Recapitulando os testes do Renault Logan de motor 1,6-L e câmbio manual, só o Bob o havia testado por ocasião do lançamento da atualização em novembro de 2013 e eu, o Dynamique 1,6 com câmbio robotizado Easy’R em janeiro de 2015. Faltava o “no uso” do intermediário Expression com o mesmo motor e câmbio manual, e para isso solicitamos um à Renault.
Com a atualização ocorrida há menos de três anos, o Logan ficou mesmo mais atraente e passou a combinar as características do primeiro, de 2007, como espaço interno e porta-malas de grande capacidade, acrescido encosto do banco traseiro rebatível, inexistente até então. A robustez aliada ao bom comportamento dinâmico combinado com o rodar macio se mantiveram, porém com um envelope bem mais ao gosto do consumidor brasileiro
Anda razoavelmente bem, como 0 a 100 km/h em 11,9/11,6 segundos (G/A) e atinge 178/180 km/h (G/A), segundo a Renault. Seu câmbio, de comando a varão porém preciso de seleção e com curso de engate adequado, é um exemplo de cálculo perfeito para um cinco-marchas plenas, em que a velocidade máxima coincide com a rotação de potência máxima, 5.250 rpm. Com v/1000 de 34,3 km/h, a 120 km/h (verdadeira) segue a 3.500 rpm. Não é ideal, mas não chega a incomodar.
O motor é suave e silencioso em rotações baixas e médias, mas nem tanto em altas, e é bastante elástico — torque máximo de 14,5/15,5 m·kgf a baixas 2.850 rpm —, daí que ele se torna leve para guiar; responde bem desde baixo giro e retoma velocidade com ligeireza mesmo sem precisar reduzir marcha sempre.
O consumo oficial Inmetro/PBEV indica 10,7/12,6 km/l cidade/estrada com gasolina e 7,5/8,7 km/l, idem, com álcool. Com este combustível, pelo computador de bordo (de série) obtive entre 8 e 8,3 km/l no uso urbano e 9,5~10,2 km/l na estrada, melhor do que o número declarado. Não é campeão de economia, tanto que recebeu nota C na categoria e B na classificação geral, mas não se pode dizer que não é econômico.
Ele pesa 1.080 kg e sua potência máxima é de 98/106 cv (G/A), resultando numa relação peso-potência de 11/10,2 kg/cv, o que lhe dá boa aceleração. E sua velocidade máxima só não é maior porque seu arrasto aerodinâmico não é dos mais baixos, com Cx 0,34.
O motor de comando único tem duas válvulas por cilindro com atuação indireta por alavancas-dedo mas sem compensação hidráulica de folga; a injeção é no duto. Como se vê, nada das últimas modernidades, mas mesmo assim sua potência específica é de 61,3/66,3 cv/litro, dentro do aceitável para essa arquitetura de motor. O K7M é um motor robusto e até que “gosta” de ser atiçado ao giro alto (o corte “sujo” de rotação é a 6.000 rpm, adequado). Agrada quando se deseja uma tocada mais rápida.
A suspensão está corretamente acertada para o perfil de sedã familiar. Macia, isola bem os ocupantes de pisos ruins, e é silenciosa. Não é nada mole, oscilante. Logo após exigido em curvas, desvios abruptos, mudanças de faixa etc., de pronto o carro se estabiliza. É McPherson na frente, com barra estabilizadora, e por eixo de torção atrás com barra estabilizadora integrada. Simples e eficiente. É bom de chão, bom de estrada, pode-se viajar rápido sem cansaço, e faz curvas sem apresentar surpresas. Próximo ao limite tende a sair de frente, como era esperado — e desejado — pelo fabricante, mas tudo dentro da normalidade, o que considero uma qualidade. Os freios a disco ventilado na dianteira e a tambor na traseira são eficientes e de boa modulação.
Como dito acima, o comando do câmbio é a varão, mas não há do que reclamar, já que se pode mudar marchas só com dois dedos, como se coçássemos a cabeça de um passarinho. O volante tem aro grosso e só regulagem de altura, o que para o meu biotipo exige ficar com as pernas encolhidas para ter o volante à distância correta, e isso me incomoda, principalmente em viagens (outros, como o Bob, encontram boa posição de dirigir). Há regulagem de altura do banco do motorista e da altura da ancoragem dos cintos dianteiros. Há ótimo espaço para os que vão atrás, e bom conforto também, a densidade da espuma dos bancos é baixa, bem escolhida.
