Comecei a me interessar por automóveis logo cedo, isso no início dos anos 80. Fui influenciado pelo meu pai, que sempre deixou transparecer a sua admiração por essas máquinas, seja quando preparava o carro para uma viagem, esticava uma terceira durante uma ultrapassagem na estrada ou simplesmente lavava o veículo depois que chegávamos das férias. Também acompanhávamos as temporadas de Fórmula 1 e, sempre que oportuno, visitávamos exposições de veículos.
Quando nasci, em 1980, meu pai tinha um Opala WAY 250-S, com quatro faróis, confesso que eu nunca vi outro igual ao dele. Lembro dele falando que esse carro foi comprado zero e estava exposto na vitrine da Casa Arthur Haas. Salvo engano, essa concessionária ficava na Avenida do Contorno, em Belo Horizonte. Logo, deduz-se que é uma versão limitada ou série especial e não uma versão modificada após a venda, como alguns podem pensar.
Depois desse carro, meu pai teve uma Caravan dourada com interior monocromático e farol retangular, e a minha mãe, um Chevette hatch, com frente estilo “Pontiac”, também dourado.
Mas paixão por carros veio mesmo com o aprendizado da leitura, digo isso pois quando eu estava aprendendo a ler na escola, meu pai, ao notar o meu interesse por carros, passou a me estimular a ler a Revista Quatro Rodas, da qual ele era assinante e leitor assíduo, e eu também passei a ser.
No entanto, o carro da família que mais me emocionou foi o carro em que eu aprendi a dirigir, um Monza SL/E 1,8 a álcool, branco, ano 1984 (muito estável). Eu tinha 13 anos, mas lembro como se fosse hoje: sentado com as mãos ao volante dei a partida, o motor começou a funcionar, assim como o meu coração, ansioso, começou a disparar. Seguindo os comandos do meu pai, acionei a embreagem e engatei a primeira marcha. A medida em que soltava o pé da embreagem, apertava o do acelerador. Inseguro e com medo do carro sair “voando”, não pisei o suficiente. O carro, por sua vez, como se percebesse a minha inexperiência, reagiu como um cavalo safo (que sabe que quem está no comando é uma criança arredia e não um peão experiente), deu um forte tranco para frente e morreu! Nesse momento, uma lágrima escorreu do meu olho esquerdo. Não me deixei por derrotado, e na segunda tentativa consegui domar a fera. Ufa, quanta satisfação!!!
Pouco tempo depois, favorecido por morar no interior (Sul de Minas), onde a fiscalização era branda, já passei a ser visto na cidade como um aprendiz de “Carlos Cunha”, até que tomei juízo, mas não esqueci a paixão. Passei a levar os carros da casa às oficinas especializadas para fazer as manutenções e reparos pertinentes. Também passei a ser uma espécie de consultor “oficial” da família para assuntos automobilísticos. Sempre que íamos substituir um veículo da casa, eu era consultado. Como já era leitor de Quatro Rodas, conseguia argumentar tecnicamente, e, na maioria das vezes, a minha orientação era adotada.
Mas, voltando aos carros que marcaram presença na família, depois do Monza branco, tivemos um VW Apollo GL 1992 1,8 a álcool, preto (arrancava bem pois tinha o câmbio reduzido em relação ao similar Verona); um outro Monza SL/E 1990, só que a gasolina, 4 portas, vinho (muito luxuoso e confortável); um Peugeot 206 1,0 16v 2000 preto (ágil e econômico para a época); um Fiat Brava 1,6 16v 2002, cinza, (máquina italiana!), entre outros.
Já na fase adulta, tive um Fiat Punto 1.6 16v 2012 branco (design Giugiaro) e tenho um Honda Civic Sport manual 2017, preto. Carro pelo qual tenho muita admiração e prazer em dirigir, especialmente pelo câmbio manual de 6 marchas, raro nos dias atuais, especialmente em carros com bom desempenho.
A este respeito, cumpre salientar que foi durante a busca por esse novo carro que eu conheci o AUTOentusiastas. Estava eu consultando alguns canais de avaliação veicular especializada, quando me deparei com o vídeo em que o Arnaldo Keller avalia um Honda Civic Sport manual (foto de abertura). Resultado: o carro foi vendido no minuto 9:20 desse vídeo (adquiri um modelo idêntico), e eu me tornei leitor assíduo do canal, como nos velhos tempos de Quatro Rodas.
Quanto a isso, eu só tenho a agradecer. Obrigado, AE!
Daniel Resende
Brasília – DF