O Renault Logan Expression é a versão intermediária da linha, que segue evoluindo. Em março passado testei’ um da versão Expression com o novo e bom motor SCe 1,6-l. Naquele teste ficou evidente o ganho em potência, elasticidade e consumo sobre o motor anterior, o K7M 1,6-l. E agora o mesmo se deu com o novo motor SCe 1,0-l de 3 cilindros sobre o anterior 4-cilindros de 1,0 l, o Hi-Power. O SCe produz 79/82 cv a 6.300 rpm; torque,10,2/10,5 m·kgf a 3.500 rpm.
O 1,0 SCe 12V de três cilindros traz duplo comando de válvulas variável na admissão e escapamento, com acionamento por corrente. Por ter um cilindro a menos e ser todo em alumínio, bloco e cabeçote, é 20 kg mais leve que o antecessor.
A propósito, a sigla SCe significa Smart Control Efficiency. Para ter menos gasto inútil de potência (e combustível), agora a pressão da bomba de óleo é variável. Há também uma estratégia de aproveitamento da energia cinética (de movimento) do veículo em que o alternador gera corrente sempre que se levanta o pé do acelerador. Com o carro em movimento normal só há produção de corrente elétrica pelo alternador se a bateria perder carga até determinado ponto (para isso ela é monitorada). Inclusive, nas demandas de potência, como nas acelerações, o alternador permanece sem gerar para não absorver potência do motor.
Segundo a Renault, com essas e outras medidas, como materiais que geram menos atrito, chegando ao óleo 0W30, ele é até 19% mais econômico que o 4-cil anterior, e segundo o que apurei nesta semana, ela não exagerou em nada nessa informação.
A função do duplo comando variável se faz notar, principalmente, no ganho em elasticidade. A 2.000 rpm o motor já dispõe de 90% de seu torque máximo. O anterior tinha praticamente o mesmo torque máximo, porém em regime mais alto, 4.250 rpm, como se pode ver no gráfico (foto abaixo). Na prática, isso se reflete em menos trocas de marcha, principalmente em ambiente urbano, pois mesmo abaixo de 2.000 rpm o SCe já retoma velocidade com presteza.
Já em giro alto a diferença não é tão notável. A potência máxima subiu apenas 2 cv, tanto para gasolina como para álcool, mas este 3-cilindros se mostra bem mais confortável quando nas rotações elevadas. Na estrada, pode-se andar a constantes 5.000 rpm sem que ele dê mostras de estar sendo forçado.
Numa subida de serra tortuosa, como a de Bertioga a Mogi das Cruzes, é que ele mostra grande diferença. O SCe a subiu como gente grande, mesmo estando o carro razoavelmente carregado. Parece um motor de cilindrada maior, porque em momento algum foi necessário elevar muito o giro para que o Logan galgasse a serra com rapidez e desenvoltura. Isso não acontecia com o Hi-Power, que também a subia bem, mas era necessário “meter mais giro” para encontrar a potência necessária.
Segundo a Renault este Logan atinge 164/162 km/h e faz o 0 a 100 km/h em 13,0/13,1 segundos. De acordo com o Inmetro, seu consumo com gasolina é de 13,8 km/l na cidade e 14,5 km/l na estrada. Comigo, o computador de bordo indicou 11,3 km/l na cidade e 15,7 km/l na estrada. Com álcool chegou a fazer 12,1 km/l na estrada. É de notar que quando viajo em teste submeto o carro a esforços maiores do que faria numa viagem normal, portanto pode-se contar com resultados ainda melhores. Ou seja, o Logan com esse motor é bem econômico.
A história dos motores de 1 litro pode ser assim resumida: no começo eram pouco potentes e mereciam críticas, depois evoluíram e passaram a ter boa potência, mas só em alta, em giro alto, o que demandava algum empenho do condutor para extraí-la, e agora, com esses modernos 3-cilindros, passaram a ter boa potência também em baixa. Ganharam bastante em elasticidade, o que atende melhor a todos.
A Renault demorou a lançar seu tricilindro, mas veio com coisa boaO fato de terem só 3 cilindros não é a chave-mestra da questão. Um de 4 cilindros, com as mesmas modernas tecnologias, como duplo comando variável, obteria resultados similares. Mas por que ter 4 cilindros se 3 já resolvem? Além do mais, particularmente, gosto mais do ronco do tricilindro.
