Viajar uma distância grande com um carro mostra detalhes que podem passar despercebidos em um uso mais breve. O Toyota Etios era um carro que eu precisava conhecer melhor. Seguindo uma idéia básica que o Bob Sharp sempre difunde conosco, de que “hoje não existe mais carro ruim”, embarquei no menor modelo da Toyota brasileira com uma boa expectativa, fruto das avaliações anteriores que foram feitas e apresentadas no AE. Veja os links para essas matérias no final, recheadas de informações e detalhes, que tentarei não repetir aqui. Há também uma galeria de fotos turísticas.
Foi maravilhoso então “sobrar para mim” a única combinação motor-câmbio que faltava avaliar, o motor 1,5-litro com câmbio manual de seis marchas (dancinha de alegria, uhuuuu !!!!!), e uma viagem durante as férias escolares. E lá fui eu com a família para Vitória (ES), rodar 2.400 km e fazer um passeio com muitas coisas interessantes, além do carro.
Comecei a dirigir o Etios já saindo de casa, na Zona Sul da capital paulista, e indo em direção ao Rio de Janeiro, utilizando o eixo das Avenidas Roque Petroni, Vicente Rao e Cupecê (a mesma avenida, apenas trocando de nome devido às inúteis decisões dos vereadores paulistanos), para entrar na Rodovia dos Imigrantes, depois o Rodoanel e finalmente a Rodovia Ayrton Senna e depois Carvalho Pinto. Uma tremenda volta com uns 50 quilômetros a mais do que eu poderia rodar, caso não houvesse o famigerado rodízio de veículos, outra inutilidade aprovada há muito tempo — 19 anos! — pelos nocivos vereadores paulistanos.
Lentidões normais para um meio de semana, mas tudo livre depois de entrar na Imigrantes, já de cara percorrendo 13 km/l com gasolina mesmo com as variações no ritmo, devido aos motoristas mais lentos que os lentos limites. Nunca vou entender como conseguem ser tão inconvenientes. Parecem vereadores.
Ao entrar na estrada, 120 km/h, e mantive em sexta para ver como acelerava. Sem enfrentar subidas, vai muito bem, mesmo com essa marcha bem longa. Quando precisa-se acelerar mais, a quinta já ajuda bem, mas a quarta é mais de acordo. E nada de ruído excessivo, nem de motor e nem de rodagem, algo notável para carros mais simples e sem isolamentos de carros de luxo.
Até depois da divisa com o estado do Rio de Janeiro, onde abasteci, o motor consumiu pouco, estava com gasolina, fazendo 16 km/l na estrada. Continuei com gasolina para maior autonomia, já que iria parar para pernoitar apenas em Campos dos Goytacazes, RJ, e não queria abastecer de novo antes de chegar por lá.
Como não costumo ir ao Rio, minha dica para quem também não está acostumado. Abasteça antes de cruzar a divisa de estado, pois a gasolina que ronda os R$ 3,80 no trecho paulista da Dutra, passa magicamente dos 4 reais no estado fluminense. Artimanhas de ICMS, que políticos adoram, e que são uma das desgraças do Brasil.
O tanque de 45 litros é pequeno, mas permite boa autonomia se não se andar com pé no fundo ou marchas curtas onde não é preciso. Chegamos com mais de ¼ de tanque, mesmo pegando um congestionamento olímpico na Av. Brasil, na entrada do Rio, até perto do acesso à ponte Rio-Niterói, fruto de falta de faixas de rolamento para a enorme quantidade de veículos. Os Jogos Olímpicos fizeram alterar as faixas de rolamento na Avenida Brasil por onde passamos, e mais várias outras vias principais da cidade. Há faixas verdes, vermelhas e uma enorme quantidade de regras prontinhas para fazer o motorista cair em um armadilha e ser multado. Tem faixa para delegações, para transporte coletivo, táxis, veículos de serviço, alguns não podem se misturar com outros, o transporte coletivo normal tem prioridade, e por aí vai. Durante o evento esportivo, tudo bem, tem lógica, entendo, mas nesse dia, mais de duas semanas antes, o inferninho de “faixa que não podemos rodar” já estava armado e funcionando. Um horror típico de administrações desprezíveis, que não são exclusividade de São Paulo.
