Notícia Ford
O Ford Corcel, lançado há 50 anos, é um daqueles carros que marcaram época e entrou para a história como um dos maiores sucessos da marca no Brasil. Durante seus 18 anos de vida (de 1968 a 1986), ele somou 1,4 milhão de unidades produzidas e criou um novo padrão no segmento de carros médios, dando origem a uma família completa que incluiu a perua Belina, a picape Pampa, o sedã de luxo Del Rey e a perua Del Rey Scala.
O Corcel teve como base o chamado projeto “M”, que a Willys-Overland do Brasil desenvolvia em parceria com a Renault quando foi adquirida pela Ford em 1967. A versão final incluiu várias adaptações no motor, câmbio e suspensão para atender o mercado brasileiro e cumpriu a missão de ser o carro de volume da marca, emplacando 4.500 unidades logo no primeiro mês de vendas.
O nome Corcel, escolhido entre 400 opções, foi inspirado no sucesso do Mustang. Com linhas simples e equilibradas, o sedã familiar de quatro portas e tração dianteira surpreendia pelo espaço interno, pela visibilidade e pelo conforto dos bancos. A direção, mesmo sem ter assistência hidráulica, era leve de manobrar. Seu motor 1,3-litro foi o primeiro a trazer radiador selado no Brasil, que dispensava a reposição de água.
Em 1969, a linha ganhou a versão de duas portas e a esportiva GT com teto de vinil, rodas especiais, faixas pretas no capô e nas laterais. No ano seguinte, foi lançada a perua Belina. A linha passou por duas reestilizações, em 1973 e 1975, e passou a oferecer a versão de luxo LDO, com teto de vinil.
Corcel II
Após 10 anos de sucesso, a grande remodelação da linha veio no final de 1977, com o Corcel II, trazendo uma carroceria totalmente nova de duas portas — a preferência na época —, nas versões básica (chamado também de standard), L, LDO e a esportiva GT. Por ser mais larga e mais baixa ela fazia o carro parecer maior, apesar de ter praticamente o mesmo comprimento.
A suspensão macia e resistente, a estabilidade, o nível de ruído e o interior confortável e elegante eram destaques. Suas inovações incluíam a ventilação dinâmica de grande vazão e o primeiro para-brisa laminado de série, com o primeiro retrovisor interno colado neste, também uma primazia no Brasil que seria seguida por todos os fabricantes, dada a maior segurança em caso de impacto da cabeça dos ocupantes. Já nos primeiros dez meses de lançamento, o novo modelo atingiu o recorde de 100.000 unidades.
Lançado com motor 1,4-litro, o Corcel II passou a ser equipado em 1979 com um motor 1,6L, mais potente, cujo grafismo usando o ponto no lugar da vírgula faz até hoje se dizer “um ponto seis”, quando o correto em nossa língua é “um vírgula seis”, já que o decimal é representado com a vírgula.
Em 1980, ele introduziu o 1,6 a álcool, considerado por muitos o melhor da indústria e um marco no desenvolvimento de motores com esse combustível no Brasil, sem dúvida o primeiro motor a álcool a funcionar de forma satisfatória mesmo na fase de aquecimento.
No mesmo ano chegou o câmbio de cinco marchas, o primeiro em um carro médio, outra solução que seria seguida por vários fabricantes, sempre em busca de maior economia e autonomia, essa última sempre uma grande vantagem do Corcel II por causa do tanque de 57 litros, que permitia percorrer acima de 700 quilômetros em estrada sem muito esforço.
A versão Corcel II Hobby, com acabamento despojado e apelo jovem, foi lançada em 1980. No mesmo ano, a linha atingiu a marca de um milhão de unidades produzidas, inédita no Brasil para um carro médio. No ano seguinte, trouxe cintos dianteiros de três pontos e a opção de teto solar. Nessa época, foi oferecida também uma versão furgão da Belina, o Corcel II Van.
O Del Rey, sedã de luxo com quatro portas, foi outro membro de sucesso da família Corcel. Lançado em 1981, marcou época pelos itens de conforto e teve carrocerias de duas e quatro portas. Em 1982 a linha gerou a picape Pampa, que também teve o nome inspirado em cavalos e fez muito sucesso. No ano seguinte, surgiu outra perua derivada da família, a Del Rey Scala.
Em 1984, o Corcel II passou a contar com o motor 1,6 CHT, nas versões a gasolina e a álcool. Era instalado na posição longitudinal no Corcel II, e na transversal no Escort, sendo talvez o primeiro do mundo a ser usado nas duas configurações. Outra grande inovação era a garantia de três anos contra corrosão, então a maior do mercado. Toda a linha foi reestilizada em 1985 e perdeu o “II” do nome, até o encerramento da produção em 1986, quando ele já tinha muitos componentes em comum com o Del Rey, como o painel de instrumentos e a mesma suspensão evoluída, que o fazia muito mais seguro em curvas em alta velocidade.
Algumas matérias interessantes sobre a linha Corcel já publicadas no AE estão abaixo:
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2012/04/passat-e-corcel-ii.html
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2014/05/memorias-ford-parte-3.html
JJ