O salão é fraco. Mas a imprensa tem condições de conhecer e dirigir as principais tecnologias das marcas japonesas
Não gostei do Salão do Automóvel de Tóquio de 2015. Foi uma confirmação de que importantes mesmo são as mostras de Frankfurt, Paris e Genebra, onde se exibem as grandes novidades mundiais. A japonesa atrai multidões (900 mil pessoas), mas continua fraca de novidades.
Quem dá o tom em Tóquio são as próprias japonesas, que dominam o pedaço. Além delas, só três alemãs (Grupos VW, BMW e Mercedes), as francesas (PSA e Renault) e a inglesa (indiana?) Jaguar Land Rover. Nenhuma outra asiática (coreana ou chinesa), ou americana. Nem mesmo as esportivas italianas deram as caras. Novidades, só para o mercado local, alguns conceitos e “sobras” de Frankfurt. O prêmio de consolação é a paixão e a liderança do japonês na eletrônica, tecnologia, conectividade, autonomia. E alternativos: híbridos e elétricos com bateria ou célula a hidrogênio.
Mas as centenas de jornalistas que rodaram mundo para chegar ao Japão não ficaram chupando dedo, pois receberam (fora do salão) tratamento diferenciado. As marcas locais ofereceram — em suas pistas de testes — a oportunidade de conhecer suas mais recentes tecnologias. E de dirigir as principais delas.
Na pista da Honda (Tochigi), sensação foi a segunda geração do NSX. A primeira, produzida entre 1990 e 2005, foi desenvolvida sob supervisão de Ayrton Senna, que corria na época com motores Honda (McLaren). O atual, lançado este ano, tem motor V-6 biturbo e três elétricos (total de 573 cv), caixa de dupla-embreagem com nove marchas e mais um show de tecnologia. E também o Clarity, com célula a combustível, além de dispositivos de segurança que freiam e desviam de pedestres distraídos. Tinha até um Accord autônomo que acelerava sozinho (e forte) na pista de Tochigi.
Dois carros especialmente focados pelos jornalistas brasileiros (não por acaso…) foram a perua Jade e o Civic Hatch. Virão para o Brasil? Nada disso, mas seus motores eram o 1.5 quatro cilindros com turbo e injeção direta de 173 cv. Vai equipar o Civic que chega ao nosso mercado em 2016. O outro, um 1,0 de três cilindros, como tantos já presentes no Brasil. Mas, com turbo e injeção direta como ele, só o VW up! TSI. Mas, se o compacto alemão tem 105 cv (álcool), o japonês que virá (2017) para equipar Fit e City, tem 130 cv (gasolina). E mais uns cavalinhos ao se tornar flex…
A Toyota não deixou por menos e badalou a recém-lançada quarta geração do Prius, o híbrido mais vendido do mundo (mais de sete milhões de unidades). E que será produzido brevemente no Brasil. Além do primeiro elétrico com célula a combustível (no lugar da bateria) produzido em série no mundo, o Mirai.
A Nissan também não deixou por menos: se no Salão seus destaques eram os conceitos (e seu presidente, o “one-man show” Carlos Ghosn), ela levou para a pista o “Godzilla”, seu super-esportivo GT-R. Anunciou, na pista, para a imprensa brasileira, que será importado (sob encomenda) em 2016. Fera de 550 cv ou sua versão Nismo, embalada por seu departamento de “veneno”, com 600 cv. Deu para dirigir também o elétrico campeão mundial de vendas, o Nissan Leaf.
Ahhh…. um dos “destaques” de Tóquio foi no estande da VW: o presidente mundial da marca usou 10 dos 15 minutos de sua apresentação para pedir desculpas pela lambança mundial. Os outros cinco para anunciar investimentos pesados em automóveis “limpos”…
BF
Foto: autouniverse.org
Boris Feldman, jornalista especializado em veículos e colecionador de automóveis antigos, autoriza o Ae a publicar sua coluna veiculada aos sábados no jornal Hoje em Dia, de Belo Horizonte (MG).
A coluna “Opinião de Boris Feldman” é de total responsabilidade do seu autor e não reflete necessariamente a opinião do AUTOentusiastas.