Mais vendido, mais rentável, Mercedes-Benz Classe E há anos é o verdadeiro cavalo de batalha da área de automóveis da Daimler. Harmônico em dimensões, na marca seus 4,88 m de comprimento medeiam entre o C e o S, porta a inconfundível identificação, embutindo sobriedade, qualidade, resistência, bom comportamento mecânico, ótimos números de consumo — em estrada mais de 12 km/l de gasálcool.
O 250 é o degrau de entrada na Classe E. Na prática, tal carroceria, com o pequeno motor 1,6-L do Classe C, aumentado a 1.991 cm³ de cilindrada, potência declarada de 211 cv, e 35,7 m·kgf de torque, passando pela boa caixa automática de 7 marchas, chegando às rodas traseiras, levando os quase 1.800 kg a 100 km/h em 7,4 s e velocidade final cortada a 243 km/h. Está de bom tamanho. Compondo com o motor de baixa cilindrada, o conteúdo é contido. Revestimento não emprega couro, apenas plástico, mas há sensação de qualidade e harmonia na montagem. O elegante relógio analógico — acertado via comandos de configuração do automóvel — destaca-se no freio de custos aplicados pela Daimler neste Mercedes.
Configuração interna é boa. É, como sedã com tração traseira, automóvel para quatro pessoas e uma criança no centro do banco traseiro. Tudo respira a perceptível sensação de segurança, dos sistemas eletrônicos para acionar a mecânica, aos cintos de três pontos e apoios de cabeça para todos os ocupantes.
Ar-condicionado digital, saídas para todos os passageiros, bancos frontais com regulagens elétricas e três memórias, válidas também para espelhos retrovisores externos e volante; sistema multimídia com tela, boa e clara câmera de ré, e GPS. Regulagens simplificadas num giratório botão central com a borda elegantemente recartilhada. Charmosa alavanquinha de marchas — parado, frente e para trás — atrás do volante. Marchas podem ser mudadas por aletas verticais também sob volante. É sistema para o grande mercado americano, onde se adota alavanca de marchas em tal posição. Regulagem de motor, transmissão, direção e freios em apenas três programações, conforto, esporte e ECO. Nesta entra a função Stop/Start, desligando o motor nas paradas para reduzir consumo e emissões.
No uso
É um Mercedes. Palavra mágica, no imaginário coletivo resume engenharia e construção de qualidade, resistência, durabilidade, e o mítico som do fechar das portas. O ser bem planejado e bem feito faz saltar apreciação de muitos itens, como bons ajustes, com comportamento, direção precisa, estabilidade, freios poderosos, e a surpreendente, ante porte, peso e cilindrada, reação às demandas por boa aceleração. Em descrição superficial, a fórmula do motor de baixa cilindrada, injeção direta e turbo gera enorme torque em baixa rotação é o futuro do automóvel.
Confortos permitidos pela nova onda tecnológica, faróis em LEDs com sistema que faz passar, sozinhos, do facho baixo para o alto, ou formam vão no centro caso você esteja atrás de outro veículo, para não incomodar seu motorista.
Rodas em liga leve, aro 17”, montadas com pneus de perfil baixo — inadequados aos buracos nacionais. Frente levemente mais alta em relação aos Series C, permitindo passar quebra-molas sem esfregá-lo nas impróprias barreiras. O rodar é muito agradável por amortecedores sensíveis à velocidade. Firmes em alta, macios mais devagar.
Porta-malas grande — 540 litros. Preço? Promocional, dólar antigo: R$ 259.500.
Audi nacionaliza o sedan A3 1.4
Sem festa Audi apresentou e iniciou vender seu primeiro produto nacional, o 1,4 TFSI sedã, modelo de entrada. É produzido no parque industrial da VW nas beiradas de Curitiba, mesma linha de onde sairá o VW Golf 7ª-geração. Para quem se acostumou a vê-lo, importado, como o mais vendido dos Audi no Brasil, exigirá vista apurada para identificar procedência. Na prática, o A3 sedã paranaense distingue-se visualmente apenas pelo fato de ser 1,5 cm alto, consequência do uso de molas, buchas e amortecedores em versão para Terceiro Mundo — são mais resistentes e elevam o veículo. Afinal, Terceiro Mundo é terra de desrespeito a veículos e proprietários. Outras mudanças mecânicas positivas e adequadas às novas condições, há: o motor 1,4, 16 válvulas de abertura variável, injeção direta de combustível e turboalimentador, é o primeiro motor turbo flex fabricado nessas paragens, e saltou de produzir 122 para 150 cv e de 20,4 para 25,5 m·kgf de torque. Não é evolução sobre o 1,4, mas redução no 1.8. Assim, superdimensionamento. Lothar Werninghaus, engenheiro da marca, entusiasmado, crê capaz de rodar 1 milhão de quilômetros. Há coerência. Transmissão mudada: saiu dupla embreagem DSG e 7 marchas, entrou automática com 6. Razão prática, não se harmonizam com o piso e tipo de uso pára e anda no Brasil. Suspensão traseira trocou o eixo: do sistema independente, de ancoragem múltipla, pelo eixo torcional com braços longitudinais, semi-independente — e há semi independência? —, amortecedores e molas divorciados. Direção com assistência elétrica. Rodas em liga leve aro 17”para a Attraction e 18” na Ambiente. Aspecto conforto/segurança, opção do sistema Active Lane Assist, avisador da mudança da faixa de rolamento sem querer; luz vigia nos retrovisores externos avisando da proximidade de veículo — mesmo sem ser visto; o ACC capaz de manter a velocidade e a distância do veículo à frente e de frear sozinho. Sensores de água e luz, teto solar, câmera de ré, multimídia, podem ser agregados, ou pré-incluídos na versão mais cara.
