Começou bem, 2016. Dia 3 o presidente mundial da aliança Renault-Nissan, queimado de sol, aparência tropical, recuperando a cor após ano em avião e reuniões na Europa, Japão e EUA, surpreendeu jornalistas sem férias: anunciou a produção do Kicks, conceito a se materializar em SAV nos próximos meses.
Carrinho ajeitado, mostrado como protótipo de estilo no último Salão do Automóvel, 2014, São Paulo, agradou e o mercado sinalizou a oportunidade de produção. Hoje o segmento pretendido é o de maior expansão. Não é de SUV — Sport Utility Vehicle — aqui utilitários esportivos, marcados pelas formas e pela tração nas 4 rodas. Mas desdobramento, opção dos consumidores satisfeitos em aparentar inexistentes ares de disposição e valentia. São os SAV — Sport Activity Vehicle —, têm jeito mas sem apetrechos para ousadia fora do asfalto.
Segmento amplo, nele está o Honda HR-V, lançado neste ano, superando em vendas tradicionais Ford EcoSport, Renault Duster, Peugeot 2008, disputando mês a mês com o Jeep Renegade. Na prática e no segredo da rentabilidade, são versões sobre plataformas mecânicas já existentes – Ford Fiesta, Renault Logan, Peugeot 208. Apenas o Renegade é de nova formulação.
O Kicks é proposta nova e o Brasil será o primeiro país a produzi-lo. Tem traços típicos da Nissan — planos, cortes, reentrâncias, uma agonia para proprietários: qualquer pequeno amassão e a peça é condenada.
Fórmula é a mesma tão aviada: plataforma comum ao March e ao Versa; motor Nissan 1,6, ambos produzidos em Resende, RJ. Novidade será o uso de transmissão com correia e polias variáveis, dita CVT, antes aplicada ao Tiida. Prazo para lançamento, rápido. O eng. Ghosn autorizou gastar R$ 750 M para viabilizar o produto. A exiguidade indica colocá-lo nos revendedores logo após o grande efeito multiplicador de divulgação oferecido pelos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, dos quais a Nissan é copatrocinadora. Entre 5 e 21 de agosto será multiexposto como carro de deslocamento de atletas e cartolas, gerará imensurável mídia em mercados de interesse na fábrica nipo-fluminense: Brasil e América Latina.
Choro, riso
Filho de árabes, o eng. Ghosn é atavicamente hábil com números, porém substituiu o raciocínio e a conversa concêntricos pelo rápido uso da cimitarra no cortar custos e pessoas. No Japão a katana nipônica de oposição não deu para a saída, e no Japão cortou 16 mil empregos na Nissan, salvou a empresa, criou jurisprudência, virou lenda.
Sussurros no mercado sugeriam, durante a temporada na costa brasileira, o eng. Ghosn, nascido em Porto Velho, RO, entre um mergulho e outro dedicara-se a afiar sua confiável cimitarra usando os dados de descumprimento de suas ordens para a Nissan Brasil, obter 2,5% do mercado – ficou em 2,1%, 20% menos que o demandado. E a poli-la com a informação da grande e moderna fábrica estar ociosa. Cabeças rolariam foi vaticínio e motivo para alguns brindes na virada do ano.
Entretanto um problema industrial no México deu sobrevida à questão: a Nissan cresceu no mercado dos EUA, em boa parte abastecido pela mesma fábrica supridora de Sentra ao Brasil e à América Latina. Assim, como uns choram perdas e outros contabilizam lucros vendendo colírio e lenços, Ghosn-bey deu sobrevida à questão, correndo com o lançamento do Kicks e mandando estruturar canal de vendas deste, do Versa e do March brasileiros aos países da América Latina, forma de aumentar a atividade industrial, a participação no mercado doméstico e fazer lucros.
O corcoveio econômico previsto para o Brasil em 2016 ajudaram a manter François Dossa na presidência da Nissan Brasil. Ex-banqueiro, dele a Aliança espera a expertise necessária para a travessia do deserto ondulado que se nos afigura.
Ford Ranger 2ª. série
Ford divulgou ilustrações sobre painel e interior do Ranger 2ª. Série, melhorias aplicadas sobre o picape totalmente revisado e no mercado há três anos. Na Argentina, onde produzido, já foi apresentado a revendedores e jornalistas. A foto de ilustração foi tomada em restaurante da avenida Costanera, Buenos Aires.
Mudanças cosméticas. Alteração no desenho da grade frontal e faróis, aplicação de tela com 20 cm de superfície. Previsão para março.
Alpine volta
Veículo e marca icônicos a quem tem mais de 50 anos, os Alpine foram criação de Jean Rédélé, revendedor Renault em Dieppe, França. Fórmula mágica de plataforma com intrincada mistura de tubos de ferro e de plástico reforçado com fibra de vidro foi a grande marca francesa nas competições dos anos ’70. O Brasil foi base, ponto, apoio e alavanca para isto.
Cresceu, foi comprada pela Renault e, como acontece em sociedades entre a finura da tecnologia com a grosseria do capital, encerrou-se.
