Eu já comentei algumas vezes que não tenho um modelo de carro favorito. Gosto de carro. Bom, de preferência. Mas ao contrário de muitas mulheres não tenho nenhuma queda em especial por suves. Volto a dizer: gosto de carros bons e podem ser sedãs, hatchbacks, peruas, suves. Mas testar um Lexus NX 200 t F sport durante vários dias foi uma experiência e tanto.
Este modelo está sendo vendido desde março no Brasil. Claro que de um carro de luxo como esse já se começa exigindo muito. E nesse sentido não há decepções. As opções são as versões NX 200 t (R$ 216.300 ) e NX 200 t F sport (R$ 236.900). Ambos vêm do Japão e tem tudo o que se pode esperar da marca de luxo da Toyota: motor 2 litros turbo dual VVT-i 16 válvulas de quatro cilindros e 238 cv a 5.600 rpm e torque de 35,7 m·kgf entre 1.650 e 4.000 rpm, câmbio automático de seis marchas com borboletas no volante, tração 4×4 permanente e rodas de liga leve (17” no NX 200 t e 18” no F sport que, pessoalmente, achei linda). A aceleração de 0 a 100 km/h é em 7,2 segundos.
A lista de equipamentos de série é completíssima: ar-condicionado digital bi-zona, central multimídia com tela de 7”, DVD player, GPS, auxiliar in/USB/ Bluetooth, controle remoto tátil, bancos dianteiros com regulagem elétrica em 8 posições, 3 memórias para banco do motorista, incluindo espelhos externos e volante, aquecimento e resfriamento dos bancos, sistema de som com 12 alto-falantes, vidros laterais e dianteiros que repelem a água e, supremo toque de charme em dias ensolarados, teto solar panorâmico na versão F sport.
Em termos de segurança tem 10 sacos de ar (duplo frontal, duplo lateral dianteiro e traseiro, de cortina e de joelho), faróis de LED com lavador e regulagem automática de altura, lanternas de LED – e aí um aviso: só tem uma luz de ré, não façam como eu que passei cinco minutos fuçando tudo achando que tinha uma queimada pois não via dois reflexos de luzes na parede da garagem. É padrão europeu, mesmo.
Os freios são ABS/BAS e funcionam perfeitamente. Há controle de tração. Dirigi muito na estrada com chuva e mesmo em condições péssimas de dirigibilidade não há sustos. Um cachorro vira-latas perto de Sorocaba deve à vida a eles, aliás. Mas em pista seca se demonstraram igualmente eficientes, assim como o sistema de controle de estabilidade e o sistema de gerenciamento integrado de dinâmica do veículo. Próximo de Indaiatuba, com um fortíssimo vento cruzado, o carro se manteve dentro da trajetória, apesar da chuva e da pista escorregadia. Enfim, tinha tudo para nem estar na estrada e, no entanto, estava. A suspensão é bem equilibrada — entre confortável e estável, principalmente nas curvas, mesmo em alta velocidade e em piso inadequado.
O acabamento interno do F sport é um primor. Couro pespontado em vermelho, com bancos vermelhos. Interessante fugir da mesmice dos couros pretos com raríssimos cinzas. Diferente, porém elegante, discreto até. Os bancos são extremamente confortáveis e o encosto de cabeça, que no início me pareceu exageradamente alto, se mostrou perfeito especialmente em freadas abruptas como a do cachorro. Sustenta perfeitamente a coluna cervical. E o rádio além de poder ser controlado pelo mouse tem um prático botão “liga-desliga” que também controla o volume. Mais simples impossível. Mesma coisa para o ajuste do volante. Um mouse do lado esquerdo do volante permite levantar, baixar, puxar para cima ou para baixo o volante. Bem intuitivo, sem necessidade de ser PhD em nada.
Também de linha é o prático sistema que projeta no pára-brisaa a velocidade apenas para o motorista, como nos Audi. Extremamente útil quando se dirige nas estradas paulistas com seus intermináveis varais de radares e nas ruas de São Paulo, idem. Ele só não foi legível numa improvável combinação de reflexo de sol, carro prateado à minha frente e perigosa proximidade do mesmo, que freou subitamente. De resto, em todas as condições o número é perfeitamente visível. Mas, ainda assim, o painel é bastante prático e a colocação dos indicadores segue a lógica de uso. O raio do volante também permite que todos sejam facilmente lidos pelo condutor sem nenhum obstáculo.
Quando já achava que São Pedro não ia me permitir curtir o teto panorâmico, que é realmente panorâmico pois vai até o final do banco traseiro, e tinha me resignado a andar com ele aberto apesar da chuva (aberto é força de expressão, pois o vidro em si não permite a entrada de ar, apenas de luz), tive uma folga e consegui várias horas de sol. A sensação de dirigir assim é fantástica. Não sei como é no banco de trás, pois estava sozinha. Mas curti muito. Lembra um pouco andar num conversível, mas sem se despentear o que, convenhamos, é uma vantagem para uma mulher. E com os 12 alto-falantes que podem ser regulados, inclusive os graves e agudos, foi uma farra. Sem contar os 238 cv sob o capô. Só dava eu na estrada.
Essa é outra característica do NX 200t F sport. As linhas agradam tanto a homens quanto a mulheres. Pessoalmente, gostei muitíssimo da frente. A grade é especialmente bonita, assim como as elegantes entrâncias nas laterais. Achei a frente do carro ousada, invocada, mesmo. E os motoristas à minha frente também devem ter achado, pois nunca foi tão fácil que me dessem passagem na estrada.
