Quando eu tinha 15 anos, em 1985, o meu sonho era um Gol GT. Mesmo com a existência do Escort XR3, de alguma maneira o GT me atraía mais. Possivelmente pela imagem positiva que a Volkswagen já possuía naquela época. Ou por influência do marketing dela. Ou simplesmente porque eu achava o conjunto mais atraente.
No ano passado, no Salão do Automóvel, a VW apresentou o Gol GT Concept para resgatar um pouco da herança deixada pelo modelo. De fato o GT contribuiu demais para a manutenção da liderança de vendas do Gol por vários anos e também para a imagem da marca VW e o desejo de muitos brasileiros. Difícil de imaginar um autoentusiasta com mais de 40 anos que não se lembre ou não tenha desejado um GT. E o curioso é que essa herança de certa forma está se perpetuando.
Em novembro do ano passado publicamos aqui a pesquisa sobre qual é o carro mais desejado pelos jovens de 16 a 20 anos. E como resultado tivemos a Volksvagen como marca mais desejada e o Golf em primeiro lugar entre todos os modelos.
Como curiosidade, a ideia dessa pesquisa surgiu depois que eu vi o Gol GT Concept no salão. O modelo causou tanto falatório e foi tão bem recebido que me fez voltar no tempo e relembrar o desejo que tinha pelo GT original. Dá me surgiu a dúvida sobre qual carro seria o carro dos sonhos dos jovens de hoje. Minha impressão era de que o up! TSI pudesse ocupar esse lugar, um pouco pela analogia com tamanho e desempenho do Gol GT original. Mas passei longe, pois a garotada evoluiu e prefere o Golf. Talvez o Golf represente hoje o que o Gol representou naquela época.
Em 2015, durante o I Passeio AE, eu tive a chance de voltar no tempo e andar no Gol GT 1986 do leitor e amigo Ricardo Biasoli. Me lembro dele me alertar sobre peso da embreagem e da direção. Como eu vivi aquela época, aprendi a dirigir em carros mais simples e principalmente com caixa manual, não estranhei nada. Eu me lembrava de todos os detalhes do GT. Das rodas com pneus de perfil baixo na época, 185/60R14H, dos quatro faróis adicionais (dois de longo alcance, dois neblina), no adesivo GT vazado no vidro traseiro, dos bancos Recaro, do filetinho contornando a frente do carro, e do escapamento com ponteira dupla que só perdia em sonoridade para os Opalas 6-cilindros com seis-em-dois. Foi uma experiência muito gratificante.
E me lembro também de como andava: 0 a 100 km/h em 9,7 segundos e velocidade máxima de 180 km/h. Teve a história que o Bob me contou de, a dias do lançamento, o marketing da VW ter insistido em potência minimamente superior à do Escort XR3, para isso o lançando mão comando de válvulas do Golf GTi. A engenharia foi contra, o câmbio era de 4 marchas e não atenderia o motor corretamente, marchas muito abertas para motor de faixa útil estreita. Tinha total razão, o câmbio estava errado. Dali a cerca de seis meses entrava o câmbio PV de cinco marchas, com escalonamento mais fechado, corrigindo o erro inicial.
O 4-marchas tinha relações 3,45-1,79-1,13-0,83, e o 5-marchas, 3,45-1,94-1,29-0,97-0,80; o diferencial era o mesmo, 4,11.
Desde então combinamos de fazer um vídeo com o carro do Ricardo, que fizemos em abril desse ano mas só conseguimos publicar agora. No vídeo o próprio Ricardo nos conta um pouco da história do GT e da história do carro dele. E a participação do Bob acrescenta um bom recheio a esse encontro.
Agradecemos muito ao Ricardo Biasoli pelo o dia especial que tivemos.
Como disse o Bob no vídeo, recordar é viver. Bom vídeo!
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