“Exmo. Senhor Presidente Jair Bolsonaro:
Desculpe a minha ousadia em dirigir-me desta maneira a V. Excia, mas a minha posição de ser hoje o “decano” dos consultores de trânsito e, também, o último da geração dos ‘buchanistas’, ou seja, dos que rezaram pela ‘Escola de Collin Buchanan’, especialista inglês, quando em 1963 traçou, em livro clássico ‘Traffic in Towns’, os parâmetros para se obter um trânsito urbano eficiente e seguro. Na época faziam parte deste grupo reduzido: Marcos Prado, em Curitiba. Roberto Scaringella, em São Paulo, Gerado Penna Firme e eu, no Rio, todos empregando as medidas construtivas, ao invés das legais restritivas, na pior das hipóteses, empregando esta última complementando a primeira.
Como pode V. Excia conferir, somente eu ainda está vivo, o que aumenta de muito a minha responsabilidade de vigia implacável do que ocorre no trânsito do Brasil, desde 1967, quando escrevendo como colunista no Jornal do Brasil por cinquenta anos; no Jornal do Commercio por dez anos; em revistas, com conferências; dando aula para engenheiros; concedendo entrevistas em revistas, jornais e TV, onde tive um programa na TV Tupi; escrevendo livros, sendo que o meu último, ‘Trânsito como eu o entendo’ mereceu ser incluído na The Roadmakers Library, de Londres. Por causa deste dever patriótico estou me dirigindo a V. Excia, em carta aberta, para lhe dizer, desculpe-me mais uma vez, que a sua decisão em eliminar das rodovias brasileiras o uso do radar móvel, no sentido de coibir os riscos de acidente, em face da velocidade indevida para o local.onde se empregue este recurso de segurança viária, foi um erro.
Devo, a fim de justificar o que pretendo, esclarecer que esta prática existe na Europa, pioneiramente desde 1955 e, em todo o Primeiro Mundo hodiernamente, com a utilização das câmeras fotográficas marca Robot, de fabricação alemã, e distribuídas às suas instalações pela empresa Traffipax, situada em Düsseldorf, também na Alemanha.
Em seu folheto de publicidade e de apresentação, ‘The speed contrlo’, a empresa diz textualmente: “O contínuo incremento do tráfego criou a necessidade de sistemas efetivos de segurança para o trânsito. Somente na Alemanha, a policia registra cada ano, mais de dois milhões de acidentes de trânsito, em muitos casos com consideráveis danos materiais e humanos. Uma das principais causas desta situação é, sem dúvida, a velocidade inapropriada para determinados trechos rodoviários. O dano econômico que resulta desta situação é incalculável. A Robot se propôs a incrementar a segurança do trânsito e proporcionar as contramedidas apropriadas”.
‘Uma supervisão eficaz do tráfego rodoviário sensibiliza os motoristas para que respeitem as regras de segurança explicitas em seus Códigos’, enfatiza ao final de seu folheto.
E agora, após esta apresentação, eu me permito perguntar a V. Excia: ‘Será que uma empresa consagrada no mundo inteiro, originária de um dos países mais civilizados do mundo, ou a que é usada pela nossa Policia Rodoviária, iriam fabricar um equipamento ilegal, ou prejudicial, aliado da indústria de multas’?
Claro que não, permita-me responder por V. Excia que, no justo propósito de terminar com esta vergonha, a “indústria de multas”, cujo mal maior é a desmoralização da autoridade de trânsito, V. Excia, repetindo a anedota popular, tirou o sofá ao invés de corrigir o comportamento irregular de seu usuário.
O combate imprescindível a esta vergonhosa indústria não é por ai. Se estiver interessado em conhecer o caminho certo, estou, humildemente, a disposição de V. Excia para lhe mostrar o caminho certo e seguro, cujo modelo estará disponível no meu “livro testamento”, face à minha avançada idade de 93 anos: “Ultrassonografia do Trânsito Brasileiro”, a ser lançado no próximo mês, se possível na Semana Nacional do Trânsito.
Esclareço ainda, por oportuno, que nada almejo do Governo Federal a não ser respeito e consideração, face ao meu currículo profissional de mais de meio século labutando como um ‘Dom Quixote’ para livrar o meu país da incompetência e, de certa forma desinteresse, em corrigir esta falha que massacra a nossa juventude.Todos que nesta área militam estão enquadrados na sábia observação do autor inglês G.S.Chesterton, quando escreveu em seu livro clássico: ‘The scandal of father Brown’ a seguinte observação : ‘Não me preocupam aqueles que não enxergam a solução mas sim, aqueles que não a encontram por não enxergarem o problema.’
Como encerramento, se puder, Senhor Presidente, acreditando em seu patriotismo e honestidade de propósitos, fruto de quem já envergou o uniforme do Glorioso Exército de Caxias, corrija este erro fruto do seu patriotismo incomensurável, adotando a regulamentação que lhe proponho, para não ter o dissabor de ver aumentarem os acidentes com a retirada, pura e simples, deste eficiente instrumento de controle de velocidade, como irão demonstrar as estatísticas.
No local onde a velocidade deve ser controlada, colocarem-se, também portáteis, o aviso da velocidade apropriada. Logo depois deste aviso outra advertência: ‘Lembre-se da velocidade apropriada à sua segurança’. Mais adiante o aviso, ‘A cerca de 200 metros fiscalização fotográfica’. No local onde estará o radar fotográfico móvel, o aviso do motivo da restrição, por exemplo: ‘Trecho irregular e perigoso ‘CONTINUE, OBEDECENDO A RESTRIÇÃO, EM BENEFÍCIO DE SUA VIDA’.
Esta restrição só cessará com a exibição do novo e normal limite de velocidade, findo o trecho irregular ou perigoso.
Excelentíssimo Senhor Presidente Jair Messias Bolsonaro: Se puder corrigir o erro, lembre-se de que: Errar é humano. Persistir, teimosamente, no erro é diabólico. Ter a humildade de corrigi-lo é ato divino.
Deus o proteja e o ilumine para o bem do nosso Brasil.
Respeitosamente, despede-se o seu eleitor.
Celso Franco (CMG Reformado) Consultor de Trânsito.”
CF