Há poucos dias foi vendido em leilão da RM Auctions e Sotheby’s realizado em Vila Erba, Itália, um Porsche Carrera RSR fabricado em 1993, modelo de fábrica 964, arrefecido a ar. O valor pago foi de 2.016.000 de euros. Isso mesmo, dois milhões e dezesseis mil, mais de 7,4 milhões de reais.
Como um um carro que não pode ser considerado antigo chegou a valer tanto é explicado pelo fato de ele ter apenas dez (10) quilômetros rodados.
Na cor externa Polar Silver, interna Guards Red e cor das rodas ametista metálico com pinças em dourado, trata-se de uma combinação única, e mais raro ainda, apenas dois dos 51 carros iguais a esse foram fabricados com acabamento interno completo, já que o RSR foi homologado para corridas e para as ruas. A maioria era comprado e ia direto para as oficinas das equipes que os colocaram para competir.
Naquele ano os carros ainda saíam da fábrica com a proteção chamada Cosmoline, uma cera especial que protegia a pintura de qualquer sujeira mais severa, além de evitar a corrosão. Algo similar era usado inclusive no Brasil, mas foi desaparecendo nos anos 90, por economia e razões ambientais, já que a lavagem para remover a cera consome muito sabão e água. Filmes plásticos adesivos são comuns hoje em dia, e não requerem lavagem extensa como a cera. Esse exemplar não teve nem mesmo essa proteção retirada, ficando praticamente 25 anos parado e bem conservado.
O motor é o M64/04, um 3,8 litros (3.746 cm³) de seis cilindros horizontais e opostos, aspiração atmosférica e com apenas duas válvulas por cilindro, tem 350 cv de potência e 39,2 m·kgf de torque máximo. Esse motor tem cárter seco, e a potência mais próxima da verdadeira é de 375 cv, dado que muita gente media em dinamômetro antes de efetuar qualquer modificação. Com câmbio manual de 5 marchas, uma avaliação da revista americana Car and Driver mostrou aceleração de 0 a 96,5 km/h em 3,7 segundos, mais rápido que o mítico Ferrari F-40.
O carro pesa apenas 1210 kg e tem tanque de 92 litros.
Algumas provas vencidas pelo modelo nas mãos de equipes de competição foram a 24 Horas de Spa, na Bélgica, a Mil Quilômetros de Suzuka, no Japão e a Mil Milhas Brasileiras de 1994, com Wilson e Christian Fittipaldi. Na 24 Horas de Le Mans houve vitória na sua classe e em Daytona fizeram de primeiro a quarto lugar na classe, além de vencer em Sebring, na Flórida.
Itens necessários para corridas são a gaiola interna de proteção, a chave elétrica geral que pode ser acionada pelo piloto e os cintos de seis pontos, além de sistema de extintor para a cabine e compartimento do motor.
No acabamento existem detalhes interessantes, como revestimento em couro nas molduras dos instrumentos do painel e nos puxadores de portas.
Pode-se observar as fotos e o considerar até mesmo cafona, mas a verdade é que se trata de algo raro e sem igual, mais impressionante ainda pelo fato de nunca ter sido usado nem mesmo nas ruas, muito menos trabalhado ao máximo de suas possibilidades em pistas.
JJ