Para recuperar o tempo perdido entre a saída do sócio chinês, e para contornar o encolhimento de vendas no mercado, Sérgio Habib, o representante nacional da JAC, atalhou o processo: postergou projeto de construir fábrica em Camaçari, BA e, para fazer a implantação industrial da marca, alugou galpão ocioso no mesmo município.
Quer iniciar a montagem dos T5 (foto acima), SAV com câmbio CVT, ao final deste ano, construindo pré-série, apresentando-o no Salão do Automóvel — outubro —, e fazendo estoque para iniciar vendas em 2017. Próximo ano projeta montar 20 mil unidades. Plano anterior, na dissolvida sociedade com o fabricante chinês, previa alcançar 100 mil T5.
Processo inicial é montagem simplória, subindustrialização, baixíssimo índice de nacionalização, incentivada pela regulamentação governamental Inovar-Auto.
Razão simples para a corrida pelo início da contida montagem de produtos com rótulo nacional é situação do mercado para a marca, hoje limitado às 4.800 unidades/ano, volume isento do pagamento extra de 30 pontos adicionais ao IPI. Os veículos montados localmente estarão fora da cota, terão menor preço, ampliarão volume de vendas, permitindo expansão da rede de revendedores, contraída a 30 lojas, menos da metade da anteriormente existente.
Brasil tem representante na FIA
Poderosa FIA, Federação Internacional do Automóvel, não se envolve apenas com corridas, tendo amplo espectro de ação. É, por exemplo, uma das mantenedoras da Euro e Latin NCAP, institutos de pesquisa em segurança veicular, incluindo os crash tests, parâmetro e cobrador da indústria automobilística. Outro campo, os assuntos de veículos antigos, para o qual tem conselho com 28 membros escolhidos mundialmente.
Brasil volta a ter assento nesta câmara com a nomeação de Mariozinho – Mário Raul Armando Leão, 82, usineiro, colecionador alagoano, de grande vivência com marcas de estirpe, e reconhecido como o maior conhecedor brasileiro das carrocerias especiais, característica do período anterior à II Guerra Mundial.
Curiosidade no pedaço, notícia seria desconhecida no meio antigomobilístico brasileiro, onde não foi festejada, e passaria desapercebida não fosse a história ter sido levantada pelo jornalista Fábio Amorim, da Gazeta de Alagoas. Novo membro é homem educado, gosto refinado entre Rolls-Royce e Bentley, e é discreto, sem louvações à vaidade.
RODA-A-RODA
Atraso – Novo atraso na produção dos Alfa Romeo Giulia, entretanto com definição do início de recebimento de pedidos nos revendedores europeus: 14 de abril. Sergio Marchionne, chefe da marca, disse no Salão de Genebra, demora foi para ter o produto perfeito.
Desafio – Conversa charmosa, levantou bandeira de referência: “só começaremos com a mesma qualidade dos alemães— sem isto o esforço não terá valido a pena “.
Versões – Confirmou também, versões Quadrifoglio, com motor V6, dois turbocompressores, circa 500 cv, e quatro cilindros 2,0 a gasolina, turbo, e 2,2 diesel para a Europa.
Preço – Versão de topo será oferecida a 79 mil euros — uns R$ 335 mil — lá. Preços e produto miram BMW series M3, Mercedes AMG e Audi S. Nos EUA, mercado fundamental e desafiante para onde volta após 20 anos, mais barato, US$ 70 mil — uns R$ 295 mil. Na categoria é o de melhor dotação tecnológica.
Mais – Em seguida ao Giulia, sobre a mesma plataforma, a Giorgio, base do Maserati Levante, SUV da marca do tridente, Alfa terá veículo equivalente, o Stelvio. Apresentação no Salão de Los Angeles, novembro, vendas 2017.
Dano – Audi lançou contabilmente as perdas com os problemas dos motores diesel de emissões acima do limite, e recall dos airbags Takata: lucro operacional caiu 6,1%, a 4.84 B euros, e margem de lucro desceu de 9,6 a 8,3%.
Também – VW adiou entrevista coletiva de imprensa para apresentação do balanço anual, mas embora sem números, sua auditoria tem convicção: serão insuficientes os 6,7B de euros destacados para resolver o problema.