Faltam, sem explicação coerente, espelho retrovisor interno e ar-condicionado automáticos.
Quantum
Comercialmente, versões Attraction, sem opções exceto em pintura, e Ambiente, permitindo agregação de acessórios e facilidades capazes de inflar o preço em até 50% do valor.
Mantém-se automóvel harmônico e equilibrado, linhas laterais bem marcadas, sugerindo esportividade e exigindo cores definidas, como o vermelho — nada das anônimas e pasteurizadas cinza ou preta.
É um automóvel coerente com a origem alemã, bons materiais, bem compostos, bem aplicados. Assim, couro apenas para as superfícies de contados e na versão superior. Segurança sem comprometimento ou economia fora de hora, freios a disco nas 4 rodas; sete almofadas de ar — uma para os joelhos do motorista; cintos com três pontos de ancoragem em todos os lugares incluindo o central do banco traseiro; engates Isofix para bancos infantis; painel legível, objetivo, sem os desvios de conduta volta e meia adotados por modelos japoneses e coreanos, em tentativa pretensão de reinventar a roda e o zero.
Quanto custa Audi A3 sedan 1.4 TFSI
Versão | R$ |
Flex Attraction | 99.990 |
Flex Ambiente | 109.990 |
Flex Ambiente completo | 149.990 |
Segurança aprova Honda, VW, Ford e reprova GM
Última bateria de testes apresentada pela Latin NCAP, escritório latino-americano da entidade mundial de promoção de segurança veicular, testando veículos através de batida, festeja Honda, VW e Ford, e repreende GM.
Testes são realizados em padrões mundiais e aferem, pontualmente, índices de segurança para adultos e crianças, classificando-os por estrelas entre 0 e 5. Hondas Fit, City e HR-V tiveram nota máxima; VW 5 pontos para passageiros e 4 para crianças no novo Polo indiano importado pela Argentina; 4 em ambos os pontos pelo Ford Ka. Nota de susto foi para o Aveo, Chevrolet construído no México e enviado à América Latina: Zero em segurança. Ocasião institucional, véspera da Segunda Conferência de Alto Nível em Segurança Viária no Brasil, afirmativa desgasta imagem da empresa.
O Aveo é o automóvel mais vendido no México, e sua versão básica, sem almofadas de ar, marcou 0 estrelas para adultos e 2 para crianças. Secretário Geral do Latin NCAP, Alejandro Furas lamentou, há cinco anos a Chevrolet vem-se desempenhando negativamente. Em mais de 60 modelos testados é o fabricante mundial com pior desempenho.
O Aveo não vem ao Brasil, viesse, teria que, mandatoriamente ter almofadas de ar.
RODA-A-RODA
Xing-Ling – GM mais vendido na China, o Buick Envision, um crossover, deve cruzar o Pacífico e chegar ao mercado americano em 2016. Apresentação prevista ao NAIAS, o salão de Detroit, janeiro. Idéia é compensar queda de vendas na China com um produto sem similar na marca no mercado dos EUA.
Segundo – Apesar da curiosidade, o Buick não será pioneiro em tal manobra. É o Volvo S60, também produzido na China e com exportações já iniciadas. Marcas chinesas não vendem nos EUA.
Multa – Ibama aplicou multa de R$ 50 milhões à Volkswagen pela venda de 17.057 picapes Amarok 2012 e parte de 2013 com software mascarando emissões de poluentes. Diz o órgão federal, baseia-se no maior valor previsto na legislação. Comunicado diz, Volkswagen deve oferecer plano de correção para enquadrar-se na legislação brasileira.
Mais – Procon SP, de defesa dos direitos do consumidor, também se fez presente, com multa de R$ 8,3M. Mesma demanda, realizar o anunciado recall.