Os instrumentos são de difícil leitura de dia e com luzes desligadas, e o grafismo poderia ser melhor, é algo poluído e não há ajuste da intensidade de sua iluminação. A ampla área envidraçada e o ambiente claro e acolhedor do Logan agradam.
Os pedais são bem posicionados, o punta-tacco sai naturalmente, o freio tem boa assistência e sua modulação é fácil; a embreagem é leve, não cansa no anda e para. A assistência de direção é hidráulica, mas ela apresenta bom peso, nem leve nem pesada.
O modelo testado, versão Expression, tem preço sugerido de R$ 50.400, mas estava com o opcional Techno Pack (áudio CD MP3 2DIN, conexão USB/Auxiliar/Bluetooth) de R$ 1.300, total R$ 51.700. Vem com ar-condicionado, acionamento elétrico dos vidros dianteiros um-toque, computador de bordo, alarme perimétrico, iluminação no porta-malas, desembaçador do vidro traseiro, travas elétricas com travamento automático a 6 km/h, entre outros equipamentos.
O modelo está há nove anos no mercado, passou por profunda atualização no final de 2013 e goza de boa reputação pela sua resistência e características gerais, entre elas a comodidade. Não é dos mais vendidos (24º lugar), mas para quem está atrás de um sedã médio-compacto, é uma boa escolha.
AK
Aqui, o vídeo:
AK
FICHA TÉCNICA NOVO LOGAN EXPRESSION 1,6 | |
MOTOR | |
Tipo | 4 tempos, 4 cilindros em linha, comando de válvulas no cabeçote, correia dentada, atuação indireta sem compensação hidráulica de folga, duas válvulas por cilindro, bloco de ferro fundido, cabeçote de alumínio, flex |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Diâmetro x curso | 79,5 x 80,5 mm |
Taxa de compressão | 12:1 |
Potência | 98 cv (G) e 106 cv (A) a 5.250 rpm |
Torque | 14,5 m·kgf (G) e 15,5 m·kgf (A) a 2.850 rpm |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo dianteiro manual de 5 marchas |
Relações das marchas | 1ª 3,73:1. 2ª 2,05:1; 3ª 1,32:1; 4ª 0,95:1; 5ª 0,76:1; ré 3,55:1 |
Relação do diferencial | 4,36:1 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular inferior, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora integrada ao eixo |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência hidráulica, diâmetro de giro 10,6 m |
Voltas entre batentes | 3,4 |
FREIOS | |
Dianteiros | A disco ventilado de Ø 259 mm |
Traseiros | A tambor de Ø 203 mm |
Circuito hidráulico | Duplo em “X” |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço 5Jx15 |
Pneus | 185/65R15 |
DIMENSÕES | |
Comprimento | 4.349 mm |
Largura sem/com espelhos | 1.733/1.994mm |
Altura | 1.529 mm |
Distância entre eixos | 2.635 mm |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo | Monobloco em aço, sedã, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro |
AERODINÂMICA | |
Cx | 0,34 |
Área frontal (calculada) | 2,12 m² |
Área frontal corrigida | 0,72 m² |
PESO E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha | 1.080 kg |
Porta-malas | 510 litros |
Tanque de combustível | 50 litros |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h | 11,9 s (G) e 11,6 s (A) |
Velocidade máxima | 178 km/h (G) e 180 km/h (A) |
CONSUMO INMETRO/PBEV | |
Cidade | 10,7 km/l (G) e 7,5 km/l (A) |
Estrada | 12,6 km/l (G) e 8,7 km/l (A) |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª | 34,3 km/h |
Rotação a 120 km/h em 5ª | 3.500 rpm |
Rotação à velocidade máx. 5ª | 5.250 rpm |
Alcance nas marchas (6.000 rpm) | 1ª 42 km/h; 2ª 76 km/h; 3ª 118 km/h; 4ª 165 km/h |
MANUTENÇÃO E GARANTIA | |
Revisões/troca de óleo | A cada 10.000 km |
Garantia | 3 anos ou 100.000 km |