Todo poderoso, Sergio Marchionne, 66, italiano criado no Canadá era o capo di tutti capi — o chefe de todos os chefes — na Fiat. Formado em Filosofia, Direito, era de Finanças. Eleito administrador geral, 5º em dois anos, causou susto geral ante o total distanciamento com a indústria automobilística, mas tirou a companhia de falência pré-anunciada e engatou, por brilho e persistência, série de conquistas: estabilização econômico-financeira; relançamento do modelo 500, aviso da volta da Fiat ao mercado; anexação da Chrysler; transformação da mítica Jeep em seu braço mais rentável; aumento mundial de produção e lucros; novas fábricas; a mágica de vender Fiats como sendo Jeeps; lucros nas operações de caminhões, motores, câmbios; salvação das marcas Maserati e Alfa Romeo; separação da Ferrari da FCA, multiplicando seu valor para a família Agnelli. No pacote, afastamento de Luca di Montezemolo da presidência da Ferrari e da sombra de assumir o mando geral; de ultrapassar 40% do volume anual de produção da Ferrari sem perder lucros; de fazer retornar a Ferrari a disputar vitórias na Fórmula 1; formar o sétimo grupo automobilístico do mundo. Brilhante observador, enxergou a fumaça de mudança do negócio automóvel pregando fusões e associações, a inviabilidade de automóveis no mercado dos EUA, suprimidos para o crescimento de SUVs e picapes na Chrysler — caminho após seguido pela Ford — e, o de interesse a acionistas, banqueiros e mercado: lucros operacionais, redução de custos nos produtos e aumento no percentual de lucro sobre o faturamento.
Em junho apresentou balanço e o Plano Quinquenal, incluindo desenvolvimento em mercados com maior potencial, como o Brasil, e sugeriu aposentar-se da gestão da FCA ao início de 2019 e da Ferrari em 2021. Deixaria de dormir no jato da FCA, e ter tempo para bem aproveitar a vida a partir de Zugg, cidade suíça onde tem endereço e atraentes impostos reduzidos.
O homem planeja, Deus desdenha. Marchionne não conseguiu cumprir o projeto pessoal. Com dores limitantes no ombro esquerdo, ingerindo cortisona em grande quantidade, com imposição de cirurgia inadiável, avisou ao chefe John Elkann — o herdeiro da família Agnelli, controladora da Exxor, holding da FCA e outros grandes negócios — ausentar-se por três dias.
Em Zugg, população de executivos e aposentados surpreendeu-se com notícia do telejornal da TV de Zurique, relatando a cirurgia, o coma e os riscos no Hospital Universitário com o vizinho famoso.
Pouco antes o hospital contatou Elkann, e poucas horas após, voando no limite das turbinas de jato executivo, o descabelado executivo magrelo e alto, corria pelos corredores da casa de saúde para ver Marchionne, subordinado, guia, amigo. Foi impedido, mas teve noção pessoal da danosa situação: razão das dores era um carcinoma invasivo, qualificando sua remoção como de elevado risco, no apresentar crônico problema na tireoide. E na operação uma embolia cerebral, transformou-a num drama, com desesperadas ações médicas para reanimá-lo do coma. Disseram a Elkann dos esforços para mantê-lo vivo, do talento dos médicos, da eficiência dos equipamentos, e da impossibilidade de trazê-lo de volta à consciência.
Ante a situação Elkann convocou duas reuniões em Lingotto, no imponente prédio em Turim, um dos gabinetes do poder, no sábado, 21, com a mesma finalidade: avisar da surpreendente e grave situação, nomear novos condutores, e fazer no fim de semana para evitar perda de valor nos papéis da FCA e da Ferrari. Assessoria de comunicação da empresa ficou muda e apenas se manifestou com a indicação dos novos gestores e uma carta pessoal, onde o lado italiano de Elkann traduzia o necrológio do executivo em coma.
Para Ferrari escolheram como executivo-chefe Louis Camilleri, 63, egípcio com pais da Ilha de Malta, ex-membro do Conselho da Ferrari e ex-executivo-chefe da tabaqueira Philip Morris — patrocinadora da equipe de Fórmula 1. Elkann será o presidente.
Na reunião seguinte, sagraram o inglês Mike Manley, executivo-chefe da Jeep, novo executivo- maior da FCA. Seus resultados, os maiores no grupo — devem representar 2/3 dos lucros no exercício — credenciaram-no ao cargo.
Não terá vida fácil. Pouco provável receber planos estruturados para novos passos. Afinal, a genialidade é solitária e prescinde rascunhos. Primeiro aviso, Alfredo Altavilla, carreira ascendente, gestor da FCA na Europa, Médio Oriente e África, sempre visto sucessor natural de Marchionne, não indicado, demitiu-se. A saída indica dificuldade adicional para Manley, selecionar com quem pode contar na iniciante gestão, difícil sucessão não planejada.