Deixando a Cidade Maravilhosa, pé no fundo onde fosse possível, para chegar ao destino do dia em horário hábil a uma refeição decente e descanso.
Nesse dia o carro já estava sujo, pois pegamos algumas chuvas no trajeto, portanto, desculpem os leitores pelas fotos, mas avaliações “no uso” não mascaram os sinais dos quilômetros rodados. Foi fácil de verificar uma crítica do Bob sobre o limpador pantográfico de braço único. O lado esquerdo do vidro fica com uma faixa larga, cerca de 5 cm, sem que a palheta o limpe, o que atrapalha a visibilidade em chuva. Deve-se tomar cuidado em trânsito de cidade principalmente, pois a largura da coluna A e mais essa parte do vidro são suficientes para encobrir um pedestre, por exemplo. Fotografei esse detalhe com o carro bem sujo e de volta a São Paulo, e é facilmente visível na foto abaixo.
No dia seguinte, caminho até Guarapari, no estado do Espírito Santo, com parada em uma área de descanso da concessionária da estrada, de onde é possível avistar o morro O Frade e a Freira, incríveis, e muitas outras montanhas que os paulistanos não estão acostumados.
Com banheiro limpo e água grátis — mas o café tinha acabado — conversamos com uma simpática funcionária que nos sugeriu uma visita à cidade de Anchieta, fundada pelo Padre José de Anchieta, que agora é Santo. Local muito interessante da história do fundador de São Paulo e que muito trabalhou para a igreja católica mais de cinco séculos atrás.
No Santuário Nacional São José de Anchieta há peças sobre o período de atividade do padre, o quarto (chamado de cela) em que ele veio a falecer, história da vila que hoje leva seu nome, peças religiosas e de arte do local, enfim, muita informação de valor.
Na beira da praia, algumas fotos de um lugar tranquilo, mas o tempo não ajudava, com o sol escondido. No final da tarde chegamos a Guarapari, para pernoitar numa pousada de acesso complicadinho, e passeio na região com o carro já rodando com álcool para saber como se comportava. O consumo sobe, mas nada que nos faça ter saudades da gasolina, já que andar em cidade, ir e vir procurando os lugares corretos, paradas e etc, permitiu 10 km/l fácil, o que é muito bom para trânsito urbano.
Uma esticada rápida para fora da cidade rumo Norte, para visitar já na última hora de funcionamento o Parque Estadual Paulo César Vinhas, onde só tivemos tempo de percorrer a pé a área de preservação de mangue, com uma trilha de 1,5 km até a praia, debaixo de garoa. Havia mais para ver, mas não dava mais tempo e nem luz do dia. O clima não estava ajudando nas fotos.
No dia seguinte, mais estrada, com Vitória no alvo. Numa sexta-feira o trânsito não podia ser bom, mas a estrada estava ótima, bem sinalizada e com asfalto elogiável. Foi mais uma das surpresas do Espírito Santo, boas e belas estradas.
Nesse caminho na BR-101, o Etios não marcou mais de 12 km/l, pois fiz várias ultrapassagens com redução e pé no fundo, ganhando tempo no trecho, e sempre me surpreendendo com as qualidades dinâmicas do carro.
O pequeno Toyota não assusta e não gera preocupação. Tem bom desempenho utilizando corretamente o câmbio. Tem visibilidade ótima, espelhos grandes e de desenho correto, não escondendo nada. Espaço muito bom na frente e muito grande atrás, mesmo eu sentando atrás de mim para ver como seria. Os instrumentos no centro do painel, que não me agradam como conceito, me deixaram feliz, com seu computador de bordo integrado, e os dois tipos de gráficos do conta-giros, o semicírculo tradicional mostrando consumo médio dentro dele, e também horizontal, menos normal, mas também legível quando se utiliza outras telas do computador, comandadas por teclas no ótimo volante. Aliás, volante é um dos pontos altos do carro, denotando bom projeto e qualidade caprichada.
Em Vitória, uma visita ao porto, guiados pela responsável da área de marketing, muito atenciosa e explicativa. Foram duas horas de história, presente e futuro do Porto de Vitória, percorrendo o cais principal e ao final admirando uma maquete de projeto do novo cais fora da costa, que teve verbas canceladas pelo governo federal anterior. A estimativa de empregos a serem gerados é acima de 4.000 após a obra concluída. Fica para uma fase de recuperação do Brasil, espero.
