Piloto faleceu em consequência de falência múltipla de orgãos. Foi o maior rival de Nelson Piquet na F-Super Vê. Destacou-se em várias categorias.
Um dos pilotos mais rápidos e humildes que o automobilismo brasileiro já conheceu nos deixou neste domingo, 26 de março de 2017. Alfredo Guaraná Menezes, ou simplesmente Guaraná, sucumbiu à falência múltipla de órgãos, consequência de um quadro decorrente da combinação de cirrose hepática e hepatite C, situação que já havia justificado uma longa internação em dezembro último. Seus títulos mais importantes foram o Campeonato Brasileiro de Super Vê em 1977/1978 e, sem dúvida, sua participação na 24 Horas de Le Mans de 1978 foi um dos principais momentos de sua carreira.
Guaraná começou no kart, acompanhando seu irmão Sérgio Guaraná, e mais tarde formou com Luiz Antônio Siqueira Veiga, o Teleco, a dupla vencedora da equipe Autozoom na classe A (motores até 1.600 cm³) da Divisão 3. Foi com os Fuscas pintados na cor abóbora e preparados por Ítalo Adami Jr. e Robertinho Simão que ele ganhou notoriedade no cenário nacional. Com a interrupção das atividades dessa equipe seguiu na categoria após “adotado“ pelo preparador Amador Pedro e também fez dupla com Eduardo Celidônio para a equipe Marcas Famosas da então nascente Fórmula Super-Vê.
Guaraná se destacou no meio como um excelente professor da Escola de Pilotagem Interlagos, onde ajudou a revelar e desenvolver o potencial de vários pilotos na estrutura onde trabalhava em parceria com Toninho de Souza e Arthur Bragantini. A forma amistosa e serena como falava com seus alunos era uma qualidade tão marcante quanto sua capacidade de acelerar automóvel que lhe entregassem em uma pista de corrida.
O período mais marcante de Alfredo Guaraná teve a companhia do preparador Gilberto “Giba” Magalhães, que o convidou para integrar a equipe Gledson quando Nelson Piquet foi disputar a F-3 na Europa. Gaúcho de Arvoredo e criado em São Paulo, “Magrão” (um dos apelidos que tinha por causa do seu físico) tinha tudo para repetir nas pistas estrangeiras as mesmas disputas que manteve com Piquet no Brasil, mas jamais teve a oportunidade de tentar uma carreira internacional em bases estruturadas. Guaraná estava para Nelson Piquet assim como Luiz Pereira Bueno estava para Emerson Fittipaldi e Mário Sérgio de Carvalho para Ayrton Senna: os três eram plenamente capazes de fazer história na F-1. O destino, porém, conspirou contra isso.
WG