Nome com enorme potencial num país onde a indústria não dispõe de nenhum esportivo verdadeiro; tecnologia esportiva disponível em sua área de competições; a Renault entendeu reativá-la. Fez sociedade com a inglesa Caterham, projeto, protótipo, mas o negócio não deu certo. Assumiu e tem feito apresentações em corridas, nas míticas 24 Heures Du Mans, e no circuito inglês de Goodwood, meca europeia de carros antigos.
Agora, entretanto, Carlos Ghosn, le patron, avocou a si o projeto, e definiu: será nova linha de veículos performáticos Renault. Não apenas o Berlinetta — o GT esportivo —, mas terá um SAV. Nada de produto solitário, mas uma família, uma inspiração na linha DS da patrícia Citroën.
Plataforma em alumínio, peso total em 1.100 kg, grupo motopropulsor sobre o eixo traseiro. Será o 1,8 turbo do Clio R.S., produzindo entre 250 e 300 cv, câmbio robotizado com duas embreagens, sete marchas. Quer competir em desempenho e vendas com Porsche Cayman e Alfa Romeo 4C, sofreando o preço em € 50 mil.
Apresentação de veículo e planos em 16 de fevereiro.
Aqui
Tomara, eflúvios e divulgação maciça fendam o duro coração da Renault no Brasil. Aqui, onde já produzimos o Alpine A 108 com o nome de Willys Interlagos e criamos rótulo inteiramente diversificado, de vencedor em provas de velocidade, estuda proposta do designer João Paulo Melo para produção, parceria ou auxílio para reedição do Interlagos. Projeto assemelhado, ora em análise para receber o conjunto recém-desenvolvido para o Sandero R.S.
E de aniversários: VW Brasil e Jeep
Dia 3 marcaram-se 57 anos do início da produção oficial do VW 1200, o Fusca, no Brasil. Antes a operação local se dividiu entre a VW e a representante Brasmotor, mas era contida, simplória montagem. História importante, o Brasil foi o primeiro país para onde a VW se espraiou, e a resistência do pequeno e simplório carro era — e continua sendo no Brasil sem estradas asfaltadas — adequada ao país começando a ser amanhado pelas rodas. Fez-se presente por mais de 3 milhões de unidades.
E com data imprecisa, entretanto em 1941, nascia o Jeep, como exigência do estado norte-americano para veículo aplicável às operações na II Guerra Mundial — o conflito ainda estava do outro lado do mundo, mas como previsto chegou até estas bandas.
Projeto mágico e recordista: em uma semana o projetista Carl Probst, da fechada American Bantam deu forma e listou fornecedores para fazê-lo. E construiu-o em 44 dias. Deixou sem graça todas as grandes marcas, então insistindo na impossibilidade. Daí, a partir do projeto da Bantam, a Willys fez um modelo e a Ford, outro. Avaliados pelo governo chegou-se a um mix final, indo à produção em três versões. Bantam com morfologia própria, Willys e Ford quase iguais. Foi uma das ferramentas responsáveis pelo êxito dos Aliados no conflito.
Marca persiste e hoje é a parte mais rentável da operação norte-americana da FCA — a Chrysler comprou-a e a Fiat assumiu-a formando a FCA. Para comemorar, faz séries especiais para cada uma de suas famílias — Compass, Cherokee, Grand Cherokee, Renegade, Wrangler e Wrangler Unlimited. Variações de verde, rodas em liga leve pintadas em bronze, personalização na decoração interna.
Roda-a-Roda
Líder – Toyota manteve liderança mundial de vendas. Volkswagen, em marcha batida para ocupar a primeira posição, perdeu aceleração no último trimestre com o Dieselgate, problema com as emissões poluentes superiores às normas mundiais.
Polêmica – Alessandro Maccolini, responsável pelo estilo do novo Alfa Romeo Giulia contestou críticas do automóvel ter sido inspirado no BMW Série 3. Refutou dizendo ser a base de inspiração o mítico 156. O Giulia, apresentado ano passado, tem tido início de vendas adiado. Previsão é para maio/junho.
Será? – Polêmico Sergio Marchionne, chefe supremo da FCA, anunciou mudança de planos: deixa de procurar marca para associação — mais recente foi a GM —, e marcou data de aposentadoria: 2018, fim do programa de cinco anos, aos 63.
Foco – Teoria de Marchionne é simples: a briga de foice para sobrevivência em tempos de globalização passa por volumes. Conseguiu com a Fiat incorporando a Chrysler, e caminhando para vender 7 M de unidades em 2018.
Ação – Apesar das medidas de reconhecimento, investigação à questão das emissões superiores às normas legais, e reparos em curso para mitigar o problema, o governo dos EUA através da EPA, a agencia de proteção ambiental, intentou ação contra a matriz da Volkswagen.
… ações – Pretende recall a mais de 600 mil veículos sob a marca, incluindo VW, Porsche, Audi equipados com motores diesel L-4 2,0 e V-6 3,0. Multas pelo quantitativo alcançariam US$ 21 B. Ainda haverá muita discussão.
