(Atualizado em 09/11/18 às 15h20)
(2ª atualização em 09/11/18 às 16h40)
Consternado, o AUTOentusiastas comunica o falecimento, nesta madrugada, em Brasília, do grande amigo e colunista Roberto Nasser (à direita na foto).
Ele vivia só em seguida ao fim do seu casamento no final do ano passado e foi encontrado morto em sua mesa de trabalho pelo caseiro, que achou estranho a casa estar com as luzes acesas por volta de 1h30 desta sexta-feira e foi verificar se havia algo errado com seu empregador.
Ele estava escrevendo sua coluna “De carro por aí” publicada às sextas-feiras aqui no AE e em inúmeros meios de comunicação país a fora, em mídia eletrônica e impressa. Morreu trabalhando vitimado por um infarto fulminante.
Carioca, nasceu em 9 de julho de 1946, estava com 72 anos. Nos últimos 38 anos residia em Brasília.
Advogado. cedo começou a escrever sobre automóveis, tornando-se um dos mais expressivos — se não o mais — jornalistas automobilísticos em atividade.
Criador e curador do Museu Nacional do Automóvel, em Brasília, ocupando um prédio cedido pelo Ministério dos Transportes, teve o dissabor de o imóvel de aproximadamente 1.800 m² na SGON Quadra 1, 205, no Eixo Monumental de Brasília, ao lado do Memorial JK, ter sido pedido de volta pelo Ministério e lacrado. O órgão pretendia utilizar o espaço para…. guardar o arquivo morto da extinta Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA)!
Nasser tentou por cerca de cinco anos reverter a situação, em vão: em 20 de setembro de 2012 o museu foi lacrado, visitas obviamente proibidas, ficando certo o despejo. Mas Nasser não desistiu, batalhou, lutou bravamente, e finalmente o Ministério dos Transportes desistiu de reaver o imóvel, conforme me contou esta manhã sua secretária, Mônica Oliveira: “Recebi ontem um telefonema do subsecretário de Assuntos Administrativos do Ministério dos Transportes pedindo que o Nasser o procurasse, pois o Ministério abriu mão do prédio. O Museu continuaria lã.” O Nasser encontrava-se no Salão do Automóvel, viajaria para Brasília à noite.
Ele não chegou a ver o final feliz da insana disputa.
Roberto Nasser e eu
Por Fernando Calmon
Roberto Nasser (José Roberto Nasser da Silva) foi um dos pioneiros do jornalismo especializado, apaixonado pelo que fazia e escrevia. Começamos praticamente juntos há 51 amos e o conheci menos de um ano depois. Então, foi meio século de convivência próxima e muitas trocas de ideias, cada um com seu estilo. Sua memória sobre fatos e acontecimentos era prodigiosa, muito melhor que a média dos colegas de profissão. A paixão fervorosa pelo antigomobilismo o fez lutar pela adoção da placa preta, uma de suas grandes vitórias pessoais. Fundou o Museu Nacional do Automóvel, em Brasília, com um acervo pessoal de raridades mecânicas e de literatura pertinente. Sua última e longa batalha foi tentar encontrar um novo local para o museu, mas não precisaria continuar: esta semana o Ministério dos Transportes, com a mudança de governo, lhe acenou continuar com o prédio para abrigar e expor seu acervo. Mas ele não viveu para ver seu museu reaberto.
Veja matérias sobre o Museu Nacional do Automóvel:
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2009/02/museu-do-automovel-de-brasilia.html
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2011/09/um-museu-de-automovel-em-perigo.html
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2010/09/museu-do-automovel-de-brasilia.html
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2012/09/extra-museu-nacional-do-automovel.html
http://www.autoentusiastasclassic.com.br/2013/12/noticia-museu-nacional-do-automovel.html
R.I.P, Nasser. Que Allah o receba com toda a pompa. Você merece.
AE/BS
Autofoto de abertura feita por Alexander Gromow em março desse ano.