The dwarves of yore made mighty spells,
While hammers fell like ringing bells
In places deep, where dark things sleep,
In hollow halls beneath the fells.
J.R.R. Tolkien
Chegamos a um momento na história do automóvel onde deixamos de olhar com esperança para o futuro e passamos a idolatrar o passado. Apesar de toda excelência técnica incontestável do automóvel moderno, todo novo lançamento traz apenas cinismo e alguns minutos de atenção, no máximo. Não se espera nenhuma revolução, não se acredita no novo, apenas se espera mais de uma fria e calculista perfeição cada vez mais eficiente, mas gélida como uma planície siberiana no inverno.
Muito da culpa disso poderia ser jogada na juventude moderna desinteressada na vida real e do automóvel, presa que está a seu mundinho eletrônico. Ou à demonização generalizada do automóvel por um mundo que quer ser mais limpo, mais simples, mais saudável, menos perigoso, como talvez um mundo virtual e irreal já o seja. Mas a verdade está bem longe disso; o que ocorre é tão-somente o simples fato de que, desde o fim dos anos 1960, os carros sistematicamente deixaram de ser projetados por engenheiros e desenhistas profissionais para ter suas características ditadas por meros burocratas.
Hoje, um Lamborghini Miura não poderia aparecer como um carro zero-quilômetro. Hoje há um número tão grande de legislações, que vão de alturas mínimas de iluminação até comportamento em acidentes e emissão de poluentes, que o mundo teria negado a si mesmo essa sonora obra de arte ambulante. Não existiria, se fosse pensado hoje. Não poderia existir, na verdade, seria proibido. Não é um crime? É como mandar Da Vinci pintar a Mona Lisa mais feliz, como impedir as altas mais notas de uma ária de serem atingidas por segurança. Como mandar Van Gogh pintar de outro jeito mais “normalizado”. Um crime contra a humanidade de uma profundidade imensa.
Mas é assim que é hoje. Burocratas, pessoas completamente desprovidas de paixão e entusiasmo pelo que fazem, ditam como seu novo carro deve ser. Como deixamos estas vis e ignóbeis criaturas substituírem mestres da arte e técnica do automóvel como Bugatti, Porsche, Issigonis, Giacosa, Jano? Não podia dar certo mesmo.
É por causa disso que até hoje nos mantemos apaixonados pelos carros de antes de 1970. Até ali carros não eram maravilhas técnicas perfeitas como são hoje, mas eram sensacionais expressões do espírito humano, produtos mais da alma que do cérebro. Eram criados com paixão, sem freios estatais, com liberdade quase que total. Os carros levavam a marca indelével, clara, óbvia, de seus criadores humanos; nunca confundiríamos um Fiat italiano com um Dodge americano. Todos tinham suas falhas e idiossincrasias, suas sublimes características próprias, que os diferenciavam profundamente. Pessoas os amavam ou odiavam, sem meios-termos ou indiferença; eram tão incrivelmente imbuídos das paixões e da história de seus criadores que se aproximavam deles, demonstrando uma personalidade palpável, sólida, humana. Obras de arte e ciência, de paixão e técnica, magníficas criações tão espirituais quanto reais.
Nenhum robô, nenhuma suprema inteligência artificial, poderia criar o Lamborghini Miura. Paixão foi necessária para desenhar seu exterior, seu incrivelmente musical e potente motor, seu layout de carro de competição. Mas provavelmente, se solicitado, o tal robô poderia facilmente criar um competidor a altura dos Corollas, Civics e Cruzes atuais. Vivemos em um mundo feito por máquinas para pessoas que agem como máquinas.
E por isso ainda hoje nos apaixonamos por coisas com raízes neste passado. A Porsche por mais que tentasse não conseguiu descontinuar o 911. Hoje faz seu moderno carro esporte de mais de 400 cv vestir as roupas daquele pequeno cupê de 130 cv lançado em 1963. A Fiat faz seu carro de maior sucesso, um pequeno urbano de motor e tração dianteira, vestir as roupas do 500, um minimalista desenho inspirado do gênio Dante Giacosa. A BMW faz um MINI que faz lembrar o revolucionário urbano de Sir Alec Issigonis, lançado em 1959. A VW faz Golfs travestidos de Fusca há duas gerações. Os exemplos são inúmeros, e todos iguais: incapazes de realizações tão puras e cativantes como as do passado, os fabricantes apenas tentam nos fazer lembrar de quando eram melhores neste ofício.