De todos os tricilindros que testei, este da Renault foi o que passou a sensação de oferecer maior potência, tanto em baixa quanto em alta rotação. Quanto ao consumo, todos estão tão econômicos, e conforme o modo de dirigir os resultados variam tanto, que a conclusão é que todos estão suficientemente econômicos para que isso não seja fator de escolha.
Se gostei do novo conjunto Logan/motor 1-l? Muito. O Logan é um sedã compacto por fora e bem espaçoso por dentro. O banco de trás é muito bom e dá para três adultos, mas seria se o do meio tivesse encosto de cabeça. Viaja, como disse, que nem gente grande, rápido e sem esforço. Está bem mais silencioso quando a 120 km/h reais, mesmo com o motor a 4.150 rpm, e “não gasta nada”; você passa a semana rodando na cidade, viaja o fim de semana, volta, e chega em casa com ainda um bom tanto de gasolina no tanque.
Quanto a isolamento do motor, na estrada ele me pareceu menos presente até que seu irmão maior, o SCe de 1,6-litro. Em marcha-lenta há um pouco de trepidação, inexistente no 4-cilindros Hi-Power, mas é algo desprezível e comum aos tricilindros. Para minimizá-la, uma das providências foi deixar a marcha-lenta em cerca de 950 rpm, quando no 4-cilindros era 750 rpm.
AK
FICHA TÉCNICA RENAULT LOGAN EXPRESSION 1,0 SCe | |
MOTOR | 3 cilindros em linha, transversal, duplo comando de válvulas, corrente, atuação direta por tucho-copo sem compensação hidráulica de folga, variador de fase na admissão e escapamento por 40º, 4 válvulas por cilindro, bloco e cabeçote de alumínio, flex |
Cilindrada (cm³) | 999 |
Diâmetro x curso (mm) | 71 x 84,1 |
Taxa de compressão (:1) | 12,0 |
Potência (cv/rpm) (G/A) | 79/82/6.300 |
Torque (m·kgf/rpm) (G/A) | 10,2/10,5/3.500 |
Formação de mistura | Injeção no duto |
Corte de rotação limpo (rpm) | 6.500 |
Veloc. média do pistão no corte (m/s) | 17,6 |
Comprimento da biela (mm) | 123,6 |
Relação r/l | 0,34 |
Combustível | Gasolina e/ou álcool |
Sistema de partida a frio | Injeção de gasolina no coletor de admissão |
TRANSMISSÃO | |
Câmbio | Transeixo dianteiro de 5 marchas manuais à frente 1 à ré, comando por cabo |
Relações das marchas (:1) | 4,09; 2,24; 1,39; 1,03; 0,82; ré 3,55 |
Relação do diferencial (:1) | 4,93 |
SUSPENSÃO | |
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular inferior, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado |
DIREÇÃO | |
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletro-hidráulica |
Relação de direção (:1) | 15,0 |
Voltas entre batentes | 3,4 |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,6 |
FREIOS | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado, 258 |
Traseiros (Ø mm) | Tambor, 203 |
Circuito hidráulico | Duplo em “X” |
RODAS E PNEUS | |
Rodas | Aço, 5Jx15 |
Pneus | 185/65R15 |
DIMENSÕES | |
Comprimento (mm) | 4.349 |
Largura sem/com espelhos (mm) | 1.733/1.994 |
Altura (mm) | 1.529 |
Distância entre eixos (mm) | 2.635 |
CONSTRUÇÃO | |
Tipo e material | Monobloco, aço, subchassi dianteiro |
Nº de portas/nº de lugares | Quatro/cinco |
AERODINÂMICA | |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,34 |
Área frontal (m², calculada) | 2,12 |
Área frontal corrigida (m²) | 0,72 |
PESOS E CAPACIDADES | |
Peso em ordem de marcha (kg) | 1.019 |
Carga útil (kg) | 447 |
Porta-malas (L) | 510 |
Tanque de combustível (L) | 50 |
DESEMPENHO | |
Aceleração 0-100 km/h (s) (G/A) | 13,1/13,0 |
Velocidade máxima (km/h) (G/A) | 162/164 |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | |
Cidade (km/l, G/A) | 13,8/9.4 |
Estrada (km/l, G/A) | 14.5/10,0 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | |
v/1000 em 5ª (km/h) | 28,9 |
Rotação a 120 km/h em 5ª (rpm) | 4.150 |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 5.670 |
MANUTENÇÃO | |
Revisões, intervalo (km/tempo) | 10.000/anual |
Troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/anual |
Óleo, viscosidade | 0W30 |
GARANTIA | |
Termo (tempo) | 3 anos |