Para o automobilismo brasileiro o ano de 2019 será marcado por dois fatos importantes e um renovado projeto na história da Stock Car brasileira: a categoria comemora o início de sua quinta década, alcança a marca de 500 corridas e seus promotores vão ressuscitar um projeto que visa atrair outros fabricantes para concorrer com a Chevrolet; cabe lembrar que a marca da General Motors do Brasil é a proprietária do nome Stock Car (foto de abertura/Duda Bairros). Como é tradicional, o calendário terá doze etapas e, se a Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) aprovar o circuito, a corrida de abertura será no autódromo de Tarumã, palco da primeira competição oficial da categoria, no dia 22 de abril de 1979.
O tradicional circuito gaúcho, localizado no município de Viamão, região metropolitana de Porto Alegre, foi incluído no calendário deste ano, mas a cerca de 30 dias da prova os comissários desportivos da CBA não aprovaram a pista e a etapa foi transferida para Londrina, o que causou muitas reclamações. A mais comum delas foi o prejuízo causado às equipes, situação que poderia ter sido amenizada com a transferência para o circuito do Velopark, igualmente situado nas proximidades da capital gaúcha. Acredita-se que essa alteração contribuiu para a reformulação da estrutura que controla a categoria.
Nas últimas semanas a Time 4 Fun, liderada por Fernando Autério, anunciou uma reformulação e convidou Carlos Col para assumir a presidência do conselho da Vicar, empresa do grupo que cuida de automobilismo, ao lado do próprio Autério. Assim, não chegou a surpreender que, dias depois do anúncio, Rodrigo Mathias tenha pedido demissão do cargo de diretor-geral, posto que assumiu em dezembro de 2016 em substituição a Mauricio Slaviero. Com ampla experiência de eventos de música, Mathias tentou implantar um viés voltado ao entretenimento, mas suas propostas não agradaram a muitos; com a crise financeira que afeta o País há anos, o resultado de sua gestão teve um balanço que ainda gera controvérsias. Desde a saída de Mathias,outros nomes também foram desligados da Vicar e as principais bandeiras de sua administração, realizar uma prova noturna e levar a categoria a competir em circuitos de rua em grandes centros, não vingaram.
O retorno de Carlos Col, que também controla a categoria Copa Truck e deve administrar o campeonato monomarca dos Hyundai HB20, foi recebido como uma lufada de ar conhecido. Ele é considerado um promotor com habilidade suficiente para lidar com equipes e dirigentes, qualidades que poderão contribuir para uma nova fase da Stock Car. O objetivo mais importante do seu retorno à Vicar (empresa que ele fundou e batizou com o nome formado a partir da junção das primeiras sílabas do seu nome e de sua esposa, Virgínia) é convencer outros fabricantes a se juntarem à GM/Chevrolet no grid da categoria.
Existem no automobilismo mundial categorias onde o chassi e o trem de força são iguais para todos e cada competidor pode escolher a bolha de carroceria que mais lhe convenha, caso da Top Race argentina. Num passado não tão distante a própria Stock Car brasileira usou esse recurso e conseguiu reunir no grid normalmente dominado pela Chevrolet modelos da Mitsubishi, Peugeot e VW. Nenhuma dessas marcas, porém, jamais explorou o potencial de tal oportunidade. Oxalá desta vez o resultado seja mais profícuo.
A temporada que marca o início da quinta década da categoria terá como novidades já confirmadas a dinâmica do calendário e a manutenção de Campo Grande (MS), traçado que voltou a ser usado em 2018 e será local da sexta etapa do ano, dia 11 de agosto. Normalmente a prova de abertura da temporada, a Corrida de Duplas de 2019 será realizada depois das corridas de Tarumã e Velo Città e terá como palco o autódromo de Goiânia. Trata-se de um autódromo bem mais adequado para uma competição onde a movimentação nos boxes será intensa e demandará condições de segurança melhores que aquelas dos boxes dos traçados gaúcho e paulista.
A prova de abertura da temporada também poderá ser disputada no Velopark, caso as reformas que a CBA demandou ao Automóvel Clube do Rio Grande do Sul não coloquem o autódromo de Tarumã dentro dos padrões que a entidade demanda. Interlagos, outrora meca da categoria, até o momento foi contemplado com uma única etapa, a que encerra a temporada. Que ninguém se surpreenda se a Corrida do Milhão, ainda sem local definido, seja em São Paulo por demanda dos patrocinadores das equipes.
Nos últimos anos o calendário da Stock incluiu também as categorias Stock Light, Marcas e, até 2016, o Mercedes Challenge, atualmente parte do circo da Copa Truck. Para 2019 apenas a Stock Light está confirmada — serão oito etapas durante o ano —, e há dúvidas sobre a continuidade da categoria Marcas.
O calendário de 2019:
7/4: Tarumã (RS)* (L)
5/5: Velo Città (SP)
19/5: Goiânia (GO) (L) – Corrida de Duplas
9/6: Londrina (PR) (L)
21/7: Santa Cruz do Sul (RS)
11/8: Campo Grande (MS)
25/8: Corrida do Milhão (L) – local a definir;
15/9: Curitiba,(PR)* (L)
20/10: Cascavel (PR) (L)
10/11: Velopark (RS)
24/11: Goiânia (GO) (L)
15/12: Interlagos, São Paulo (L)
*Etapas com locais a serem confirmados
(L) Realização de etapa da Stock Light
WG