Destaque: o excelente câmbio automático que além de ter 6 marchas está perfeitamente programado para obter o melhor aproveitamento do motor de 1,4 litro.
O Prisma LTZ veio abastecido com gasolina, ou melhor, veio com 73% de gasolina e 27% de álcool, já que gasolina de verdade, que honre o nome, a maioria dos brasileiros nunca viu e muito menos queimou. E mesmo assim, com essa alquimia tupiniquim, fez 13,5 km/l na estrada. E isso numa tocada rápida, sem refresco, em ritmo de teste, onde volta e meia o giro subiu a patamares não costumeiros, o que me leva a crer que ele passe fácil dos 14 km/l e beire os 15 km/l na estrada em ritmo normal.
Na cidade tem feito entre 10 e 12 km/l, muito econômico, portanto; ainda mais por ter câmbio automático, que mesmo sendo dos mais modernos ainda provoca um pequeno aumento de consumo em relação aos de câmbio manual ou robotizado. Com gasolina de verdade, da boa, que só os não-brasileiros têm o direito de queimar, poderíamos colocar aí mais 15 ou 20 % de rendimento, ou seja, algo como 16 ou 18 km/l na estrada. O tanque de 54 litros, diante do baixo consumo, está de bom tamanho.
O consumo oficial Inmetro é 11,9/14,7 km/l cidade/estrada com gasolina e 8,1/10,2 km/l, idem, com álcool.
Coloco o câmbio automático de 6 marchas como destaque porque seu excelente trabalho vem comprovar o que venho percebendo há algum tempo: hoje, com os recursos tecnológicos que há, um moderno e bom câmbio automático tira de um pequeno motor um desempenho que alguns motoristas não saberiam tirar caso o câmbio fosse manual.
O motor 1,4 8V SPE/4, de 2 válvulas por cilindro, 1.389 cm³, desenvolve 98/106 cv a 6.000 rpm e 13/13,9,0 m·kgf a 4.800 rpm (números com gasolina vêm antes, padrão AE). Para os padrões atuais, não é um monstro em potência específica; são só 70,5/76,3 cv/l, e também não é nenhum fenômeno em elasticidade, já que 4.800 rpm é um giro alto para pico de torque num motor sem variador de fase de comando. Nota-se o seu potencial relativamente modesto dirigindo-o no modo manual, onde ficam lentas as retomadas em marchas altas, mas tudo isso é perfeitamente contornado pelo excelente trabalho do câmbio quando em modo automático, que não hesita em baixar marcha.
Em seguida a esse teste vamos pegar a versão manual, que também é de 6 marchas a partir deste ano-modelo 2017, e será a oportunidade de avaliar melhor essa questão da elasticidade.
O motor é bom, suave, silencioso e econômico. O que ele precisa é de um pouco mais de giro, e isso o câmbio automático providencia com presteza.
À mais leve acelerada o câmbio já reduz marcha e o giro entra na sua faixa de boa potência, acima de 4.000 rpm, e o Prisma ganha velocidade rápido. Por exemplo: na estrada, a 120 km/h reais em 6ª e última marcha, o giro é 2.950 rpm. Uma leve acelerada e o câmbio prontamente seleciona 5ª e se ganha velocidade. Uma acelerada mais forte e é a 4ª que entra, resultando numa aceleração convincente.
O câmbio é rápido, o que torna o Prisma leve, ágil, mais rápido de respostas e agradável de dirigir que outro que, mesmo tendo maior potência, tenha um câmbio não tão eficaz. As primeiras marchas são curtas. A 1ª vai a ao redor de 40 km/h, a 2ª a 60 km/h e a 3ª a 95 km/h. O fato de ter tantas marchas, seis, também ajuda, principalmente em proporcionar trocas suaves, já que quanto mais marchas menor fica a diferença de giro entre uma e outra. Sendo assim, no Prisma, na maior parte do tempo não se sabe em que marcha se está. Para saber, traz-se a alavanca de câmbio uma posição mais atrás, para o modo M, manual, e aí no painel aparece qual a marcha uso, por exemplo, M4, 4ª.