Mas para quem tem dinheiro suficiente, ainda há uma maneira de comprar carros desta época de ouro, novinhos. Em cavernas escondidas pelo mundo, pelas sombras de legislação, explorando buracos escondidos em regras mal escritas, ainda tem gente que consegue colocar à venda carros desta época novinhos em folha. Nenhum deles é especialmente barato, mas todos são sensacionais. E é deles que falo hoje.
Existem três tipos de carros nesta lista. Os quatro primeiros não são tecnicamente novos. São carros usados que são reconstruídos, mas às vezes tão completamente que apenas a plaqueta de número de chassis sobrevive. Ao invés de meras reformas, estes quatro são melhorados sensivelmente em relação aos carros originais: motores são refeitos ou trocados por outros, com tecnologia de 2015. Transmissões mais modernas ou reprojetadas são usadas. Suspensões, pneus e freios aproveitam tudo que se aprendeu nesses últimos 50 anos. A carroceria é nova ou reconstruída, com proteção contra corrosão moderna. Ar-condicionado e acabamento de primeira são norma. São carros criados por apaixonados pelos modelos, gente que infalivelmente passou a vida consertando os carros originais e aprendeu tudo que é bom e ruim em cada um deles, e, portanto, está em perfeita posição para melhorar o que precisa ser melhorado e deixar o que já era bom, intacto. São o melhor que cada um desses icônicos modelos (E-type, 911, Alfa GTV, Toyota FJ, MGB GT) podem ser. Construídos à mão um a um com todo cuidado, com a qualidade e nenhum cuidado com o preço final, são verdadeiras jóias raras para conhecedores do assunto.
Os três seguintes são carros que nunca pararam de ser fabricados. Por algum motivo obscuro, os ingleses (todos os três o são) conseguem vender em seu mercado estes carros antigos fazendo-os passar em algumas legislações básicas, ou vendendo-os em forma de kit. Como os anões de Tolkien, ainda trabalham escondidos fazendo maravilhas em lugares ermos e escuros, silenciosamente ao passar de gerações. São maravilhosos dinossauros que sobreviveram ao cometa legislativo que atingiu o mundo em 1968.
E finalmente, os dois últimos: réplicas completamente perfeitas em cada detalhe de ícones de competição do passado. São carros para uso em pista, sem possibilidade de emplacamento na maioria dos países, mas ainda assim maravilhosos. Verdadeiras máquinas do tempo com quatro rodas.
Falar destes carros hoje é abusar do superlativo. Unindo o melhor do passado com o melhor da tecnologia atual, são obras de paixão. Cada um dos carros da lista é construído por amantes do modelo, com um cuidado e uma boa vontade que não existem em outras fábricas. E sem nenhuma ordem particular, são eles:
1) Singer 911
Uma boa coletânea de músicas de uma banda que começou em 1964 e está na ativa até hoje, certamente precisaria de pelo menos 20 músicas. Um “Greatest hits” do Porsche 911 também precisaria de pelo menos duas listas de 10 melhores. Mas não se preocupe com nada disso: se você tem 400 mil dólares sobrando e um pouco de paciência de esperar a alguns anos na fila de espera, e mais oito meses de construção, a Singer, da Califórnia, condensará para você tudo de bom que existe na história do 911 em um só carro. E ainda de bônus lhe dá mais umas coisinhas a mais que nunca existiram no original alemão.
Partindo da plataforma 964, corrente de 1989 a 1993, o inglês Rob Dickinson, dono da Singer, cria um carro que mescla a aparência icônica dos 911 clássicos dos anos 1960 com suspensão, freios, rodas e pneus de 2015, e os melhores flat-6 arrefecidos a ar da história do modelo, cuidadosamente preparados pelo preparador californiano Ed Pink para 4 litros, 390 cv, e uma subida de giro de fazer qualquer um vender o primogênito para escravidão só para experimentar mais.
Junte a isso uma atenção ao detalhe obsessiva, que cria um acabamento interno e externo simplesmente inacreditável. Um perfeito amálgama dos motivos de fazer o 911 grande, juntos em um só carro de uma forma sublime, e como bônus um acabamento e perfeição de execução ainda melhor que qualquer Porsche.