Marchionne — com sua marca registrada, o pulôver preto e camisa quadriculada — faleceu ao início da manhã de 4ª feira, 25. Perda sensível, um case de performance empresarial, o executivo de automóveis mais importante dos últimos 15 anos, registrou muitos êxitos incluindo a imbatível realidade de salvar e multiplicar por 11 o valor da Fiat.
Feito rico com salários, bônus, ações, foi-se sem usufruir de tais benesses, nem do projeto pessoal de se transformar em megaconsultor, em festejado palestrante mundo a fora, aproveitar melhor a companhia de Manuela Battezzatto, sempre apresentada como sua grande sorte.
Mescla entre conquistas e súbita saída de cena alimenta a necessidade do pensar sobre o limite de dedicação pessoal aos objetivos profissionais.
Enfim, Gol e Voyage automáticos
O mercado fala, a Volkswagen demora, mas entende. Frase se baseia na bem bolada campanha da Mercedes-Benz em abandonar tecnicidades alemãs e utilizar soluções nacionais, aqui propostas pelo mercado para seus caminhões.
No caso, em sofrido caminho em busca da liderança, entendeu finalmente duas exigências dos compradores nacionais: utilitários esportivos — ou veículos com morfologia assemelhada —, e câmbio automático. Para os primeiros, investiu seriamente e terá cinco modelos — inicia importando do México o novo Tiguan. Para a segunda demanda, apertou a engenharia, adequou parafusos, encaixes, comandos, regulagens, e juntou caixa automática de seis marchas ao motor 1,6-litro da família EA211 – um quatro-cilindros da mesma família dos 1- litro tricilindro. Moderno, com 120 cv, traciona com disposição a caixa com seis marchas e conversor de torque — nas versões de topo mudanças podem ser feitas por borboletas sob o volante.
Integra a promessa de apresentar 20 produtos novos e melhorias até 2020, e marca-se pela possibilidade da mudança de regulagens para comportamento esportivo, e por mudanças de estilo para diferenciar-se como Linha 2019.
Demais produtos da modelia ’19 são motor 1,0 de três cilindros; 1,6 com quatro êmbolos e 104 cv — o motor antigo —, e o recente EA 211, 1,6 e 110 cv a gasálcool e 120 cv, com álcool. Primeiros com câmbio manual de 5 marchas.
Os modelos com caixa automática têm procura fomentada pelas autoridades de trânsito e planejamento urbano no país. Gerindo trânsito e vias com incontestável incompetência, suas soluções para fluxo garantem um para e anda constante, transformando o ato de dirigir em sacrifício muscular. Câmbio automático visa aliviar tais esforços, e atingir clientela crescente, as pessoas com deficiência — PCD —, com direito a descontos compensativos.
Virão oferecidos em cores sólidas — branco Cristal, preto Ninja e vermelho Flash —, e duas cinza metálicas.
Há epicurismo técnico, surpresa nesta faixa de preços, como a multiplicação das marchas para obter baixos rotações e consumo: na hipotética e proibida velocidade de 120 km/h, outra colaboração dos entendidos em trânsito, o motor girará a 2.650 rpm.
Linhas
Novidades em design, como capô mais elevado, e duas linhas unindo os faróis no grupo óptico frontal; entradas de ar nos para choques.
Internamente maior preocupação em destacar a importância do painel de instrumentos, como se fora veículo de categoria superior; volante multifuncional, iluminação dos instrumentos, console e sistema de infodiversão em LEDs.
Não é apenas o aplicar de câmbio cômodo, mas a consciência da mudança do mercado, da liderança do Chevrolet Ônix e suas peculiaridades de ser carro para provocar vizinho de baixa renda. A VW quer melhorar sua performance de vendas, começando pela base e seu produto mais antigo.
PSA inicia produzir Citroën Cactus
Dia 31, em cerimônia a fornecedores, autoridades governamentais e convidados outros como jornalistas não especializados, PSA iniciará em sua fábrica de Porto Real, RJ, produzir o modelo C4 Cactus. Festa é Lançamento Industrial, com apresentação das instalações e visita à operação fabril. A partir dela, estoque de 45 dias, meio de setembro, será remetido à rede revendedora.
Lançamento à imprensa, mídia graciosa, ao fim de agosto.
Festa se pretende à altura do produto, visto internamente como o ponto de mudança de comportamento das marcas Peugeot e Citroën no Brasil, em sensível queda de vendas e participação no mercado — em junho a Peugeot vendeu pífias 1.600 unidades, 1,0% do mercado nacional; Citroën 1.300, quantidades incapazes de, sequer, manter a rede concessionária — ao contrário da performance mundial. Com o Cactus, premiado por design, morfologia atualizada, sugerindo — sem ser — utilitário esportivo, vestindo o figurino do mercado, holding busca retomar posições com vendas, participação no mercado, lucros.
Modelo é revisão do similar europeu, feito na Espanha, com alterações locais, como as janelas traseiras e o painel de instrumentos. Este, por economia, será o mesmo aplicado ao C4 sedã, produzido na Argentina.
