McLaren confirma Norris no lugar de Vandoorne. Michelin não volta
A confirmação do inglês Lando Norris na formação da equipe McLaren para 2019 vai muito além de preencher a vaga de companheiro de equipe do espanhol Carlos Sainz Jr. Ao confirmar uma das duplas mais jovens do grid do ano que vem, a equipe deixa claro que ainda tem cacife para evitar o canto da sereia entoado por pilotos mais ricos do que velozes e sugere que a possibilidade de herdar o apoio da Martini, empresa que ao final do ano deixa de apoiar a Williams, pode ser algo mais concreto que simples boatos. A promoção de Norris coloca o belga Stoffel Vandoorne no mercado em busca de uma das oito vagas ainda em aberto. Em Monza, etapa marcada por uma vitória maior de Lewis Hamilton, a Michelin indicou que não deverá voltar à categoria quando termina o atual contrato da categoria com a Pirelli.
A carreira de Lando Norris (foto de abertura), nascido em Bristol no dia 13 de novembro de 1999 e filho de um bem-sucedido banqueiro, tem um diferenciador raras vezes visto no esporte. Se apoio da família foi tão intenso quanto em outros casos, seus pais acreditavam tanto na capacidade do filho que optaram por tirá-lo da escola para permitir sua dedicação integral ao esporte. O resultado dessa decisão foi justificado na pista: até agora ele sagrou-se campeão em todas as categorias que disputou: kart, F-Renault, Toyota Racing Series e F-3. Este ano disputa a F-2, onde é vice-líder do campeonato e encontrou no compatriota George Russell um osso mais duro de roer; além disso algumas ocasiões andou atrás do brasileiro Sérgio Sette Câmara, seu parceiro na equipe Carlin, o que valoriza o trabalho do piloto mineiro. É bem provável que até o final da temporada Norris participe de todas as primeiras sessões de treinos livres (FP1) para conhecer circuitos onde ainda não disputou nenhuma prova.
Stoffel Vandoorne é o maior sacrificado nesse processo. Protegido da McLaren desde os tempos de Ron Dennis, o belga foi alçado a titular da equipe de F-1 após a consumação da aposentadoria de Jenson Button; apesar de todo seu planejamento de carreira, Vandoorne jamais teve condições de repetir suas boas atuações na antiga GP2, atual F-2. Primeiro, pelos problemas que solaparam a segunda edição da aliança McLaren-Honda e, segundo, porque a própria equipe entrou em uma decadência poucas vezes vista na categoria e cujo ritmo de recuperação é considerado bastante lento para uma equipe que é uma das vitoriosas da história da categoria.
Se o futuro de Norris está garantido o mesmo não se pode dizer de Vandoorne. Há quem pregue que seu relacionamento com Frédéric Vasseur possa pavimentar sua contratação pela Sauber, mas o panorama da F-1 não colabora tanto. Entre os motivos pode-se mencionar que o sueco Marcus Ericsson tem o apoio dos principais investidores no time de Hinwill e o monegasco Charles Leclerc não seria preterido em favor do belga. Leclerc, por seu lado, vive a incerteza de ficar onde está ou ser promovido para a Ferrari, mudança creditada a uma decisão do finado Sergio Marchionne, executivo maior da FCA falecido recentemente. Não é segredo para ninguém que na Scuderia há uma disputa interna entre as forças que apoiam a manutenção de Kimi Räikkönen — entre elas o atual executivo-chefe da Ferrari, Louis Camilleri, grande amigo e admirador do finlandês.
Se há um mês a decisão de Fernando Alonso seguir ou nãao na F-1 travava o mercado, agora é a vaga de companheiro de Sebastian Vettel em 2019 que ocupa esse papel. As demais vagas em aberto parecem destinadas a uma verdadeira disputa entre sobreviventes e aspirantes. Na Haas, aposta-se na continuidade do dinamarquês Kevin Magnussen, enquanto Romain Grosjean ainda vive sob o espectro de seus altos e baixos. A ligação do time de Gene Haas com Maranello é forte o suficiente para negociar uma oportunidade para aprimorar pilotos que os italianos esperam ver em seus carros num futuro próximo.
Ainda mais incerta é a situação na Scuderia Toro Rosso, onde Pierre Gasly deixará vago seu cockpit e Brendon Hartley ainda não convenceu que deve ter mais uma chance de tentar carreira na F-1. Pior neste quadro é ver que o amplo e badalado programa de apoio a jovens pilotos da Red Bull ter falhado em revelar talentos no ritmo necessário para evitar situações como essa. A possível volta de Daniil Kvyat, que em 2016/2017 viveu um processo típico de fritura nas mãos de Helmut Marko (o responsável pela academia da Red Bull), ilustra bem essa situação.
Enquanto na Racing Point Force India tudo indica para uma formação com Sérgio Pérez e Lance Stroll, na Williams está tudo em aberto e as conjecturas para a temporada que pode selar o futuro da casa de Grove passam pela chegada de investidores russos interessados em ter dois compatriotas a bordo até a um investimento paralelo de Toto Wolff, que tem dois pilotos de valor — Estebán Ocón e George Russell — sob contrato mas não encontra um cockpit para nenhum deles. Mercedes (Lewis Hamilton e Valtteri Bottas), Red Bull (Max Verstappen e Pierre Gasly) Renault (Daniel Ricciardo e Nico Hulkenberg) e McLaren (Carlos Sainz e Lando Norris) já definiram seus pilotos.
Michelin não volta
Marca de prestígio no mercado mundial de pneus, a volta da Michelin à F-1 é anunciada regularmente e sempre associada à proposta de fornecer equipamento com aro de 18” em lugar dos atuais, de 13”. O contrato em vigor entre a categoria e a Pirelli vence no final de 2019 e a FIA abriu concorrência para o fornecimento do equipamento entre 2020 e 2023. A marca francesa, porém, não deverá participar do processo, como informou ao site RaceFans o diretor de esportes a motor da empresa, Pascal Couasnon: “Nós gostamos de ver que a F-1 aceitou, após 10 anos, a proposta da Michelin para fornecer pneus de aro 18, isso foi um reconhecimento à nossa visão de produto. Obviamente o fato de que teríamos de produzir pneus de aro 13 para 2020 e pneus de aro 18”para os outros três anos foi claramente um balde de água fria no nosso projeto”.
Vettel roda, Hamilton dispara
Uma primeira volta conturbada de Sebastian Vettel e uma corrida magistral de Lewis Hamilton marcaram a disputa do Grande Prêmio da Itália, no último fim de semana. A vitória do inglês permitiu que ele abrisse a diferença de 30 pontos para o alemão, que segue vice líder do campeonato que ainda tem oito etapas, a primeira delas dia 16 em Cingapura. O resultado completo do GP da Itália você confere aqui.
WG