Do outro lado da baía, chegando através de ponte, fica o Museu da Companhia Vale do Rio Doce, junto da linha de estrada de ferro que foi feita para exportação do minério. O museu foi montado utilizando-se o belo edifício da estação da E.F. Victoria a Minas, inaugurada em 1903, e tem em seu acervo vários itens do projeto, construção e manutenção da linha, com uma locomotiva Baldwin, de fabricação americana de 1945 na frente do edifício. Sem as tensões típicas de cidades grandes, manobrei o Etios para junto da máquina a vapor para fotografar. O acesso é aberto, e ia perguntar ao guarda da entrada do Museu se era permitido colocar o carro ali, mas quando fui fazer a manobra, ele não estava presente, e tomei a liberdade por meu próprio julgamento. Local agradável e de tranquilidade total, que tem um vagão restaurante com ótima comida, onde experimentei o ótimo guaraná Coroa, produto do ES, da cidade de Domingos Martins. Não é comercial, é informação útil para quem estiver na região. Experimente.
Vitória é uma bela cidade, mais limpa do que eu esperava, menos caótica do que eu imaginava, mais espaçosa também, e mesmo a área do porto, normalmente maltratada em várias cidades, é bem apresentável e habitável, bem como a região do mercado central, que tem vagas de estacionamento a 45° com zona azul cujos tickets são impressos em máquinas nas esquinas, com ajuda de funcionárias atenciosas. Visita sem traumas, tranquila, sem pensar em coisas que podem dar errado. Realmente surpreendente.
Do outro lado da entrada da baía de Vitória, passando pela 3ª Ponte (esse é o nome oficial), fica Vila Velha, município separado mas que é uma extensão da capital. Antes mesmo de entrar na ponte se avista o Convento e Igreja da Penha, sobre uma rocha enorme, uma verdadeira montanha. Subimos de carro, por um caminho estreito, com calçamento de paralelepípedos e de blocos. Debaixo de chuva leve, sem problemas de tração, e com muita primeira marcha. Tanto o curto trajeto quanto a visita ao local são imperdíveis para quem lá estiver, com uma vista magnífica. O local é uma das principais atrações da cidade.
Na entrada do convento, na rua antes da subida, um guarda organiza quando se pode subir, evitando que ao chegar lá no topo não haja vaga para estacionar. Mais uma coisa ótima dessa cidade, cuja organização surpreende o paulistano acostumado a confusões de todo tipo.
Como o carro não possui GPS, mesmo sendo a versão XLS de topo, levei meu veterano Garmin, que foi ligado na tomada de força junto do console quase todo tempo. A tomada USB tinha sempre um telefone ligado e carregando, e poderia haver mais uma delas, para ligar mais um telefone ou outro equipamento.
Depois de cruzar a 3ª ponte de volta para Vitória, entrei na Ilha do Boi, bairro de alto padrão da capital, onde estão belas casas. A chuva leve não parava, e era cada vez mais difícil tirar fotos nítidas.
O porta-objetos do console é ótimo, espaço de sobra e uma divisão para ajudar na organização. Os outros locais para colocar coisas são abundantes, com um console junto da alavanca de freio com três alojamentos, mais as portas traseiras com porta-garrafas ou copos, as portas dianteiras com espaço de sobra, o porta-luvas espaçoso e com tampa grande que permite acesso fácil e tem uma saída de ar para manter fria alguma bebida ou comida que não possa esquentar dentro do carro, e mais um porta-malas excepcional, que foi impossível encher com bagagem para três pessoas e mais vários pacotes de café do Espírito Santo e de Minas, que foram sendo comprados pelo caminho, além de uma mochila grande para carregar auxílios às trilhas que fizemos dentro do Parque Nacional do Caparaó e da Pedra Azul, essa um dos símbolos da geografia do estado capixaba. Havia também outra mochila apenas com calçados de reserva, algo sempre recomendável quando não sabemos o que vamos encontrar pelo caminho.
