ECOSPORT FREESTYLE 1,5 AUTOMÁTICO “100 ANOS”

Celebrando seus 100 anos de presença no Brasil, a Ford apresentou em junho passado uma série especial e limitada dos modelos Ka e EcoSport. Nesta semana que passou avaliei um dos 500 EcoSport “100 Anos” produzidos e que certamente, em alguns anos, poderão ser disputados pelos caçadores de relíquias.

O modelo é baseado no modelo FreeStyle 1,5-l com câmbio automático epicíclico de 6 marchas que o Juvenal Jorge avaliou para o AE há exatos dois anos. Porém,ele teve alguns itens suprimidos do modelo original, e esta versão é apresentada apenas na bonita cor perolizada azul Belize com teto e colunas em preto.

Além da diferenciação proporcionada pela cor do veículo, internamente há bancos com revestimento exclusivo para essa versão comemorativa, em que um logotipo com as linhas da bandeira do Brasil e o número 100 foram grafados em baixo relevo no encosto de cabeça. Externamente, nos para-lamas dianteiros há uma plaqueta com símbolo comemorativo e a inscrição Ford Motor Company Ltda. Todos detalhes para dar charme e exclusividade aos aficionados da marca.

Desempenho geral é bom

O motor Ti-VCT Flex de três cilindros com bloco e cabeçote em alumínio, duplo comando de válvulas com variação de fase na admissão e escapamento, 4 válvulas por cilindro, entrega 130/137 cv a 6.500 rpm e torque de 15,6/16,2 m·kgf a 4.500 rpm.

O câmbio é o automático epicíclico 6F15 da Ford que casa muito bem com o motor, porém não há co-mando para trocas manuais. A alavanca seletora tem apenas as posições P-R-N-D-S, sem botões ou borboletas no volante, como no FreeStyle original. Em situações como descida de serra a posição S é insuficiente para segurar o carro com freio-motor, exigindo um pouco mais dos freios do que seria desejável.

Durante o período avaliado o consumo de combustível foi de 11,2 km/l, com gasolina, sendo que em utilização de estrada a 120 km/h o consumo chegou a 13,5 km/l; em trânsito urbano ficou em 10,2 km/l. Os valores oficiais apresentados pela Ford e homologados junto ao Denatran são 10,4/7,1 km/l em cidade e 12,8/8,9 km/l, em estrada, o que corresponde a classificação A na categoria Utilitário Esportivo Compacto.

A Ford não divulga os dados de aceleração 0-100 km/h e velocidade máxima dos seus veículos. Estimo a aceleração 0-100 km/h em torno de 12 segundos, e a velocidade máxima de 170 a 175 km/h. Esses números mostram que o carro é um suve familiar sem conotação esportiva.

Conforto de rodagem

Trafegando no limite de velocidade em rodovias do Estado de São Paulo, que têm asfalto bom, com poucos remendos, esse EcoSport é muito confortável. A rotação do motor nesta condição é ligeiramente abaixo de 3.000 rpm, proporcionando um nível de ruído e vibração que agrada os ocupantes. Em situações de arrancadas mais vigorosas é possível sentir um maior nível de ruído e vibração oriundos do motor, apesar deste estar isolado com coxim hidráulico e possuir a árvore contrarrotativa de balanceamento.

Mudando de piso e utilizando as ruas esburacadas e porcamente remendadas de Campinas, SP, o EcoSport surpreende positivamente. A suspensão dianteira é McPherson dianteira e por eixo de torção na traseira, ambas com molas helicoidal e na frente barra antirrolagem muito bem acertada para essas condições brasileiras.

A transferência de impactos das irregularidades do piso para a carroceria é bem absorvida pelo conjunto suspensão-pneu. A estratégia de calibragem dos pneus 205/60VR16 (Michelin LTX Force) utilizada no EcoSport é a mesma que já vi em outros carros da Ford (30 lb/pol²), que privilegia o conforto de rodagem, sacrificando um pouco o consumo de combustível, mas sem afetar o desempenho e aderência em curvas, que é muito bom para este tipo de veículo. No selo indicativo de pressão existe uma segunda recomendação para condição econômica (ECO),utilizar 35 lb/pol².

Direção, freio e segurança

O volante de direção com revestimento em couro tem um diâmetro (380 mm) que facilita a visualização do quadro de instrumentos. Tem uma boa empunhadura que facilita o dirigir tanto para manobras estáticas quanto para o conforto ao dirigir longas distâncias.

A direção eletroassistida tem esforço estático bem baixo, facilitando as manobras de estacionamento, e boa progressão de esforço. A definição de centro é clara. Assim como no Ford Ka avaliado recentemente, o sistema de direção do EcoSport também possui a característica de filtrar as vibrações de desbalanceamento de rodas até 25 gramas, evitando chegar ao volante. O sistema faz também a compensação do câmber da pista e ventos laterais, desobrigando o motorista de efetuar correções.