Novo ciclo – Enquanto a Google corre a contratar engenheiros e especialistas em automóveis para entrar no mercado dos carros autônomos, o ágil chefe da FCA, ítalo-canadense Sergio Marchionne se declarou fã da Apple, e dispôs as empresas para fornecer-lhe a parte automobilística.
Pick-Up – Ausência no portfólio, oportunidade mercadológica, capacidade industrial, pressão de consumidores levou a FCA a desenvolver o picape Wrangler, feito sobre o Jeep homônimo, com nova edição para 2017. Fórmula simples, reedição de produto surgido ao início dos anos ’50. No Brasil chamou-se Picape Jeep e, depois. F 75.
Base – Novo Wrangler terá grande percentual de peças em alumínio para reduzir peso. FCA seguiu trilha aberta pelo Ford F-150, picape mais vendido do mundo, com enorme adição de alumínio. Atendendo a protestos locais, será feito na velha fábrica Jeep, em Toledo, Ohio. 2018.
Disputa – VW é a marca mais vendida no mercado argentino, GM a segunda. Esta, para tomar vendas à líder, baixou preços em até 40 mil pesos – uns R$ 10 mil. Resposta foi no dia seguinte.
Corte – VW anunciou cortar, durante março, 32 mil pesos — + R$ 8 mil, uns 14 % — no Gol versão Trend, lá custando R$ 50 mil. É o modelo ora antigo no mercado brasileiro, mas estoque físico e em deslocamento para a Argentina.
Futuro – Mauricio Macri, presidente da Argentina, inaugurou ampliações na Toyota, aumentando capacidade de produção em quase 50% — de 92 a 140 mil unidades ano. Investimentos de US$ 800M, 1.000 empregos diretos e indiretos.
Mais – Toyota passa a produzir na Argentina o eixo traseiro dos picapes e SW4, atingindo 60% no índice de nacionalização.
Regra – Festa hígida, simples, sem as bandas de música tocando para partidos e sindicatos, como ocorria dos governos Kirchner.
Confirmado – Nissan em providências para ter pronta sua estrela maior como patrocinadora dos Jogos Universitários Rio 2016. É o pequeno crossover Kicks, de protótipo exibido nos Salões do Automóvel de São Paulo 2014 e Buenos Aires 2015. Grande esperança para alavancar vendas da marca.
Automóvel – Após lançar o crossover ASX, Mitsubishi apresenta a versão S. O misto entre SAV e automóvel aponta nesta direção, mais carro de passeio, distante de veículo para arrostar dificuldades.
Diferenças – Teto pintado em cinza Londrino — utilizado nos Troller —, faróis com máscara negra, rodas leves em aro 18”, assinatura luminosa sobre o para-choque dianteiro, bancos frontais aquecidos, revestimento em couro mais tecido. Chaves na mão, quase R$ 121 mil. Só 200 unidades.
Extreme – Após criar versão Extreme para linha de picapes Strada, Fiat estendeu-a a irmãos de linha: Weekend, Idea e Adventure. Rótulo é aplicado por conta de central de multimídia, com tela 15 cm, câmera de ré, e outras facilidades de som e conectividade, controles no volante. Preços da Série Especial Adventure Extreme: Weekend Adventure R$ 70.180; Idea R$ 70.380; Doblò R$ 84.370.
Chery – Luiz Curi, vice presidente da Chery, informou à Coluna ter postergado o início da produção do novo QQ, segundo produto da empresa instalada em Jacareí, SP. Será em abril, perdendo o mês de março. Atraso é consequente à greve havida na empresa por demissão realizada por fornecedor terceirizado.
Final – Será produto final, apto à venda pela rede de distribuição. Pré-série já construída, métodos e máquinas ajustados, tudo pronto para iniciar fabricação. Chery faz o Celer e queda do mercado contraiu seu projeto a 10% da capacidade industrial.
Fato – Histórias das fábricas chinesas de automóveis no Brasil — Chery e JAC — lembram aquele brinquedo dos antigos parques de diversão, o trem fantasma: cada curva um susto.