Para saber mais: http://singervehicledesign.com/
2) Eagle E-type
O Jaguar E-type é em minha humilde opinião o carro mais belo já criado. Mas com o passar do tempo seu desempenho brilhante parece menos incrível e sua fama de péssima confiabilidade nos fazem pensar duas vezes em ter um.
Mas a Eagle inglesa pode facilmente resolver este problema. Originalmente uma oficina de restauração, a Eagle evoluiu engenheirando soluções para os conhecidos problemas do Jaguar lançado em 1962. A filosofia de seu dono e fundador, Henry Pearman, é simples: “Ninguém moraria numa maravilhosa mansão georgiana se ainda tivesse que jogar o esgoto pela janela…”
A empresa pode fazer literalmente tudo que você quiser com um E-type. Já criou inclusive carrocerias diferentes como um speedster e um cupê baseado nos E-type de competição. Pode também apenas restaurar o carro para ser igual quando saiu de fábrica. Sua cabeça é seu guia, mas bolso grande é pré-requisito: um speedster chega a custar um milhão de libras esterlinas, correspondente a quase 8 milhões de reais.
Eu sei exatamente o que faria. O meu Eagle seria um cupê Série 1, inalterado em estilo, mas com todas as melhorias disponíveis no catálogo: o motor com bloco de alumínio, 4,7 litros, injeção eletrônica, seis borboletas na admissão e 380 cv (num carro com pouco mais de 1.100 kg). Câmbio Eagle com carcaça de alumínio e 5 marchas. Suspensão completamente regulável com amortecedores Ohlins, barras estabilizadoras reguláveis, e geometria alterada para pneus mais modernos. Freios AP Racing, com enormes discos ventilados e perfurados. Ar-condicionado e comandos elétricos em tudo, mas escondidos no painel original.
O motor de alumínio, dizem alguns jornalistas que o testaram, faz a frente ficar leve o suficiente para que nem seja necessário direção assistida (que existe no catálogo da Eagle). Imaginem isso! Realmente uma incrível volta a um passado maravilhosamente analógico, sem as desvantagens…
Para saber mais: http://www.eaglegb.com/
3) Alfaholics GTA-R
Os fãs dos Alfa Romeo dos anos 1960 também têm um fornecedor de carros “melhorados” na Alfaholics inglesa. O GTA-R é seu produto mais famoso, um GTV com um dois-litros twin spark dos anos 1990 preparado, câmbio de cinco marchas moderno, interior melhorado, suspensão preparada para pista, e tudo isso sem tirar nem um pouquinho do jeitão de anos 1960.
Para saber mais: http://www.alfaholics.com/
4) Icon FJ44
Jonathan Ward era um ator infeliz com sua profissão que resolveu trabalhar com sua paixão: o Toyota Land Cruiser “FJ”, que conhecemos aqui no Brasil como Bandeirante. Nos anos 1990, criou com sua esposa uma pequena empresa para reformar e vender peças do jipe japonês na Califórnia, chamada TLC (Toyota Land Cruiser).
O negócio cresceu e se tornou famoso, tanto que quando a Toyota planejou criar um veículo que captasse a mística do FJ, chamou Ward como consultor. O carro resultante, o FJ Cruiser de 2007, porém, não ficou como Ward esperava. Na verdade, nem um pouco. Ele resolve, então, fazer o carro de seus sonhos sozinho. Para isto, cria uma nova marca, a Icon.
O resultado é algo que, apesar de ser idêntico ao original em carroceria, é algo muito diferente. Um carro totalmente moderno em desempenho e conforto, feito para durar para sempre, com os melhores materiais e peças possíveis, e com todo carinho e cuidado. Apenas a aparência é igual a um antigoToyota.
O chassi é próprio, de perfil fechado, super-rígido, e conta com suspensões de cinco braços de ligação e molas helicoidais (mas ainda eixos rígidos de alta capacidade de torque e diferenciais bloqueáveis, da Dana), e freios a disco nas quatro rodas. O motor é o excelente V-8 de alumínio da Chevrolet (o onipresente LS), em versões a partir de 435 cv (e indo até onde sua imaginação e seu bolso desejarem), atrelado a um câmbio à sua escolha (manual Tremec ou automático GM). Ar- condicionado, som e conectividade de primeira linha, bancos modernos individuais, geladeiras e outros confortos modernos estão presentes. A carroceria é em alumínio, com pintura eletrostática, e como todo o carro, é feito para durar para sempre mesmo em uso pesado.
