, não conseguiu subir nem a rampa para sair da garage do prédio. Filhos tiveram que desocupar o banco traseiro para aliviar o peso…
Depois de todo este blá…blá…blá para lembrar as racionalidades que indicam a conveniência (ou não…) daquele automóvel, existem algumas outras alternativas. O critério racional dá lugar às “emocionalidades”, entre elas:
1 – A mulher entra no showroom, vê o carro e diz: “Arrasou!”. E fecha o negócio;
2 – O homem entra no showroom, vê a ficha técnica e diz: “Quero este foguetinho!”. E fecha o negócio;
3 – O jovem entra no showroom, vê o conversível e diz: “Perfeito para a balada!”. E fecha o negócio…
No frigir dos ovos: razão ou emoção? Resposta por conta do Paulo Keller, que disse (muito bem dito) recentemente, aqui no Ae: “Mas o ser humano não é só racional. A parte emocional que nos habita nos torna bem complexos. E é essa parte que deve tomar conta do desejo e suas facetas”.
BF