Deixando Vitória em direção oeste pela BR-262 para chegar a Alto Caparaó, em Minas Gerais, uma parada na região da Pedra Azul, uma montanha de pura rocha lindíssima, e que tem em sua face oeste um adendo parecido com um lagarto empoleirado. Ao longo desse lado, existe a Rota do Lagarto, onde tirei a foto de abertura dessa matéria, que vai dessa rodovia até a ES-164, e onde estão muitas pousadas, restaurantes, cafés e outros tipos de comércio, formando um clima semi-agitado em finais de semana, com espera para poder almoçar. Nada é barato por ali, mas a beleza do local é impressionante, e entrar no Parque Estadual e chegar mais perto da Pedra Azul é fácil, pequena caminhada muito agradável, com um centro de visitantes no final da trilha principal, de onde partem outras mais longas.
De lá para Alto Caparaó, o mais rápido possível e já no escuro, iluminado pelos potentes faróis do Etios, tradicionais halógenos, fazendo ultrapassagens com facilidade, peguei uma “carona” em um carro muito bem dirigido por alguém que não conheço, e permaneci na perseguição em boa média horária, até que ele deixou a estrada para dentro de uma das cidades e passei a andar sozinho de novo.
Esse é um dos muitos prazeres das estradas. Andar por lugares desconhecidos e encontrar algum carro dirigido com segurança, obviamente por alguém que passa sempre pelo local, e não faz idiotices, mas mesmo assim consegue andar mais rápido que a maioria. Nessa situação, gosto de aproveitar o amigo que não conheço como batedor, abrindo caminho e me avisando do que vem à frente com as variações de velocidade. Foram cerca de 40 km nessa toada, e juro que olhei muito pouco no velocímetro, mas andamos a uns 20 a 30 km/h acima do limite quase toda essa distância, com tranquilidade absoluta no Etios, sem falta de potência, de freios ou de estabilidade em nenhum momento. Não vou dizer qual carro eu perseguia, mas o motor dele é de 1,8 litro, e tem pelo cerca de 30 cv a mais que o Etios 1,5. Na bifurcação em que ele deixou a estrada, duas buzinadas breves para agradecê-lo.
Andando rápido em estrada, se percebe a ausência de ruídos de vento, o que corrobora o valor do coeficiente de arrasto baixíssimo pelo comprimento do carro, apenas 0,31. Não que eu consiga saber o Cx pelo ruído de vento, mas o carro escorrega no ar, não sentindo em demasia a dificuldade de acelerar acima de 100 km/h, por exemplo.
Alto Caparaó é uma pequena e simpática cidade onde está a portaria mineira do Parque Nacional de mesmo nome, que foi criado devido à presença do Pico da Bandeira, montanha com 2.892 metros de altitude, e vale a visita. Infelizmente não havia tempo nem preparação da família para fazer a trilha até o pico, que toma cerca de um dia de caminhada desde o ponto mais alto que se pode chegar de carro, a chamada Tronqueira, a 1.970 metros acima do nível do mar.
Lá fotografei o Etios mais do que sujo, coberto de pó marrom-claro que foi sendo colhido nos 6 km de subida forte, em que se usa primeira marcha durante boa parte, e onde o consumo de álcool foi de 5 km/l, condição extrema mas ainda assim pouco combustível pelo trabalho realizado. O mais notável foi não sentir tanto a perda de potência devido à altitude, praticamente 20% menos.
Depois de andar a pé cerca de 5 km, vendo lindas cachoeiras e pássaros que eu nunca tinha visto, além da vista espetacular e silenciosa do mirante, hora do almoço na cidade, e corrida até o outro lado do parque, para visitar as trilhas e cachoeiras do lado do Espírito Santo. Seguindo indicações dos mapas que temos e mais a conversa boa no Restaurante Mineiro, pertinho da igreja Matriz, com o pessoal que faz passeios de jipe pela região, descobri que tínhamos 40 km até a portaria capixaba do parque, localizado no município de Pedra Menina, e que 30 desses km eram na terra. E lá fomos nós para uma sessão de correria fora do asfalto, já que anoitecendo cedo no inverno, a luz natural não ajuda quem não acorda muito cedo nessas ocasiões.