Uma volta às origens do gênero, com tudo de bom de um carro moderno, e de quebra construção cuidadosa à mão, individual para atender seus caprichos, coisa que costumava diferenciar um Aston Martin e um Ferrari de todo o resto. A Icon depois do FJ evoluiu para fazer o mesmo com Jeep CJ3 e Ford Bronco; depois picapes Chevrolet. Sua linha “Derelict” transforma carros abandonados dos anos 1950 com mecânica moderna. Hoje qualquer outro sonho que você tenha pode ser acomodado pela empresa, pelo preço certo, com certeza. É só ligar para o Mr. Ward…
Para saber mais: http://www.icon4x4.com/
5) Frontline Developments MG LE50+
O MGB GT dos anos 1960 é um carro que sempre admirei, mas nunca tive vontade de ter: apesar de ser uma delícia para dirigir, e lindíssimo, tinha péssima confiabilidade desde novo, algo que certamente não melhorou depois de 50 anos. Mesmo carros restaurados, como os MG zero-quilômetro dos anos ’60, inspiram cuidados constantes.
Mas não este, fabricado pela empresa inglesa Frontline Developments. A clássica carroceria é reformada usando os painéis novos estampados pela BMH, uma antiga divisão da Rover ainda na ativa, capaz de fornecer o carro inteiro em peças estampadas de reposição. O acabamento é restaurado usando materiais e técnicas de 2015. Gaps perfeitos de carroceria, simetria e alinhamento são garantidos. A pintura de várias camadas causaria inveja em Rolls-Royces.
O motor original, um 1,8-litro OHV com dois carbuadores SU, é substituído por um quatro-em-linha Mazda moderno, DOHC, preparado, com 4 borboletas individuais de injeção e nada menos que 238 cv, e um limite de giro a 7.800 rpm. A transmissão passa a ser uma caixa de seis marchas moderna. A suspensão, os freios e os pneus são desenhados com o cuidado para que, mesmo com níveis de desempenho atual, ainda mantenham todo o equilíbrio e diversão que fizeram o carro famoso.
Um trabalho de primeira linha, e, nesta lista, nem tão caro assim: um desses sai por menos de 60 mil libras esterlinas, abaixo de 500 mil reais,
Para saber mais: http://www.frontlinedevelopments.com/
6) Caterham Super Seven
O Seven foi criado pelo genial Colin Chapman numa tarde de domingo para não precisar lavar os pratos, como já contei aqui. Chapman não era grande fã desta sua criação, já em 1957 um dinossauro com sua origem centrada nos carros esporte baseados em Austin 7, comuns na Inglaterra desde o fim dos anos 1920. Mas é sem dúvida nenhuma seu mais famoso carro de rua, e um dos mais duradouros da história.
Um pequeno chassi tubular de aço, suspensão bem acertada, motor quatro-em-linha ardido, baixíssimo peso. Baixo, pequeno, peso bem distribuído. Aerodinâmica de carro dos anos 1930. Um desenho simples, mas que é sem dúvida nenhuma a mais perfeita máquina de dirigir já criada. Dentro de um Seven até um Mazda Miata parece um paquiderme, lento, gordo, vagaroso. Apenas carros de fórmula conseguem chegar perto da precisão e leveza de um Sete. Um clássico imortal.
Quando nos anos 1970 resolveu parar de vender carros em kit para se tornar um fabricante sério, Chapman vendeu os direitos do carro e o ferramental que havia para Graham Nearn, e sua Caterham está fazendo o pequeno carro até hoje, vendido em kits para fugir de legislações. E esperamos que assim continue para sempre.
Para saber mais: http://uk.caterhamcars.com/
7) Morgan 3-rodas
A Morgan Motor Company de Malvern Link, Inglaterra, começou a fazer carros de 3 rodas em 1909. Durante os anos ’20 e ’30, seu modelo SuperSports, impulsionado por um V-2 JAP, era um carro esporte popular entre os menos endinheirados. Depois da Segunda Guerra Mundial, porém, a empresa resolve concentrar seus esforços em carros de verdade, com quatro rodas, e em 1946 os últimos triciclos Morgan são fabricados.
