Ano novo, vida nova. Pelo menos é o que muitos afirmam. Parar de fumar, ser menos consumista, entrar na academia, começar um regime, gastar menos e economizar mais são as típicas promessas de virada de ano, todas classificáveis como “promessas de político”: raramente cumpridas. Mas, e o Autoentusiasta, o que ele promete? Eu, na qualidade de um, elenco algumas daquelas promessas que faço, quando o assunto é carro, e que eu nunca cumpro, nem no ano novo nem ao longo do ano!
• Nunca mais comprarei outro carro velho para restaurar – quebrada uma vez– prometida quando acabei de mexer no Fusca e quebrada quando comprei o Gol, feita novamente e agora com uma fortíssima pressão para ser quebrada novamente ao ver um pobre Fusca abandonado a quatro quarteirões de casa…;
• Não serei mais tão fresco com meus carros. Usarei-os mais;
• Abandonarei meus preconceitos com marcas e modelos. Lembre-se que para Autoentusiasta, marcas e modelos provocam paixões e discussões análogas àquelas vistas em torcidas de futebol (e Escola de Samba no Rio de Janeiro…);
• Gastarei menos dinheiro no carro inventando reparos e “melhorias”;
• Deixarei minha namorada ou noiva escolher o futuro carro dela SEM DAR PALPITE! Afinal será ela que usará o carro (será???);
• Deixarei minha esposa escolher o futuro carro da casa sem impor “escolha o que quiser desde que eu aprove” (juro que já fiz isso…);
• Pararei de ter neuroses com rodas riscadas;
• Serei menos neurótico com a arrumação do interior do(s) meu(s) carro(s);
• Não deixar que ruídos novos e pequenos defeitos que ora apareçam no carro se tornem verdadeiros martírios e torturas, especialmente em viagens;
• Sentirei menos dor, ciúme ou mal estar quando tiver de emprestar (por força de extrema necessidade – porque autoentusiasta trata carro com a mesma intimidade de uma escova de dentes) o carro para alguém dirigir;
• Deixarei de cobiçar a comprar do carro do próximo ou daquele modelo novinho parado na concessionário (e por consequência, parando de pensar em fazer “engenharia financeira” para realizar tal proeza);
• Deixarei de ser neurótico com aquele risco na pintura ou aquela batidinha que quase ninguém repara mas para você parece quase uma colisão de grande monta;
• Deixarei de personificar meu automóvel: ele é apenas uma máquina;
• Não ficarei nervoso por meu filho pequeno comer batata frita e deixar farelos nos bancos, entrar com a mão e pé sujos de qualquer jeito, ou então colocando a mão engordurada no vidro lateral;
• Também procurarei ficar menos nervoso quando meu filho mais velho bater a porta sem querer;
• Procurarei ter uma relação mais normal com meu carro, menos obsessão.
Sempre faço essas promessas e as coloco em prática, mas normalmente não duram muito mais que uma semana (ou ver o próximo carro velho para comprar e corroer o orçamento doméstico).
Para 2019 a expectativa é que NENHUMA dessas afirmações acima se realizem e continuemos apaixonados por essas incríveis máquinas (que a sua maneira tem alma própria) e representam mais do que a praticidade ou status: representam a liberdade de conduzir o seu próprio meio de transporte, talvez ai explicando a paixão e o encanto que unem o autoentusiasta mais rico a abonado dirigindo um modelo do ano àquele que luta bravamente para ter o seu carro, muitas vezes bastante desgastado pelo tempo mas ainda assim zela com o mesmo carinho e paixão de um zero-quilômetro.
DA
Nota: A foto de abertura foi feita no dia 25 de setembro deste ano, um dia depois do aniversário de minha mulher, Cássia, na casa de minha sogra Maricelda, falecida ano passado. As rosas foram o presente que ela mandou para a filha!