Rodei sempre no modo automático, com algumas reduções da borboleta apenas para testar, pois depois volta sozinho, e no Normal a maioria do tempo. Na estrada, em velocidade constante entre 110 e 120 km/h a média foi de 9,8 km por litro com gasolina. Em outra estrada, com tempo pior e trânsito idem, em velocidades menores, por volta de 80 km/h com alguns picos de 100 km/h, a média foi de 8,7 km por litro. Na cidade, no ritmo artrítico de São Paulo, a média foi de 7,8 km/litro. Rodei um pouco no modo Eco mas no dirigir não notei diferença e não chegou a alterar a média de consumo. Talvez se tivesse rodado mais, mas as alterações no trânsito não me permitiram conseguir uma média mais fiel. No modo Sport+ a suspensão fica mais dura, mas também rodei pouco para saber como fica o consumo.
O porta-malas é bom e pouco maior que o dos concorrentes: 580 litros. Os bancos traseiros bipartidos rebatem bem e assim consegui colocar uma bicicleta sem nenhum problema. Em outro dia fiz quase uma mudança, com direito a escada e tudo. E sem rebater os bancos, consegui colocar malas, sacolas térmicas com comida, enfim, toda a tralha de uma viagem, sem problema algum.
O espaço interno é ótimo. Duas luzinhas nos pés do carona e do motorista ajudam a procurar as moedinhas que caem depois de passar pela cabine do pedágio ou a procurar a chave que está na bolsa no chão e que nunca aparece quando precisamos, mas sem incomodar quem dirige. São quase imperceptíveis, mas suficientes para serem úteis. E um prático espelhinho encaixado entre os bancos dianteiros ajuda a retocar a maquiagem – além daquele do quebra-sol do banco do carona, com a clássica luz. De incômodo apenas o apoio para o pé esquerdo do condutor que tiver menos de 1,65 m de altura, como é meu caso. Aliás, bem menos de 1,65 m. Não encontrei nenhuma posição e acabei apoiando na bolsa, mesmo, numa improvisação não muito confortável.
A tampa do porta-malas, com sensor anti-esmagamento, é útil especialmente para quem tem crianças e é de fácil abertura. A câmera de ré é muito eficiente, mas a visibilidade do carro, como um todo, é excelente. E os espelhos! Além de terem a função “tilt down”, que apontam para baixo quando se engata a ré para ajudar na manobra, os retrovisores externos me permitem dizer que não existe ponto cego. Existe é espelho ruim ou mal colocado. Eu que às vezes evito mudar de faixa apenas porque um dos meus carros tem espelhos que deixam a desejar nesse quesito, era capaz de fazer slalom com o Lexus. Até motoqueiro na marginal se consegue ver com esses espelhos.
Por falar em motoqueiros (e suas indefectíveis buzinas) vale a pena destacar o isolamento acústico do NX 200 t F sport. Acho até que gostaria de ouvir o ronco do motor, mas não ouvi. Nem ele, nem nada. O carro é super silencioso. Já havia notado isso em outros Lexus, mas continuo gostando que mantenham essa característica. Ninguém merece andar num liquidificador.
O mercado de suves de luxo no Brasil já tem concorrentes de peso, é claro. O Evoque é o mais direto. Por isso, a Lexus joga pesado. Oferece quatro anos de garantia sem limite de quilometragem e custo de revisão de carro de preço médio. Para os NX 200 t a revisão de 10.000 km sai por R$ 315,75, a de 20.000 R$ 541,57, a de 30.000 R$ 433,75 e veículo emprestado durante a realização da manutenção ou dos reparos – além de assistência 24 horas para panes ou acidentes no Brasil ou em qualquer país do Mercosul mais o Chile.
NG
Fotos: autora, divulgação e huffingtonpost.com
FICHA TÉCNICA LEXUS NX 200T F SPORT | |
MOTORIZAÇÃO | |
Motor | 4 cilindros, duplo comando no cabeçote, variador de fase admissão e escapamento, gasolina |
Diâmetro x curso | 86 x 86 mm |
Cilindrada | 1.998 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Potência | 238 cv a 5.600 rpm |
Torque | 35,7 m·kgf de 1.650 a 4.000 rpm |
Alimentação | Forçada por turbocompressor com interresfriador |
TRANSMISSÃO | |
Tipo | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico de seis marchas + ré |
Tração | 4×4 permanente |
Relações das marchas | 1ª 3,30:1; 2ª 1,90:1; 3ª 1,42:1; 4ª 1:1; 5ª 0,71:1; 0,61:1; ré n.d. |
Relação dos diferenciais | 4,12:1 |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida |
FREIOS | |
Dianteiros | A disco ventilado, Ø 328 mm |
Traseiros | A disco, Ø 281 nn |
Controle | ABS, EBD e auxílio à frenagem |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Alumínio, 6,5Jx18 |
Pneus | 225/60R18 |
DIMENSÕES E PESOS | |
Comprimento | 4.630 mm |
Largura | 1.845 mm |
Altura | 1.645 mm |
Distância entre eixos | 2.660 mm |
Distância mínima do solo | 190 mm |
Peso em ordem de marcha | 1.850 kg |
Porta-malas | 580 litros |
Tanque de combustível | 60 litros |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km | 7,2 s |
Velocidade máxima | 200 km/h |
CALCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 6ª | 53 km/h |
Rotação a 120 km/h em 6ª | 2.260 rpm |
Rotação à velocidade máx. em 5ª | 4;400 rpm |