O ano era 2000, eu era o feliz proprietário de um bonito e bem acabado Gol GLi 1996 com baixíssima quilometragem. Meses antes eu já havia ficado encantado com o lançamento da terceira geração (na verdade o primeiro facelift do AB9 “bolinha” no final de 1999), era uma evolução e tanto. O painel era, para a época, um espetáculo, era muito superior ao seu antecessor e à concorrência, remetia aos irmãos maiores Golf e Passat.
Nesse meio-tempo decidi que iria partir para um GIII, descartei o GTi devido ao seu seguro proibitivo, então foquei em um 2-litros seminovo.
Bati muita cabeça, ia ver um, aro 13″ e vidros manuais, ia ver outro e era completinho sem ar-condicionado, e nesse ínterim a VW lançou o Gol e a Parati equipados com o EA111 1-litro superalimentado por um turbocompressor Garrett GT12, cabeçote 16v com variação no comando de admissão, interresfriador, válvulas de escapamento refrigeradas por sódio, pistões com saias grafitadas, entre outras tecnologias. Isso tudo lhe conferia 112 cv a 5.500 rpm e 15,8 m·kgf a 2.000 rpm, isso aliado à uma política agressiva de preço e um pacote visual muito atraente.
No começo não me interessei muito pela novidade, era muita tecnologia para a época, mas como não estava achando o 2-litros nos meus moldes, resolvi experimentar o tal “pai tupiniquim do downsizing”: o carro era irresistíve!
Carro turbo é uma doença, é como se você fosse picado, vicia, é irresistível, a sensação de sentir o corpo sendo jogado contra o banco é indescritível, inesquecível.
Enfim, me desfiz do GLi e adquiri um 16v Turbo 2001 com 27.000 km, em excelente estado.
Fiquei apaixonado pelo carro, era muito rápido, subia de giro liso, retomada de velocidade incomum para os padrões da época e de quebra, era muito econômico, fazia 12,6 km/l no trânsito de São Paulo, um reloginho.
Tinha defeitos? Sim, a polia do comando VVT invariavelmente dava problema, mais tarde ou mais cedo e não era barata (troquei a minha aos 62.000 km ao custo de R$ 1.400,00 no início da década passada), e abaixo de 2.000 rpm era um Gol 16v de aspiração natural e com taxa de compressão baixa, apenas 8,5:1.
Foi (e ainda é) muito criticado e preterido no mercado de usados, grande parte por mau uso de seus proprietários e por falta de conhecimento de donos e mecânicos, mas eu mesmo rodei tranquilamente até os 93.000 km em quatro anos de uso intenso.
Segredos para essa vitalidade? Alguns:
– sempre gasolina aditivada em posto de confiança
– revisões administradas por mim sempre e fora da rede autorizada, seguindo uma manutenção mais rígida que a descrita no manual
– óleo e filtro (Elaion 5W40 sintético e filtro sempre comprado em concessionária, pois a turma costumava usar o filtro do aspirado por falta de conhecimento e era zebra na certa) a cada 5.000 km (isso vai dar discussão, mas a minha receita foi acertada).
Enfim, esse deixou saudades, por ser 1-litro o pessoal não acreditava no potencial do Golzinho, eu era desafiado no trânsito a todo instante, de AP 2-litros a Astra 2-litros, Golf GTi MKIII, entre outros. Poucos eram páreo para o carrinho — um deles era o Escort Zetec 1,8 16v.
Um abraço!
LG
São Paulo – SP