Daí em diante as trocas são manuais são feitas pela tecla na lateral esquerda do pomo da alavanca seletora, onde clicar o lado de cima sobe marcha e o de baixo, reduz. Mesmo no modo manual, ao atingir 6.100 rpm ele automaticamente sobe marcha; não vem corte, que segundo a fabricante é a 6.300 rpm.
Cabe salientar que este não é o comando ideal para trocas manuais, servindo mais para selecionar marcha mais baixa no caso de se desejar freio-motor numa descida de serra do que “brincar de piloto”. Para isso é mais conveniente a alavanca de toques para frente/trás ou borboletas no volante.
Uma particularidade desse automático, quando em Drive, é não adiantar acionar a tecla do comando manual, ele não obedece, ignora. Eu gostaria que mesmo em Drive ele obedecesse, como ocorre em muitos outros câmbios, já que isso ajuda numa descida de serra ou em trechos sinuosos, onde um pouco antes de uma curva, durante ou após a freada, pode-se querer baixar marcha, preparando o carro para a marcha certa de contorno. Isso dá maior controle e, por conseguinte, maior esportividade ao carro. Afinal, entre um e outro, o carro mais esportivo não é aquele que corre mais, mas sim o que mais total, pronta e corretamente obedece. Mas no caso do Prisma isso se resolve passando para o modo manual; é só o jeito dele.
O rodar é macio, a suspensão é silenciosa e justa, trata bem os ocupantes e absorve bem as imperfeições do piso. Passa bem pelas lombadas, permitindo transpô-las rápido — bem no estilo que só nós, brasileiros, por força do hábito e necessidade aprendemos a fazer — sem danificar a suspensão. Palmas aos engenheiros de suspensão brasileiros! Só eles para fazerem carros que conseguem atender demandas antagônicas, como fazer um carro bom de curva, estável, agarrado à estrada, robusto e… macio. O Prisma está muito bom nisso.
Na frente, McPherson com barra estabilizadora e na traseira, eixo de torção, sem barra. Rola pouco nas curvas, no ponto, portanto a suspensão é correta. É muito bom de curvas de baixa e média velocidade, onde é praticamente neutro, e somente bom nas de alta (quando digo alta é alta mesmo).
Na estrada vai muito bem, macio, estável, silencioso, motor girando baixo e econômico. É confortável, bons bancos, com bom espaço e conforto para os de trás. Vale notar os ótimos pneus 185/65R15H Bridgestone Ecopia EP150. Têm perfil correto para as condições de nossas ruas e estradas; nada dessa desarrazoada mania de perfil “fita isolante” , onde o pneu é duro, áspero, e com “rodão lindão”. Peguei tremenda chuva e impressionou o quanto agarravam; parecia que estava no seco.
O banco do motorista tem regulagem de altura, mas poderia baixar um pouco mais. Como é atende à maioria dos consumidores, mas não custava nada atender também à minoria: eu. O volante só tem regulagem de altura, porém está na distância correta. A posição de dirigir, afinal, é boa, confortável, e os comandos estão bem à mão, ao alcance fácil, e são intuitivos. Só no tato sabe-se o que se está fazendo; acioná-los não faz tirar a atenção da estrada, mesmo à noite.
O freio é bom de dosar, progressivo, suave; o mesmo para o acelerador. A direção ganhou assistência elétrica indexada à velocidade, bem leve em manobras e de peso consistente na estrada. E é rápida, relação 15,9:1, 2,9 voltas entre batentes, no ponto.
O porta-malas é dos grandes, 500 litros, e o encosto do banco traseiro rebate, mas não é dividido. As dobradiças da tampa tipo pescoço-de-ganso são inconvenientes por poderem amassar as bagagens que ficam no seu caminho. Seria bom revisarem isso, se possível.
O Cx, coeficiente aerodinâmico, é 0,33, razoável para um sedã de 4.282 mm de comprimento, e quase não há ruídos aerodinâmicos. O que há é falta de melhor isolamento fonoabsorvente, em asfalto rugoso o ruído dos pneus chega a incomodar.
Ele tem ainda o multimídia MyLink de segunda geração, com projeção para Car Play e Android Auto. Permite usar aplicativos da Apple e Google. O serviço OnStar da versão LTZ inclui localização e orientação por GPS, socorro e manutenção.
