Mudança aumentou carga aerodinâmica. Alteração custou US$ 75 mil. Todt não larga o osso.
Algo pouco notado pelo grande público influenciou positivamente o desempenho de Lewis Hamilton na disputa pela vitória no GP da Espanha deste domingo. Numa dupla demonstração de poderio econômico e tecnológico, a equipe Mercedes desenvolveu um novo bico dianteiro, mais estreito e equipado com um defletor lateral para direcionar o fluxo de ar para a região inferior do cockpit. As asas e spoilers dianteiros de um carro de F-1 geram 60% ou mais da carga aerodinâmica de um carro da categoria, daí a razão de tanta pesquisa e experimento em tal parte dos monopostos.
O poderio tecnológico dos alemães foi importante para encontrar a solução que processa o fluxo de ar em torno da junção do bico com o monobloco, região bastante “suja” do ponto de vista de escoamento do fluido. Esta situação é decorrência do impacto aerodinâmico provocado pelos braços da suspensão, movimento radial e axial do conjunto roda-pneu, a deflexão pré-calculada da asa dianteira e até mesmo a temperatura do ar, afetada pelo calor concentrado no asfalto, normalmente mais quente na medida em que o carro está mais próximo do solo.
Esse novo defletor podia ser visto ao se observar o contorno inferior dos locais destinados às câmeras de bordo instaladas junto à suspensão dianteira. O próprio sistema de fixação dessas câmeras foi trabalhado para diminuir a turbulência no local e criar uma nova fonte de pressão aerodinâmica positiva.
Já o poderio econômico se fez notar em função dos custos de produção da nova peça e, principalmente, os gastos para homologar um novo bico e asa dianteiros, experimento que demanda cerca de US$ 75 mil, segundo declaração de Ross Brawn nos tempos em que era dono de sua própria equipe, a mesma que hoje funciona como…Mercedes.
Outras modificações, exigidas pela FIA para todos os carros a partir do GP da Espanha, implicaram no reforço da fixação e estrutura da chamada Asa T. No caso da Mercedes, a região traseira do carro também ganhou apêndices modificados em torno do escapamento e na própria asa traseira. Igualmente importante foram as alterações feitas para eliminar cerca de três quilogramas de peso do carro. Este resultado foi obtido com soluções tão drásticas quantoeliminar a garrafa que Lewis Hamilton costuma levar a bordo para se hidratar durante a corrida…
Todt ne veut pas laisser l’os*
*Todt não quer largar o osso
O francês Jean Todt, 71, realmente gostou da vida de cartola: o atual presidente da FIA anunciou que vai disputar um terceiro mandato consecutivo, algo que pelos atuais estatutos da Federação Internacional do Automóvel será seu último: o pleito da entidade só aceita candidatos com idade máxima inferior a 75 anos completados até o dia da eleição; a próxima será em dezembro próximo. Jean Todt nasceu dia 2 de fevereiro em Pierrefort, Auvergne e estará com 75 anos nas eleições de 2021, portanto não quer desperdiçar a chance de completar 12 anos à frente da FIA.
Por enquanto o francês que iniciou sua carreira automobilística como copiloto de rali e chegou a comandar a operação F-1 da Ferrari, é o único candidato oficial. Em eleições passadas surgiram candidatos de oposição que desistiram antes do pleito ou tiveram uma quantidade mínima de votos. Na chapa anunciada para a eleição, Todt informou que o americano Nick Craw, presidente do Senado da FIA que completou 80 anos recentemente, será substituído pelo neozelandês Brian Gibbons, que tem 66 anos e atualmente ocupa a Vice-Presidência de Mobilidade e Turismo da entidade.
WG