Del Año – FIPA, federação latino-americana de jornalistas especializados, elegeu os melhores ao olhar dos associados: Coche del Año, BMW Série 7; SUV del Año, Volvo XC90; Auto Eléctrico de 4 ruedas de Año FIPA 2016, Nissan Leaf; Auto Eléctrico de 3 ruedas del Año FIPA 2016, Kawasaki J; Auto Eléctrico Híbrido del Año FIPA 2016, Toyota Prius 1.8 Hybrid Plug-In;. Piloto del Año, argentino José Maria Pechito López, de rally.
Baixa – Novo governo argentino por Mauricio Macri reduziu os impostos sobre veículos. Haviam sido elevados dentro da torta óptica veno-bolivariana de fazer tesouro sobre o consumidor. A grosso modo calcula-se redução de preço final aos consumidores em 46 % sobre veículos importados e 25% sobre argentinos.
Mercado virará um tango entre estoque e novos, mas crescerá bastante.
Liderança – Disputa charmosa a traçada entre as marcas com veículos caros, os ditos Premium, mostrou a Audi na liderança, crescendo 40,4% em relação a 2014, comercializando 17.539 unidades, recorde nacional no segmento. Não é sorte ou dado episódico. Desde 2013, ao decidir fazer fábrica no Brasil, se prepara.
Mobi – Dito como descoberto por Car and Driver Brasil, Mobi será o nome do novo Fiat, o X1H, pequeno para suprir o espaço aberto pelo fim do Uno. Lançamento em abril/maio.
Classificação – Lifan, chinesa complementando veículos no Uruguai, vendendo-os no Brasil, feliz com o rótulo de BOM pelo sítio Reclame Aqui, ferramenta online para reclamação dos consumidores. Para a Lifan, assumindo sua marca ao antigo representante, Bom é ótimo.
Tecnologia – Para se harmonizar com o Mustang Shelby GT350R, o mais potente em cinquenta anos, Ford aplicou-lhe rodas em compósito de fibra de carbono.
Mais leves, melhoram a suspensão. Para isolar o material do calor gerado pelos freios, revestiu em plasma cerâmico utilizado nos ônibus espaciais.
Caminho – Prefeitura de São Paulo vetou licenciamento como táxis de carros com menos de 2,45 m de distância entre eixos. Decisão busca oferecer mais conforto aos passageiros. Na prática barra no baile o Chevrolet Classic e o Fiat Siena. A nova regulamentação exige ABS, duas almofadas frontais de ar, ar-condicionado e sistema de pagamento em cartão de crédito.
Razão – Reflete a concorrência com o serviço Uber, com carros e confortos superiores à frota dos táxis comuns, e inicia aproximar os dois conceitos.
Mudança – Branco se incluiu na ditadura do preto e prata como cores preferidas para veículos. Levantamento do sítio WebMotors diz nos últimos 12 meses a demanda pelos veículos alvos dobrou.
Giro – Assembleia Legislativa paulista aprovou boa ideia, apta a ser seguida por outros estados: entendimento entre órgãos executivos de trânsito e rodoviários para rápido trocar de informações e providências enviando a leilão público veículos apreendidos pelo Detran estadual.
Limpa – Quer resolver o assunto de falta de área de estacionamento, com estoque se acumulando por lentidão de procedimentos. Dá celeridade à nova definição por legislação federal: veículo apreendido e não reclamado em 60 dias, será enviado a leilão. Prazo curto significa menor desvalorização.
Proteção – Empresa Endure se instalou em Nova Lima, beiradas de Belo Horizonte, para aplicar blindagens opacas Nível IIA — armas de 9 mm e Magnum 44. Capital de Minas é o terceiro mercado da especialidade, com 5% das 12 mil blindagens/ano. Custo; entre R$ 40 mil e R$ 80 mil.
Evento – Nem Mercedes seminovo, nem automóvel antigo, preferidos para uso em casamentos. Noiva da Praia Grande, litoral paulista, chegou à igreja em ônibus urbano. Graça da Viação Piracicabana, onde trabalha.
Imprensa – Sítio argentino Autoblog festeja 10 anos. É dos melhores do setor, rico em informações, análises, testes, tudo em exaltada argentinidade. Tem, ainda, ação social recrutando apoios e meios a entidades desassistidas.
SP1 – 4 – Durante anos contaram-se apenas duas unidades restantes de VW SP1: uma, prata na fábrica VW, outra azul em Belo Horizonte. Há dias Coluna contou localização de unidade branca, no Rio de Janeiro. Agora, indica Enio Brandenburg, de Santa Catarina, há 4º. exemplar, verde Mentol, comprado em Porto Alegre, RS, único dono. O SP1 tem motor de 1.584 cm³, e o SP2, de 1.679 cm³, único motor VW boxer no Brasil com essa cilindrada.
Retífica RN – Derrapagem da Coluna passada. A proposta ao leitor de exibir nova gasolina é para a aditivada, que deveria se tornar padrão, acabando a produção da não aditivada. Petrobrás adiou e promete para o próximo ano.
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