Alívio – Bem-sucedida iniciativa envolvendo governo federal, Anfavea — associação dos fabricantes de veículos —, e 10 de seus associados, pode resultar vendas de 145 mil automóveis, 65 mil caminhões e 17 mil ônibus ao Irã.
Quanto – Número de caminhões significa 6 meses da produção projetada para este ano. Quanto a ônibus, segmento com as maiores perdas, volume pretendido supera a projeção anual para o segmento.
Vem aí – Carros autônomos, os capazes de ser controlados por aparatos eletrônicos, em condução externa, parece história de distante factibilidade. Notícias há: testes; interesse das gigantes Apple e Google entrarem no setor; pequenos acidentes.
Bola – Não serão veículos convencionais, devem traçar caminho próprio a partir dos conceitos e formas hoje existentes. Novidade atestatória pela Goodyear mostra isto: desenvolveu para eles um pneu esférico, o Eagle 360.
Muda – Não rodará, mas elevará o automóvel do solo por campo magnético. De todas as dúvidas, algumas parecem dirimidas: o conforto de deslocamento e a manobrabilidade, sem atrito com o solo, girando em todas as direções.
Ciclo – Décadas após instalar-se no país, VW volta aos procedimentos de origem: orienta fabricantes de autopeças. No caso, noções operacionais, de gerenciamento, processos éticos, ecologia, sustentabilidade e sua maneira empresarial de funcionar.
Fora – Não são fornecedores da fabricante, mas subfornecedores e vendedores ao mercado de reposição. Entende, iniciativa fortalecerá parque industrial. Chega a ser curioso: em época de crise, prejuízos, contração de despesas, aposta no futuro. Aparentemente VW tem programa de longo prazo.
Conquista – Mercedes-Benz fez venda referencial para a transportadora Girteka Logistics, da Lituânia: 1.000 unidades do caminhão Actros, mais completo e caro da marca. Junto, os serviços FleetBoard, controlador de eficiência operacional de caminhão e operador.
Acesso – Retração nas vendas provoca crescimento pela opção consórcio como forma de poupança. O do Magazine Luiza cresceu 41% nos dois últimos anos.
Proteção – Ferrari apresentou em Barcelona, Espanha, protótipo do Halo, arco de proteção ao piloto em acidentes. Kimi Räikkönen, da marca, disse não haver sensível diferença na condução do carro, exceto a mancha negra acima do olhar.
Já vi – O Halo parece inspirado na construção/escultura da Praça da Apoteose, no Sambódromo carioca, criações do arquiteto Oscar Niemeyer.
Corridas – Pirelli fornecerá pneus aos caminhões da Fórmula Truck em 2016. Estreará os novos radiais FR-01 na medida 295/80R22,5 próxima semana na abertura da temporada, em Santa Cruz do Sul, RS.
Aniversário – BMW comemorou 100 anos dia 7 de março. Destes, 50 sob comando da família Quandt, responsável pelo grande processo de expansão. Hoje marca produz motos BMW e automóveis Mini e Rolls-Royce. Tem recente fábrica no Brasil. Curiosamente não comemorou ou divulgou volume de produção total.
Gente – José Luiz Gandini, presidente da Kia, deve ser eleito presidente da Abeifa, associação reunindo importadores e fabricantes de veículos. OOOO Chapa única, Vice, Luis Resende, presidente da Volvo Cars. OOOO Joseph Massaro, 46, promoção. OOOO Novo chefe financeiro da Dana, gigante de autopeças. OOOO Era vice-presidente e Controlador Geral. OOOO Carlos Dourado, administrador, bacharel em direito, MBA em Marketing, novo diretor de vendas da Dana Brasil. OOOO Larga experiência no setor incluindo passagens pelo exterior. OOOO Chase Morsey, 96, estatístico, passou. OOOO Era o último dos Whiz Kids, grupo de elite levado à Ford quando Henry II assumiu. OOOO Considerado o salvador do motor V-8, soube dos planos da companhia em retirá-lo de produção para a modelia 1952, fez cálculos, projeções, e provou a viabilidade de mantê-lo. OOOO Estava certo. OOOO Ganhou relevo, posições, e chefiou um departamento de espionagem industrial. OOOO
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