A indústria automobilística, mais uma vez, tem puxado o crescimento da atividade industrial para cima. Um dos indicadores que consideramos chave para sustentar o crescimento era o crédito. De acordo com o BC, o saldo de crédito às famílias cresceu 8,6% em ’18 e justamente o de aquisição de veículos foi o que puxou o total para cima.
Não obstante, as projeções de crescimento para este ano situam-se entre 10 e 15%, o que seria um valor robusto e similar ao observado no ano passado, trabalhamos para atingir patamares que tivemos em 2008, ou seja entre 2.850mil e 2.900mil autoveículos.
Não é somente o crédito que vem animando os compradores, há uma necessidade natural de renovação da frota e a estabilidade política que deixamos de ter, ao defenestrar da cadeira a doutora Dilma, aos poucos retorna neste novo governo.
Na reunião da Anfavea com a imprensa especializada, no último dia 6, Antônio Megale, presidente da entidade, manteve seu tom otimista com os resultados do mês e apresentou uma projeção de crescimento de 11,3% para veículos leves. Um ano atrás ele mesmo havia apresentado 11,4% de expansão esperada para 2018 e fechamos o ano com quase 14%. Já explicamos aqui, estimativas superiores a 10% são raras em mercados maduros como o nosso, porém é bom lembrar que a capacidade aqui instalada é de cerca de 5 milhões de unidades e o Brasil já comprou 3,8 milhões em 2013.
Janeiro teve um crescimento de 10% sobre mesmo mês do ano passado, nos 22 dias úteis registrou-se uma média de 8.691 licenciamentos/dia de veículos leves. A expansão de caminhões foi de 53%, mas o mercado de pesados está ainda mais longe de seus melhores dias e sua recuperação será lenta também.
Janeiro é mês em que as vendas diretas (PcD incluído) dão um refresco, em dezembro registrara-se 43% dos licenciamentos, mesmo número para o acumulado do ano e no mês que fechou, esse número ficou em 36%. Quem aumentou suas vendas no varejo foram Fiat, GM, VW e Toyota. Aguardemos os demais meses para observar se isso será uma tendência.
Foi noticiado que a receita federal busca formas de conter o avanço das vendas PcD, o país não tem tantos aleijados assim, entre 2013 e 2018 esse modal de vendas cresceu 347%. De uma ideia de beneficiar aqueles que enfrentavam limitações de acesso ao mercado de salários bem pagos por suas condições físicas, o que se notou foi um total desvirtuamento e busca de renúncia tributária para renovar frota em casa. A conta sempre vem para os outros.
RANKING DO MÊS
Chevrolet foi a marca mais vendida novamente, suas vendas foram 7% superiores a janeiro de ’18, com 36.215 emplacamentos. O destaque de crescimento fica por conta da Toyota, 15%, num mercado que cresceu 8,7% e tornou-se a quarta maior marca no mês e 16.396 veículos licenciados. Renault ficou em 5º e distante em 50 unidades apenas e a Ford em 6º, também bastante próxima com 16.250 veículos. Hyundai em 7º, com 14.704. Pouco mais distante, mas o fabricante coreano vem com novidades este ano, não só a renovação profunda de seus carros chefe, o HB20 hatch e sedã, como também uma expansão em suas linhas de montagem, conferindo-lhe maior capacidade produtiva. Esta os vinha castigando ao longo do ano passado, quando não conseguiam entregar o volume que seus compradores queriam. A partir do primeiro trimestre a Hyundai terá sua capacidade ampliada de 180 para 200 mil veículos por ano.
Em rápida conversa com alguns representantes da rede Ford, estes queixaram-se que terão um duro 2019 pela frente por estarem com poucas novidades de impacto.
O Onix deve repetir outro ano em folgada liderança, em janeiro emplacou 18.842 unidades, uma expansão de 17%, ao mesmo tempo em que se notou um recuo nas vendas diretas para 30% (chegou a 44% no ano passado). Seria um sinal a GM buscará reduzir as nada saudáveis vendas a frotistas? Em segundo lugar o Ford Ka, com 8.023 seguido do HB20, com 7.249, Prisma, Polo, o Renegade voltando a figurar entre os 10 primeiros. O compacto Chevrolet deve receber profunda modificação no fim do primeiro semestre, são várias inovações que permitem a GM sonhar em se manter bons anos à frente.
Dois modelos vêm sumindo, o VW up! e o Nissan March, ambos despencando no ranking. O compacto da VW dispensa comentários, coleciona elogios quanto a seu projeto e execução, o motor tricilindro turbo serviu de introdução para seus irmãos maiores, respectivamente Golf e Polo/Virtus e ainda equipará modelos do T-Cross. Recentemente foi noticiado que a VW Europa tampouco planeja sucessores ao up!, mais um caso de estrondoso sucesso de crítica que não encontrou o público necessário para se tornar projeto viável. Já o compacto da Nissan terá pequenas alterações estéticas por aqui, mas não receberá a atualização profunda do resto do mundo. A exemplo do up!, o senhor mercado dita regras e destinos e o Nissan mais bem sucedido aqui é suve.
Nas picapes a Strada mantem-se na ponta, com 4.790 emplacamentos, seguida da Toro, com 4.033, Hilux em 3º, roubando lugar da Saveiro, S10 em 5º, com 2.183 unidades vendidas. O mercado de comerciais leves teve crescimento bastante modesto em janeiro, com 1,7%.
A Fiat também prepara novidades para sua picape compacta, que esbanja vitalidade, mesmo com mais de 20 anos de mercado.
Até mês que vem!
MAS