Aí foi a maior diversão. O Etios poderia perfeitamente ser usado como carro de rali, não tenho dúvida. Sua condição normal de produção já faz um ótimo trabalho na pista de pouca aderência. Os pneus Bridgestone Turanza direcionais que ele usa, e mais seus componentes de suspensão, freios e direção, tornaram a pressa em prazer. Há trechos bem largos nesse caminho, e eu provocava derrapagens para ver o que acontecia. O diâmetro de giro da versão sedã é de 9,8 metros, e os esterçamentos permitem fazer manobras em lugares que não parece que o carro cabe. Não andei em velocidades de arriscar o pescoço, mas todas as “besteiras” que fiz foram facilmente digeridas pelo carro “made in Sorocaba”, que se divertia tanto quanto eu, sem reclamações e sem entrada de poeira em nenhum momento, mesmo seguindo outros carros por cerca de 1/3 do tempo de ida.
O lado capixaba do Caparaó é mais inclinado, tanto para se chegar de carro ao parque, quanto dentro dele. Depois da portaria, foram 4 km com quase todo tempo em primeira marcha, e como não haviam outros carros, acelerei um bocado, conseguindo gastar um litro a cada 3,8 km. Depois de andar mais a pé e ver mais duas cachoeiras belíssimas, de volta ao “poeira móvel” para descida do caminho com muito freio motor em primeira marcha, e mais 40 km de novo, já anoitecendo, e chegando de volta a Alto Caparaó já com fome de leão e com sorriso no rosto pela diversão do rali em família, além das belas paisagens avistadas.
Nessas horas entendemos a qualidade e excelência de projeto de um carro que visualmente não me atrai. Simplesmente eu tinha vontade de dirigir mais ainda, mas era hora de descansar e preparar para o retorno a São Paulo no dia seguinte.
Depois de algumas conversas e um pouco de discussão, consegui fazer valer minha vontade de voltar direto para casa, cobrindo os 830 km sem parar para dormir. Além de gostar muito de estar em casa, precisava colocar meu corpo já precisando de férias das férias à prova no Etios, já que nos 1.600 km rodados em seis dias eu não havia ficado cansado a ponto de querer descer do carro e não dirigi-lo mais, e isso havia me intrigado, pois costumo me cansar fácil de ficar sentado por muitas horas.
E fomos nós então, no lindo dia que amanheceu, cobrir o caminho com o corpo recarregado de energia e muitas cidades para atravessar, estradas para cobrir e centenas de ultrapassagens para fazer em estradas de pistas simples, até chegar à Via Dutra e seu mar de caminhões. Confesso que deu um pequeno frio na espinha ao sair da Pousada do Bezerra, descer a rua em direção ao centro e ver a placa que fica ao lado da igreja matriz de Alto Caparaó. Lá está escrito, entre outras distâncias, “São Paulo 830 km”. Eu queria ficar mais, mas também queria chegar em casa. As dualidades da vida a fazem saborosa nesses momentos.
A valentia do Etios foi mais uma vez provada, e resolvi andar o mais rápido que pudesse sem ser um ignorante da estrada, mas decidi que não iria ficar amarrado atrás de veículos mais lentos, abusando das reduções ao máximo para fazer ultrapassagens rápidas e curtas. Nesses momentos em que se coloca marchas curtas em velocidades mais altas e os giros sobem rapidamente, se percebe mais ainda a suavidade desse motor, que tem o mesmo diâmetro de pistão do 1,3 litro, mas curso mais longo, a excelência do transeixo, a precisão dos engates e a segurança da suspensão firme mas confortável.
Foi bom demais acelerar forte na hora de encarar subidas, passar caminhões lentos, deixar para trás carros mal dirigidos, com motoristas que saem para a pista contrária e não reduzem marcha para passar uma carreta de 20 metros, e apontar o excelente Etios para a próxima curva, a próxima montanha, a próxima ponte e a próxima cidade.
Abastecendo na divisa de MG com RJ, na cidade de Além Paraíba, junto do rio Paraíba do Sul, coloquei álcool e tinha pela frente cerca de 520 km até São Paulo, vindo pela BR-393 até Volta Redonda, para depois entrar na Dutra, só aí em pista dupla novamente. Cerca de 40 minutos gastos atravessando Volta Redonda em horário de pico, e depois finalmente acelerando para 100~110 km/h na Dutra, lidando com os caminhões que sempre vêm para a faixa da esquerda, acelerei sem pensar em economia, pois a última etapa estava iniciada.
Desse jeito, o Etios gastava um litro a cada 12,5 ou 13 km/l, medidos várias vezes zerando o computador de bordo. Tentei chegar em casa sem abastecer novamente, mas já próximo a São Paulo, a luz de aviso de abastecimento acendeu, o computador apagou o valor de autonomia aos 30 km e manteve o aviso ” abastecer imediatamente”.
