Em março de 2013, possuindo um Fiesta Rocam 1,0 2009, resolvemos ir até uma concessionaria avaliar uma troca em outro Fiesta Rocam, só que agora 1,6. Chegamos lá e vimos o que até então estava um pouco distante do que buscávamos e demos de cara com um New Fiesta SE sedã azul. Sua cor chamava atenção de qualquer pessoa que passasse pelo showroom, Procuramos o vendedor que já tinha nos atendido outras vezes e nos foi entregue, de imediato, a chave do New Fiesta. Nem tivemos chance de dizer o que fôramos buscar. Por já sermos conhecidos na concessionária, saímos para o test drive somente eu e a minha mãe. Pouco depois já estávamos apaixonados pelo carro.
Sempre víamos o modelo e dele gostávamos, mas ao andar com ele, a tecnologia, o comportamento dinâmico, a segurança, o seu painel emborrachado (somente se manteve no sedã com a atualização do modelo), tudo se tornou motivo para que esforçássemos para comprar aquele carro.
Saímos satisfeitos com o modelo, mas o tempo fez nos apaixonarmos ainda mais. A posição de guiar baixa com a alavanca de câmbio posicionada mais alta, a direção rápida e precisa, a suspensão que permitia que as saídas ficassem restritas à traseira principalmente ao abusar do freio-motor, o controle de estabilidade pouco invasivo que permitia certas brincadeiras. Tudo isso, aliado ao motor Sigma 1,6 16v bem disposto, fez a paixão pelo carro só aumentar.
Diversas peculiaridades até nos fizeram gostar mais dele. sua 3ª longa que obriga deixar a 2ª atingir rotação próxima de 6.700 rpm para obter máximo desempenho, a sua velocidade final que é atingida praticamente em 4ª marcha e que devido ao limitador não deixa ultrapassar 190 km/h ao entrar em corte absolutamente limpo mesmo estando em 5ª e longe das 6.750 rotações por minuto que alcança normalmente.
Originalmente ele veio com pastilhas de freio de cerâmica, boas por evitarem sujeira nas rodas, silenciosas, bom desempenho de frenagem, mas de preço elevado. Com o tempo a própria Ford disponibilizou as de material comum, bem mais em conta.
Sua aerodinâmica é bem interessante com Cx 0,33, que com câmbio longo e motor eficiente o torna bastante econômico. Ultrapassa 13 km/l com gasolina em trajetos rodoviários com o ar-condicionado ligado. Interessante também é ver que pouco se sente ventos laterais, mas sua frente baixa e com defletor em toda a parte inferior do para-choque o leva a raspar facilmente em lombadas e entradas de garagem.
Com álcool sentimos a diferença, 5 “cavalinhos” e 1 m·kgf mais proporcionam maior vigor, chegando aos números de 115 cv e 16 m·kgf., Por ser 16v (mesmo tendo bom torque e potência em baixa), brilha quando ultrapassa 3.500 rpm. Motor bem leve, pouco áspero, surpreende pela vitalidade mesmo após os anos e o uso. Lógico que o cuidado faz toda a diferença, mas não precisa de muito, basta manter o que é recomendado pelo fabricante e não se terá muitas surpresas.
A correia dentada de longa duração, que segundo o manual deve ser trocada somente com 160 mil km, aconselho antecipar sua substituição, já que o uso em determinados locais e por determinados motoristas podem reduzir consideravelmente sua durabilidade, e é sempre melhor prevenir.
Já se vão seis anos com o carro, mais de 114 mil km rodados (veja o hodômetro na foto acima) e que se tornaram uma excelente experiência. Claro que nem tudo são flores. Tivemos problemas com barulhos vindos da coluna e caixa de direção, vazamento de fluido no pedal de embreagem (este veio de fábrica mas só encontrado e reparado após um ano), amortecedores traseiros frágeis, bancos dianteiros que estragam o suporte para o ajuste lombar e o som que parou de funcionar. Todos estes defeitos foram sanados em garantia (com exceção do som que já foi fora do período de três anos), com total atenção da concessionaria e sem custos.
Hoje em dia ainda me divirto bastante com ele, mesmo tendo outros carros em casa ele ainda é meu preferido pela sua pegada.
Sua manutenção sempre esteve em dia. Como engenheiro mecânico e apaixonado por carros, sempre o tratei com todos os cuidados, mesmo antes de me formar. Preços de peças não fogem muito da realidade da categoria, basta pesquisar um pouco que se encontra (às vezes até na concessionária) peças de preços razoáveis.
Resumindo, hoje com o encerramento da importação do New Fiesta Sedã (este produzido no México), e com também encerramento das atividades da fabrica de São Bernardo do Campo, previsto para o fim deste ano, onde ainda hoje é produzida a versão hatch, deixará saudade um modelo que mundialmente fez fama e que em outros países já tem versões completamente atualizadas.
Como proprietário e apaixonado pelo modelo, cuidarei do “azulão” ainda por um bom tempo e espero que um dia a Ford traga as versões atualizadas para o Brasil, se possível incluindo no catálogo as versões esportivas.
Gustavo Delano*
Montes Claros – MG
* Engenheiro mecânico; consultor automobilístico e dono da página no Instagram @gdcoachcars.