Os freios a disco na dianteira e a tambor na traseira são bem eficientes proporcionando ótimas distâncias de parada sem apresentar sinais de fading em situações mais extremas. Já a modulação do pedal de freio é incômoda para o trânsito de anda/para da cidade. No primeiro estágio de força aplicada ao pedal (“cut-in” no gráfico abaixo, 1) a resposta de desaceleração é quase nula (como deve ser), porém ao aumentar um pouco a força no pedal (“jump-in”, 2) a desaceleração cresce muito rapidamente. Essa relação entre o “cut-in” e “jump-in” muito pronunciada causa desconforto ao dirigir. Essa característica poderia ser facilmente ajustada pelos engenheiros da Ford por meio de nova calibração, mais confortável.

Os sistemas de segurança ativa como controle de estabilidade e tração, sistema anticapotagem e assistente de partida são igualmente oferecidos nesta versão. Duas bolsas infláveis frontais obrigatórias. Há engates Isofix para dois bancos infantis.

Interior, conforto e comodidade

Assim como na parte mecânica, o interior também é derivado do modelo FreeStyle normal. O revestimento dos bancos combina o material sintético tipo couro com tecido, formando um desenho de linhas suaves e com bom conforto. Neste caso foi adotada uma padronagem de cor única para o interior (painel de instrumentos, painéis de porta e bancos), diferentemente do FreeStyle origina, que é bicolor preto e marrom.

O espaço para os passageiros do banco traseiro é adequado ao tamanho do veículo, mesmo com o hoje relativamente pequeno entre-eixos de 2.519 mm,  porém o revestimento do teto na cor escura e a falta de teto solar traz uma sensação de espaço menor do que a real.

Na tradicional avaliação do AE de espaço no banco traseiro, nota-se que a cavidade dos encostos dos bancos dianteiros é providencial para dar mais espaço para os joelhos; a altura do assento traseiro proporciona boa acomodação.

Os instrumentos  têm um desenho bem limpo, são bem legíveis. Curiosamente, há  marcação, em vermelho, nas velocidades de 30 km/h e 50 km/h, mandatório na Europa. Agrada a tela de 4,2″ do quadro de instrumentos que fica totalmente escura quando desligada. Os números só aparecem ao ligar o motor.

A tela de 7” da central multimídia tem o design flutuante no centro do painel de instrumentos e utiliza o software SYNC 2.5 com possibilidade de uso do Android Auto ou do Apple CarPlay, ficando a versão 3.0 do SYNC para as versões superiores da linha de produtos da Ford. Nesta mesma tela é exibida a imagem da câmera de ré com linhas auxiliares de balizamento.

As informações do computador de bordo são apresentadas numa tela de 4,2” no centro do quadro de instrumentos. Faróis com luzes de rodagem diurna e faróis de neblina facilitam a vida do motorista.

O controle do ar-condicionado, que no FreeStyle é automático, foi deixado de lado. Nesta versão especial foi utilizado um comando eletrônico, porém requer ajustes constantes para manter a temperatura da cabine como do seu irmão. O mesmo acontece com as duas portas USB posicionadas no console central,reduzidas a uma.

O encosto do banco traseiro é rebatível e bipartido na proporção 60:40, permitindo maior flexibilidade na acomodação de carga. A tomada de força 12-V do banco traseiro foi eliminada nesta versão histórica.

Conclusão

Trata-se de uma versão de série limitada, de baixo volume, apenas 500 unidades. A Ford poderia ter numerado todos esses carros, dando-lhes assim uma maior personalização e exclusividade para atrair os autoentusiastas da marca, e que acreditam que a desvalorização deste tipo de série histórica é menor.

A versão testada, quando apresentada em junho passado, tinha preço público de R$ 89.990,00, porém ao consultar o site da Ford nesta semana notei que já foi eliminado do seu configurador. É muito provável que todos os carros já tenham sido entregues às concessionárias, portanto os interessados têm que sair rapidamente a campo para garantir o seu.

O mesmo motor 1,5-l e câmbio automático é oferecido nas versões SE a partir de R$ 77.990 ou na FreeStyle a partir de R$ 83.990, e a luxuosa Titanium Plus a partir de R$ 92.990.  Para câmbio manual o preço começa em R$ 71.990. Além dessa motorização, o suve é disponibilizado na versão Storm 2,0 automático e 4WD por R$ 103.390.

GB

(Atualizada em 09/09/19 às 23h20, corrigida a informação de bolsas infláveis)