Em novo mês de elevação de produção e vendas, abril foi animador em um Brasil que vem se desanimando aos poucos. Enquanto metade dos segmentos analisados de varejo apresentaram fragilidade na retomada no mês de março, o de vendas de veículos parece viver uma outra realidade. Setor já respondeu por um quinto do PIB industrial do país, mas ainda segue importante e fundamental.
Ainda bem. Com liberação de mais algumas restrições de crédito, graças a baixos níveis de inadimplência, os consumidores partiram para as compras e para as lojas. Foi o melhor abril desde 2015. Contaram favoravelmente os feriados, que não os houve, Páscoa em março e Tiradentes num sábado, 21 dias úteis, assim como o mês anterior.
No último dia sete, durante a coletiva à imprensa, Antonio Megale não conteve o otimismo, nem dava, os números dizem por si. Emplacamentos totais 39% superiores a abril de 2017, 5% a mais que março deste ano e 21% na comparação do acumulado do ano. Caminhões ainda não saíram das vacas magras, a base do ano passado é muito baixa, mas o crescimento atinge os três dígitos nos segmento médio e pesados. A produção segue sendo puxada pelas exportações, sendo a Argentina o destino de quase 80% de nossos embarques. E a economia de los hermanos exibiu sinais cambaleantes nas últimas semanas…
Ao todo, comercializaram-se 217.340 autoveículos, 210.250 leves e 7.090 pesados. A marca de licenciamentos diários de leves superou pela primeira vez os 10.000, algo não visto desde 2015 (desconsiderando os dois últimos meses do ano que têm o efeito do 13º salário). A participação de vendas diretas voltou a aumentar, atingindo 43%. Como o programa PcD é incluído nesse total, fica ainda como estimativa, mas sabe-se hoje que o PcD supera os 10% dos emplacamentos. Se considerarmos que somente veículos com câmbio automático se enquadram, essa modalidade de renúncia fiscal camuflada de programa social deve responder por quase um terço do total de veículos automáticos e seguirá exibindo sinais de vigor crescente.
Se a economia andava divorciada da política, creio que o brasileiro tornou-se imune a escândalos. O Brasil já tem um ex-presidente preso por corrupção, dois impeachments em menos de 24 anos, metade do parlamento envolvido em denúncias e encrencas com a justiça e eleições gerais neste ano em que os líderes nas pesquisas não só não apresentaram ainda seus planos de governo, como tampouco se comprometeram a avançar na revisão da previdência, um dos principais fatores de desequilíbrio fiscal hoje e no futuro.
De alento, o Rota 2030 parece enfim tornar-se realidade, algo vital para o setor seguir investindo em tecnologia.
RANKING DO MÊS E DOS QUATRO MESES
Com um salto de 38% no total das vendas de automóveis e comerciais leves sobre abril de ’17, a Nissan destacou-se, 83% de alta (mais que o dobro da média), seguida da Renault, com 70%, VW com 61% e Fiat com 52%. Exuberantes. Na outra ponta da tabela temos Audi com queda de 14% e Citroën, com -3%. O AirCross, que já foi carro chefe da marca de inovação francesa, sequer figurou entre os 50 mais vendidos.
No acumulado dos quatro primeiros meses, VW e Renault saltaram 39%, Nissan +27%, quando o mercado total cresceu 20%. Importante destacar que essas marcas tem no lançamento de novos produtos (Nissan com nacionalização do Kicks) o fator de desequilíbrio. Vieram Polo, Virtus e Kwid para ocupar seu espaço e tirar dos outros.
Onix seguiu mais líder que nunca e ainda recuperou parte de seu nível de vendas mensais, com 16.617 unidades emplacadas. HB20 em 2º com 9.606, Ka em seguida, com 8.764, Prisma em 5º. GM, VW e Renault com dois modelos cada um dentre os 10 primeiros do ranking.
Na comparação até abril, Onix cresceu 10%, metade da expansão do mercado, porém Ka+ (o Ka sedã) surpreendeu para um veterano e cresceu 44%, Prisma +30%, o segmento de sedãs compactos reagiu.
Nos comerciais leves, Strada e Toro mantém a hegemonia da Fiat no segmento de picapes, a compacta com 6.357 emplacamentos e a Toro em 2º com 5.141, seguida da Saveiro, com 4.490, Hilux em 4º com 3.221, S10 com 2.418, depois Ranger e Amarok.
Em quatro meses a pequena Fiat cresceu 39%, um feito considerável por tratar-se de um veículo vem há anos sem inovações importantes. Amarok dobrou as suas vendas, mostrando que as mudanças na marca alemã deram bons resultados em todos segmentos onde atua.
Enquanto as vendas seguem aquecidas, vem aí nova safra de lançamentos que seguramente trarão mudanças, o Yaris vem mês que vem, Cactus em setembro, este deve trazer nova luz à marca francesa, com vendas um tanto apagadas por falta de novos produtos.
Até o mês que vem!
MAS