Realidade – Difícil imaginar o presidente da Volkswagen, passivo e sorridente, preenchendo cheque neste valor, repassando-o ao Ibama, sem contestar. Há jurisprudência contrária dentro da casa. Caso idêntico, ocorrido na década de ’90, gerou multa de US$ 10 por veículo. No mesmo critério, seriam US$ 170.570, em torno de R$ 700 mil.
Ocasião – Órgãos federal e estadual estão atrasados. Empresa se antecedeu em um mês antes da manifestação do Ibama e do Procon, prometendo atualizar o software no primeiro trimestre de 2016, quando entrará em operação o recall mundial para 11 milhões de veículos.
Dedo-duro – Matriz VW contratou duas empresas de relevo internacional, a auditora Deloitte e a Jones Day, de advocacia, para ajudar em processo interno incentivando quem tiver informações sobre o software aplicado aos motores diesel, para contar o que sabe. A idéia é acelerar o processo de correção, até agora de difícil cumprimento no prazo estabelecido.
Troco – Promete não oferecer represálias, preserva-os de reinvidicações ante danos cobrados à empresa e seus executivos, e até, se de interesse, transferência de local de trabalho. Parece claro para a empresa, não se trata de colocar uma peça, mas de cortar um comportamento interno.
S10 – Qual será o motor a ser utilizado pelos picapes da GM pós-encerramento do contrato de fornecimento pela MWM, como anunciado semana passada?
Sem surpresa – Motor Chevrolet, o mesmo anteriormente utilizado. Que não é MWM, mas projeto GM, com produção encomendada.
Onde? – Ainda sem definição, porém mirando para Joinville, SC, onde tem fábrica de motores ecologicamente exemplar. A marca tem fundição e capacidade para fazê-lo em São José dos Campos, SP, onde vasa e usina motores desde 1958.
Entretantos – Desgastes, as greves, os prejuízos causados no relacionamento com o sindicato local de metalúrgicos, provocou construção das novas instalações e o constante esvaziar industrial desta unidade, incluindo mudar para a Argentina o Projeto Cruze — em testes finais.
Futuro – De todas as más notícias econômicas — que a falta de gestão no país não freia, nem mostra ações, planos ou projetos —, outra ameaça ao bolso do contribuinte: aumento no preço dos combustíveis.
Porquê – Enquanto em todo o mundo os preços caíram a menos da metade, no Brasil, para fazer caixa, suprindo o buraco causado pelo ataque à Petrobrás, pensa-se em majorar corajosamente os preços dos combustíveis em 2016. Correios querem o mesmo: aumentar tarifas para cobrir rombo. É o lulopetismo: protegidos furtam, todos pagam.
Comprometimento – Levantamento da Federação Nacional de Empresas de Seguros Privados e Capitalização ante veículos com mais de cinco anos de uso. Maior índice de acidentes se devem a manutenção desidiosa ou feita com peças baratas e de má qualidade.
Solução – Entidade defendeu o fim da isenção do IPVA para veículos com mais uso, e a obrigatoriedade da Inspeção de Segurança Veicular.
Sobre rodas – As vending machines, máquinas para vender refrigerantes e guloseimas, ganharam equivalente automobilístico. Há nos EUA quem compre carro on line, recebendo-o em casa. Entretanto a Carvana, especializada no negócio percebeu, alguns compradores queriam posição mais ativa, sem receber domesticamente, ir à loja para retirar.
Solução – Como tal demanda era recuo no processo, erigiu estrutura metálica na Interstate 65, perto de Nashville. Lembra muito a Volkswagen no entregar qualquer marca de sua holding na Autostadt – também dita Piëchlândia (Ferdinand Piëch foi o chefe da VW a implantar o negócio) carros de todas as marcas do grupo, em meio a pista off-road e museus.
Made in USA – Princípio é o mesmo. Cliente compra on line, mas vai à torre de cinco andares para retirar o 0-km. Sensação de conquista é insubstituível.
Surpresa – Levantamento da revista Exame com o Instituto Ibero-Brasileiro de Relacionamento com o Cliente, apontou a Renault como fabricante com melhor atendimento ao cliente.
Reverência – Lançamento do Ferrari 488 no revendedor Via Itália, em São Paulo, a clientes da marca. Mestre de cerimônias pergunta a Sebastian Vettel, piloto da equipe, tetracampeão em Formula 1, se tem admiração por algum piloto brasileiro, e Vettel diz apreciar o estilo Piquet. Surpresa, proprietário de Ferraris, Piquet estava na festa e subiu ao praticável para agradecer ao alemão.
Retífica RN – Edição passada Coluna comentou ter sido o projeto Pininfarina do SUV Io dividido entre Mitsubishi e Fiat. Enganou-se. Foi apenas japonês.
RN
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