Ao redor de 2008, o entusiasta americano Pete Larsen resolve construir um triciclo Morgan modernizado. Usando motor V-2 de motocicleta Harley-Davidson, cria um magnífico triciclo aparentemente igual ao Morgan dos anos 1930, mas com tecnologia e confiabilidade modernas, o ACE- Harley. Charles Morgan, terceira geração dos Morgan de Malvern Link e dono da empresa, se apaixona pelo carro e compra os direitos de produção em 2011. Renasce o Morgan de 3 rodas.
Com um motor S&S (baseado em Harley-Davidson) de dois litros e 116 cv, câmbio de Mazda Miata, e um desenho incrivelmente legal, é um dos carrinhos mais divertidos que existem hoje. Em alguns países pode ser licenciado como uma motocicleta, e desta forma consegue se eximir de várias legislações.
Para saber mais: www.morgan3wheeler.co.uk
8) Morgan 4/4
Em produção ininterrupta desde 1936, o Morgan 4/4 é o mais antigo carro do mundo ainda em produção. Claro que seu motor é agora um moderno Ford Sigma de 1,6 litro e 110 cv, acoplado a uma caixa Mazda de 5 marchas. O peso total segue baixo (795 kg). Os freios e pneus são modernos. Mas a suspensão ainda conserva o desenho original de HFS Morgan, de colunas deslizantes (sliding pillars) na frente e eixo rígido atrás.
A carroceria é de alumínio, em cima de uma estrutura de madeira, montada sobre um chassi escada de aço galvanizado. Totalmente feito à mão, é uma viagem ao passado não somente no produto final, mas também nos métodos de produção. A fábrica encoraja os compradores a visitá-la para ver seu carro sendo feito; é como um museu que produz e vende carros.
Para saber mais: http://www.morgan-motor.co.uk/
9) Superformance FIA 289 Cobra
Existem milhões de réplicas de Cobra mundo afora. Mas esta aqui é algo realmente raro: uma exata réplica em todos os detalhes do carro que criou o mito Cobra: o carro de competição de 1963-1964, homologado pela FIA.
Diferente de todas as outras réplicas, a suspensão e o chassi são os mesmos do AC ACE, independente nas quatro rodas com molas semi-elípticas transversais, exatamente como os carros de corrida. O motor 289 V-8 de competição é reproduzido com peças novas, disponíveis no mercado de preparação americano. A carroceria não tem pára-lamas alargados como o posterior Cobra 427, hoje quase universais.
A experiência perfeita do carro original, sem o medo de estragar uma raridade insubstituível. Meu tipo de réplica. A Superformance também faz uma incrível versão modernizada do Cobra Daytona Coupe, aprovada pelo criador do carro original Peter Brock, e uma sensacional réplica do Corvette GS. Vale uma visita no site.
Para saber mais: http://www.superformance.com/
10) Pur Sang Bugatti T35
Jorge Anadón restaurava Bugattis na Argentina, e ao fazê-lo precisava reproduzir muitas peças, pois elas há muito não existiam para carros deste tipo. Depois de muito tempo fazendo isso, e sem ter condições de ter um caríssimo modelo original, Anadón percebe que conseguiria fazer um carro inteiro partindo do nada. Aproveita o carro de um cliente em restauro para servir de referência e faz um Bugatti tipo 35 de 1926, zero- km, para si. De início só pretendia isso, um carro para si. Logo apareceram encomendas para mais alguns.
Hoje, a sua Pur Sang fabrica Bugattis no interior da Argentina, em Paraná, província de Entre Rios. Bugattis perfeitos, sem nenhum detalhe diferente dos originais. Usando os mesmos métodos de produção, replica não somente o carro, mas também uma série de tradições e habilidades fabris em risco de extinção. Funde, forja, molda chapas a mão, usina, monta, molda, vulcaniza. Cria carros inteiros partindo de materiais básicos, como Ettore na Alsácia. Um oásis para os de nosso credo.
Para mim o melhor deles continua sendo o Tipo 35, mas você pode encomendar hoje provavelmente qualquer coisa da época para a Pur Sang: já fizeram Alfa Romeo 2300 Monza, BMW 328, Bugatti Tipo 55…. Uma incrível ilha de 1938 cercada de 2015 por todos os lados.
MAO