Pietro Fittipaldi testa hoje em Abi Dhabi pela equipe Haas
Menos de 48 horas após a vitória de Lewis Hamilton (foto de abertura) na última prova de 2018, todas as equipes que disputam a F-1 voltam ao traçado de Abu Dhabi para testes de pneus e avaliação de novos nomes, alguns deles já confirmados para a vaga de pilotos de testes, caso de Pietro Fittipaldi. Ontem o norte-americano Jimmie Johnson, astro da Nascar, andou em um McLaren MP4/28 (modelo equipado com motor Mercedes) e cedeu seu Stock Car para Fernando Alonso completar algumas voltas pela pista de 5.554 metros. Os testes se estendem até amanhã e configuram a última atividade de pista da categoria até fevereiro, quando se realizam os primeiros testes de inverno, em Barcelona, entre os dias 18 e 21.
A agenda de trabalho dos testes desta semana deverá escapar pouco da avaliação de pneus e novos recrutas: as equipes só poderão usar carros em configurações utilizadas durante a temporada, o que exclui soluções que serão impostas em 2019, em especial as novas asas dianteiras e traseiras. Por esse motivo chamou atenção a alteração feita nos carros de Lewis Hamilton e Valtteri Bottas na corrida de domingo: próximo às rodas traseiras foi notada a presença de cinco tubos de Pitot. Tal recurso avalia a velocidade de fluídos através da comparação de pressões estática e total e nunca havia sido utilizado até então.
A proposta seria uma forma de coletar dados em uma das zonas mais críticas de um F-1 no que se refere à aerodinâmica: é na região entre o assoalho do carro (local da instalação de tais sensores) e o pneu traseiro que inicia a turbulência gerada pelo movimento dos pneus e pelo deslocamento do veículo. Valtteri Bottas, que terminou o ano em quinto lugar no campeonato e marcou o maior número de voltas rápidas, será o único piloto em atividade nestes dois dias de treinos.
Com a definição do grid para 2019 já conhecida, não deixa de ser curiosa a escalação de pilotos para os trabalhos desta semana. Além da Mercedes, Ferrari (Sebastian Vettel, terça, e Charles Leclerc, quarta) Red Bull (Max Verstappen, terça, e Pierre Gasly, quarta), Force India (Sérgio Pérez e Lance Stroll), McLaren (Lando Norris, terça, e Carlos Sainz Jr, quarta), Sauber (Kimi Räikkonën, terça e Antonio Giovinazzi, quarta) e Williams (George Russell e Robert Kubica) apostam em seus nomes para 2019. Cabe destacar que Pérez e Stroll andam apenas hoje (terça) dividindo um único carro pela manha e tarde, respectivamente. Na Williams, Russell anda hoje pela manhã e amanha à tarde, e Kubica entra em ação nos dois turnos restantes, uma solução típica do time de Grove, que há algumas temporadas vem praticando estratégicas discutíveis.
Apesar de todas as odes e loas tecidas em favor de Daniel Ricciardo no final de semana, a Red Bull não o liberou para testar pela Renault em Abu Dhabi, reflexo do divórcio traumático entre as duas equipes. Assim, a equipe francesa volta às pistas com Nico Hulkenberg (hoje) e o russo Artem Markelov (amanhã), forte candidato à vaga de piloto de testes em 2019. Situação semelhante acontece na Toro Rosso onde o indonésio Sean Gelael atua hoje e o russo Daniil Kvyat (piloto titular em 2019) amanhã.
A agenda do time B da Red Bull foi determinada antes da confirmação de Alex Albon como titular de 2019, fato anunciado ontem e que tem poucas chances de alterar essa programação. Albon é filho de pai inglês e mãe tailandesa e ao optar por correr com licença do país asiático torna-se o segundo piloto da Tailândia na F-1; o primeiro foi Birabongse Bhabubhan, o Príncipe Bira, que disputou várias provas internacionais antes da criação do Campeonato Mundial de F-1. Sua aparições em corridas oficiais da categoria somam 18 GPs entre 1950 e 1954 e seus como melhores resultados foram dois quartos lugares (Suíça, 1950, e França, 1954) e um quinto (Mônaco, 1950), sempre com carros Maserati.
Na equipe Haas, Pietro Fittipaldi tem hoje uma grande chance para pavimentar seu caminho a uma vaga de titular, esperança igual à do suíço Louis Deletraz, sobrenome que também tem passagens pela categoria: seu pai, Jean-Dennis, alinhou em três GPs entre 1994 e 1995. O suíço terminou a temporada da F-2 em décimo lugar, enquanto o brasileiro teve uma campanha marcada por um acidente nos treinos para os 1.000 Quilômetros de Spa, fato que o afastou das pistas por cerca de dois meses. Além de sua habilidade e determinação Pietro tem a seu favor o apoio da Telmex, empresa de telecomunicações do empresário Carlos Slim, marca com grande potencial de sinergia com a única equipe norte-americana do grid.
Na metade desta temporada a Force India teve seu nome acrescido da marca Racing Point após um consórcio liderado por Lawrence Stroll ter assumido a equipe e evitado sua falência. Diante disso o fato de seu filho Lance, que competiu pela Williams em 2017 e 2018, ainda não ter sido confirmado é encarado como mero detalhe contratual. Sérgio Pérez fica mais um ano na equipe e Esteban Ocón deixa a equipe para dar lugar ao canadense.
Todas as demais equipes já têm suas formações definidas para as 21 etapas de 2019, a saber:
Mercedes: Lewis Hamilton (contratado até 2020) e Valtteri Bottas (2019).
Ferrari: Sebastian Vettel (2020) e Charles Leclerc (2019).
Red Bull-Honda: Max Verstappen (2020) e Pierre Gasly (2019).
Renault: Daniel Ricciardo (2020) e Nico Hulkenberg (2019).
Haas-Ferrari: Romain Grosjean (2019) e Kevin Magnussen (2019).
McLaren-Renault: Carlos Sainz (2020) e Lando Norris (2020).
Force India-Mercedes: Sérgio Pérez (2019) e Lance Stroll (a confirmar).
Alfa Romeo-Sauber: Kimi Räikkönen (2020) e Antonio Giovinazzi (2019).
Toro Rosso-Honda: Daniil Kvyat (2019) e Alexander Albon (2019).
Williams-Mercedes: George Russell (2020) e Robert Kubica (2019)
O resultado completo do GP de Abu Dhabi e a classificação final da temporada de 2018 você encontra aqui.
WG
Nota: a coluna “Conversa de pista” é publicada normalmente às terças-feiras às 10 horas. Foi publicada hoje excepcionalmente por motivo de força-maior.