Eu nunca havia sequer entrado num Prisma, mas depois de usá-lo por alguns dias na cidade e nas estrada, passei a olhá-lo com outros olhos e com muita simpatia. Ele é realmente agradável de dirigir e perfeitamente adaptado às condições que vai enfrentar. Não é à toa que é o segundo sedã mais vendido no Brasil. A GM brasileira parece ter voltado a acertar a mão.
Preço do modelo testado: R$ 64.690
AK
Nota: vídeo incluído em 26/08/2016.
FICHA TÉCNICA CHEVROLET PRISMA LTZ AT | ||
MOTOR | ||
Designação | 1,4 SPE/4 ECO | |
Tipo | Ignição por centelha, 4 tempos, flex | |
Instalação | Dianteiro, transversal | |
Material do bloco/cabeçote | Ferro fundido/alumínio | |
N° de cilindros/configuração | 4 / em linha | |
Diâmetro x curso | 77,6 x 73,4 mm | |
Cilindrada | 1.389 cm³ | |
Aspiração | Atmosférica | |
Taxa de compressão | 12,4:1 | |
Potência máxima | 98 cv (G), 106 cv (A), a 6.000 rpm | |
Torque máximo | 13 m·kgf (G), 13,9 m·kgf (A,) a 4.800 rpm | |
N° de válvulas por cilindro | 2 | |
N° de comandos de válvulas /localização/acionamento | 1 / cabeçote / correia dentada | |
Acionamento de válvulas | Indireto por alavancas-dedo com fulcrum hidráulico | |
Formação de mistura | Injeção eletrônica no duto | |
Comprimento da biela/relação r/l | 137,3 mm / 0,268 | |
Rotação de corte (limpo) | 6.300 rpm | |
ALIMENTAÇÃO | ||
Combustível | Gasolina e/ou álcool | |
SISTEMA ELÉTRICO | ||
Tensão | 12 V | |
Bateria | 50 A·h | |
Alternador | 100 A | |
TRANSMISSÃO | ||
Rodas motrizes | Dianteiras | |
Câmbio | Transeixo automático de 6 marchas mais ré | |
Relações das marchas | 1ª 4,449:1; 2ª 2,908; 3ª 1,893:1 4ª 1,446:1; 5ª 1:1; 6ª 0,742:1; ré 2,871 | |
Relação de diferencial | 3,72:1 | |
Relação do conversor de torque | 1,742:1 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico, duplo circuito em diagonal, servoassistido, ABS | |
Dianteiro | A disco ventilado Ø 240 mm | |
Traseiro | A tambor Ø 200 mm | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra estabilizadora | |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida indexada à velocidade | |
Relação de direção | 15,9:1 | |
Voltas entre batentes | 2,9 | |
Diâmetro mínimo de curva | 10,3 m | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Alumínio 5,5Jx15 | |
Pneus | 185/65R15H | |
PESOS | ||
Em ordem de marcha | 1.085 kg | |
Carga máxima | 375 kg | |
CARROCERIA | ||
Tipo | Monobloco em aço, sedã 4-portas e 5 lugares | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto | Cx 0,33 | |
Área frontal (calculada) | 2,320 m² | |
Área frontal corrigida | 0,765 m² | |
DIMENSÕES EXTERNAS | ||
Comprimento | 4.282 mm | |
Largura sem/com espelhos | 1.705/1.964 mm | |
Altura | 1.478 mm | |
Distância entre eixos | 2.528 mm | |
CAPACIDADES | ||
Porta-malas | 500 litros | |
Tanque de combustível | 54 litros | |
DESEMPENHO | ||
Velocidade máxima | 180 km/h (G e A) | |
Aceleração 0-100 km/h | 12,9 s (G) e 12,2 s (A) | |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (INMETRO/PBEV) | ||
Cidade | 11,9 km/l (G) e 8,1 km/l (A) | |
Estrada | 14,7 km/l (G) e 10,2 km/l (A) | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 5ª/6ª | 30,2/40,7 km/h | |
Rotação a 120 km/h em 6ª | 2.950 rpm | |
Rotação à vel. máxima (5ª) | 5.960 rpm |