Outubro terminou de forma não menos preocupante que os meses anteriores. Notou-se nos automóveis e comerciais leves mais um ligeiro declínio das vendas sobre o mês anterior, – 3,82%, com a média dos emplacamentos diários baixando da barreira de 9.000, mais precisamente 8.833. Licenciamentos totais ficaram em 192.146 unidades, sendo 185.483 automóveis e comerciais leves. Caminhões emplacados seguem à quase metade de 2014, que poderia ainda piorar com a retirada anunciada do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), mas o governo recuou alguns dias depois e manteve o programa, ao menos até o final do ano.
No pronunciamento do presidente da Anfavea, Luiz Moan Yabiku Jr., por ocasião de seu encontro mensal com a imprensa, na última sexta-feira, ele evitou fazer novos prognósticos para este ano e manteve os números inalterados, mas para serem alcançados teria de de haver reação das vendas, mesmo que tímida, caso contrário a projeção de um total de 2.540.000 unidades licenciadas não se concretizará. Na tabela abaixo, podemos notar que desde julho os números vem caindo consistentemente mês a mês, para todas categorias.
O nível de estoque segue em elevados 53 dias, com 340 mil unidades, 40% delas lotando os pátios das fábricas e o restante nos concessionários. Outro número preocupante é quanto a quantidade de trabalhadores fora de seus postos, 34% do total, em lay-off, férias coletivas ou aderidos ao PPE (Plano de Proteção ao Emprego), num acordo costurado entre empresas, trabalhadores, sindicatos e governo.
A Anfavea segue apontando a crise de confiança como principal fator que vem afastando os compradores das lojas, esta causada pela crise econômica que advém da crise política. Também acredito serem esses os fatores, porém, ao contrário da entidade, que mantém expectativa de que as vendas iniciem recuperação a partir do 3º trimestre de 2016, nós ainda não vi esses sinais de reversão de tendência surgirem. Lembremos que o PPE tem duração prevista de um ano, portanto, em os níveis de venda seguirem se deteriorando ou caso a crise política e econômica mostre que irá se estender além desse período, novas soluções para evitar mais demissões teriam de entrar em campo.
Nem todos fabricantes trabalham com a mesma perspectiva que a sua associação e alguns já se preparam para um inverno mais escuro e mais longo, promovendo um enxugamento mais profundo em suas operações locais.
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O fator novidade segue sendo infalível para combater o mau humor e hesitação de compras e atrai visitas às revendas. O cronograma de lançamentos segue intenso, este mês tivemos a apresentação da nova picape média Toyota Hilux, cujas vendas se iniciam no começo de 2016. O PK esteve em Mendoza, na Argentina, acompanhando o evento. Audi A3 sedã nacional foi lançado ontem e o BS evento, em São Paulo mesmo.
O mercado encolheu em cerca de um milhão de unidades anuais quando comparamos com 2013 e caso ele não volte até 2017 ou 2018, isso afetará investimentos na renovação de produtos, seja em adiar lançamentos ou mesmo cancelar os projetos que teriam início de desenvolvimento mais à frente, substituindo-os por facelifts dos modelos atuais. Quando parecia os fabricantes haviam encontrado uma fórmula em trazer para cá automóveis modernos e alinhados com os países emergentes e com menor defasagem técnica dos produtos encontrados na Europa e EUA, temos de encarar o risco de cair fora desse clube também.
Líderes de vendas do mês
O Chevrolet Onix caminha para fechar 2015 como o mais vendido. Não víamos um Chevrolet à frente desde 1984, quando o Monza tomou a liderança do Chevrolet Chevette, tornou-se o mais querido dos brasileiros, perdendo-a para o VW Gol só em 1987. Eram produtos que disputavam diferentes segmentos e classes sociais de compradores. Desta vez não: Onix, Palio, Gol pertencem exatamente ao mesmo segmento, que são os compactos de entrada. A GM lidera emplacamentos entre os automóveis e não contabilizamos o Jeep Renegade nesse ranking, que já acumula mais de 26.000 unidades vendidas até outubro. Fôssemos mudar o critério, uma vez que a Jeep é uma marca pertencente à FCA, mesmo assim a liderança não trocaria de mãos.
Na soma automóveis e comerciais leves, a Fiat segue à frente, com 18%, sem ameaças, graças às boas vendas da picape Strada. As três grandes seguem perdendo terreno, a soma de participação delas em outubro ficou em 48,4% e a tendência pode se reverter depois dos lançamentos esperados para 2016, como o VW Gol renovado, a picape Fiat Toro e os Chevrolet Cobalt e Spin em facelifts.
Nos crossovers compactos, temos um novo líder. após dois meses encostando as vendas nas do Honda HR-V, o Jeep Renegade liderou o segmento em outubro com 5.623 unidades contra 5.448 do Honda. Pode ser uma reedição do duelo que vimos entre Ford EcoSport e Renault Duster, que se alternaram na frente da disputa pela preferência do comprador. A Jeep segue agressiva e lançou a versão Limited para concorrer diretamente com o HR-V EXL em preço e conteúdo. As versões mais caras desses utilitários têm surpreendido em aceitação do mercado, com filas de esperas superiores a 40 dias, mesmo num ano de vendas em crise. Dos outros.
MAS