Ora, eu sabia que precisava abastecer, e fiquei sem saber minha autonomia. A lógica desse computador está errada nessa rotina, e precisa ser corrigida. No momento em que eu mais preciso saber a autonomia, fico sem essa informação, e tenho que me contentar com o aviso de que preciso abastecer. Ponto negativo que, acredito, pode ser facilmente corrigido.
Depois de colocar um pouco de álcool já na Marginal do Tietê, e exceto por esse pequeno inconveniente, chegamos em casa em uma tranquilidade incrível, em que o pequeno grande japonês teve responsabilidade fundamental.
Um grande carro, um grande motor, uma suspensão incrível e muito melhor do que eu imaginava em tudo, inclusive no conforto. Passa uma impressão de solidez que parece que vai durar a vida toda e mais seis meses.
Ah, se ele fosse bonito de verdade…
JJ
FICHA TÉCNICA ETIOS SEDÃ XLS 1,5 2017 | ||
MOTOR | ||
Tipo | 4 cilindros em linha, duplo comando de válvulas no cabeçote acionados por corrente, 16 válvulas,atuação indireta por alavancas roletadas com compensação hidráulica de folga, variador de fase na admissão e escapamento, bloco e cabeçote de alumínio; flex, transversal | |
Cilindrada | 1.496 cm³ | |
Diâmetro e curso | 72,5 x 90,6 mm | |
Taxa de compressão | 13:1 | |
Potência | 102 cv (G) e 107 cv (A), a 5.600 rpm | |
Torque | 14,3 m·kgf (G) e 14,7 m·kgf (A), a 4.000 rpm | |
Formação de mistura | Injeção no duto | |
TRANSMISSÃO | ||
Câmbio | Transeixo dianteiro de 6 marchas manuais, tração dianteira | |
Relações das marchas | 1ª 3,538:1; 2ª 1,913:1; 3ª 1,310:1; 4ª 0,971:1; 5ª 0,818:1; 6ª 0,700 ré 3,333:1 | |
Relação do diferencial | 3,944:1 | |
SUSPENSÃO | ||
DIANTEIRA | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal e amortecedor pressurizado, barra estabilizadora | |
TRASEIRA | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado, barra estabilizadora incorporada ao eixo | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, assistência elétrica indexada à velocidade | |
Relação de direção | 18,6:1 | |
Nº de voltas entre batentes | 3,8 | |
Diâmetro mínimo de giro | 9,8 m | |
FREIOS | ||
Dianteiros | A disco ventilado | |
Traseiros | A tambor | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Alumínio, 5,5J x 15 (estepe de aço) | |
Pneus | 185/60R15H (estepe 175/65R14T) | |
DIMENSÕES | ||
Comprimento | 4.265 mm | |
Largura | 1.695 mm | |
Altura | 1.510 mm | |
Distância entre eixos | 2.550 mm | |
PESOS E CAPACIDADES | ||
Peso em ordem de marcha | 970 kg | |
Porta-malas | 562 litros | |
Tanque de combustível | 45 litros | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto | 0,31 | |
Área frontal | 2,05 m² | |
Área frontal corrigida | 0,636 m² | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 6ª | 40 km/h | |
Rotação a 120 km/h em 6ª | 3.000 rpm | |
Rotação à veloc. máxima em 5ª | 5.400 rpm (aprox.) | |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (PEBV/ Inmetro) | ||
Cidade | 8,5 (A) 12,5 (G) km/l | |
Estrada | 10,3 (A) 15,0(G) km/l |
Matérias anteriores sobre o Etios:
Hatch 1,3 litro manual: https://www.autoentusiastas.com.br/ae/2016/07/novo-toyota-etios-hatch-13-manual-uso/
Hatch 1,3 litro automático: https://www.autoentusiastas.com.br/ae/2016/05/etios-13-automatico-perfeito/
Sedã 1,5 litro automático: https://www.autoentusiastas.com.br/ae/2016/05/etios-seda-automatico/
Também os 30 dias de uso de um sedã Platinum são muito informativos:
https://www.autoentusiastas.com.br/ae/2016/04/toyota-etios-platinum-semana-final-com-video/
Galeria de fotos turísticas:
JJ