Roda-a-Roda
Menos – Sexta feira passada, 31 colaboradores da pista de testes da Ford em Tatuí, SP, foram dispensados. Corte adicional no processo de redução de atividades pela empresa, praticamente zera a atividade de testar, analisar, desenvolver, ou adequar projetos estrangeiros ao mercado nacional.
Ford – Empresa diz empoladamente ser adequação administrativa ao mercado. Crível, fosse medida isolada, mas vistos fatos e decisões da matriz, tudo indica ser apenas novo passo para minguar a operação da Ford no Brasil.
Planos – Resultados vermelhos desde a substituição de presidente brasileiro por executivos estrangeiros, para deter prejuízos foi incluída no rol das providências saneadoras pela cúpula da empresa. Uma delas, não investir em países sem retorno ao capital aplicado. Como no caso.
Coluna – Tem levado aos leitores sua preocupação com as consequências locais das definições n’além mar, como reduzir pessoal; não renovar a linha Focus na Argentina; encerrar a produção de caminhões e do Ford Fiesta na grande fábrica de São Bernardo do Campo, SP; manter apenas um produto em linha, em Camaçari, BA; aumentar importações. Os dois primeiros já foram perpetrados.
Importância – Ter pista de testes para desenvolver produtos é fator de qualidade. Avaliá-los em circuitos padronizados, auditados, oferece condições para aferir, entender resultados, melhorar os produtos.
Primário – Testar carros em estradas abertas, como o fazem boa parte das marcas operando industrialmente no Brasil, é método antigo, aplicado desde quando Willys, Simca e DKW-Vemag avaliavam seus produtos na década de ’60.
Ainda – Na seguinte, Volkswagen para ganhar tempo e acertar o Passat para o Brasil, testou-o na Alemanha: deu em má primeira série, deficiente em estrutura, eixo traseiro, segurança, pelas diferenças entre pisos europeu e nacional.
Quem – No Brasil há três áreas para isto: General Motors — desativada, encerrou desenvolver design e engenharia no Brasil; Ford, sinalizando entrar nesta trilha. E Mercedes, na contramão, inaugurou neste ano, em Iracemápolis, SP.
Caminho – Há quinze dias colaborador da Coluna trouxe informações importantes, coerentes, encadeadas: Ford desativaria a pista em Tatuí; Jorge Salomão, ex-engenheiro da empresa — pai da mecânica do novo Troller — ora com empresa de avaliação de novos produtos, e a montadora CAOA, tocariam negócio para alugar a pista, laboratórios e mão de obra qualificada, vendendo serviços a todas as outras fabricantes, montadoras e importadoras.
Negócio valioso e promissor ante a carência do mercado.
Futuro – Consultadas, partes envolvidas saiíram-se em explicação ociosa: desconheciam o assunto. Alegar ignorância é um manto tão confortável quanto trêfego, esvaindo-se no surgimento de novos fatos.
II – Tudo indica, o reduzir das atividades da pista Ford Tatuí aumenta gastos sem resultados; mostra, sem novos produtos, não haverá o que testar; associar-se a Salomão e Caoa, ou ceder a pista em avença negocial é solução de racionalidade.
Allspace, o novo Tiguan
Inteiramente novo, sobre a plataforma MQB, medidas, modularidade, Tiguan chega com a designação de Allspace, indicando expansão de uso: agora mais comprido, largo, baixo e aumento na distância entre eixos, transporta até 7 passageiros. É o primeiro na arrancada da Volkswagen em ter cinco SUVs em seu portfólio de produtos. A clientes oferece três versões de decoração, incluindo a R Line, e duas de motorização TSI, combinando turbo e injeção direta de gasolina. Nesta, superior, o motor 2,0 faz 220 cv e, sobretudo, 35,7 m·kgf, torque 25% superior ao modelo anterior. Para obter tais ganhos empresa aplicou dois sistemas de injeção: direta na câmara de combustão e no duto. Tal combinação mescla performance, respostas rápidas e redução em consumo e emissões. Câmbio automático de sete marchas.
Também, versão com motor 1,4 TSI flex, fabricado em São Carlos, SP, 150 cv e 25,5 m·kgf de torque. Câmbio automático de seis marcha, acionável manualmente por borboletas sob o volante ou pela própria alavanca, capacidade para cinco passageiros e tração apenas nas rodas frontais.
Produto busca inovar ao apresentar-se ao comprador identificando versões pelo torque do motor expresso em newtons·metro. Serão 250 TSI indicando 250 N·m de torque, fornecidos pelo motor 1,4, 350 TSI caracterizando o motor 2,0 TSI. Torque é a medida capaz de oferecer aceleração, pressionar o corpo contra o banco, passando a sensação de disposição e esportividade.
Gente – Priscilla Cortezze, jornalista, nova Diretora de Assuntos Corporativos e Relações com a Imprensa da Volkswagen. OOOO Viveu a área na revista Carro, depois Citibank. OOOO Camila Maluf, empreendedora, novos ares. OOOO Retorno a São Paulo e novos interesses. OOOO Em Mogi Guaçu sedimentou o Autódromo Velo Città como negócio após organizar 530 eventos. OOOO
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