VW SAVEIRO ROBUST CABINE SIMPLES, NO USO

A Saveiro está no mercado há 37 anos, lançada em 1982 originalmente com o motor boxer 1,6-l arrefecido a ar do Gol. Em 1984 adotou o motor AP 600. A capacidade de carga era de 570 kg, superando nesse quesito seus concorrentes da época (Chevy 500, Fiat City e Ford Pampa).

Muita evolução aconteceu nesse segmento de lá para cá. Os competidores foram mudando de forma, tamanho, capacidade de carga e nome, porém a Saveiro manteve o seu nome e DNA original, sendo sempre uma picape derivada do carro de entrada da VW que ainda está na 5ª geração (julho de 2008) mas continua evoluindo.

Atualmente a Saveiro é oferecida em três versões de acabamento e duas  versões de carroceria. O modelo de entrada é a Robust que pode ser configurada com cabine simples (aqui testada) ou cabine dupla. A verão intermediária é a Trendline que só está disponível com cabine simples e a topo da linha é a Saveiro Cross oferecida apenas com cabine dupla e motor EA-211 de 16 válvulas.

A Robust e Trendiline utilizam o motor EA-111 flex 4-clindros de 1.598 cm³. São duas válvulas por cilindro, comando de válvulas único no cabeçote acionado por correia dentada que entrega 101/104 cv a 5.250 rpm com torque máximo de 15,4/15,6 m·kgf a 2.500 rpm. Já a versão Cross utiliza o motor 1,6-l de 16 válvulas com potência de 110/120 cv a 5.750 rpm e 15,8/16,8 m·kgf de torque a 4.000 rpm.

A Saveiro Robust cabine simples avaliada nesta semana é a configuração de entrada da linha de picapes compactas da VW, e é a versão mais simples, porém com o pacote de opcional único que oferece conforto através do ar-condicionado, direção assusutida hidráulica, trava elétrica das portas e caçamba, e vidros elétricos com a função um-toque pra subir e descer. O pacote no valor de R$ 7.440 contém também grade protetora da janela traseira, iluminação da caçamba pelo mesmo e pequeno  grupo ótico da terceira luz de freio.

Desempenho com e sem carga

O câmbio é manual de cinco marchas, muito bem escalonado, onde a velocidade máxima de 176 km/h é alcançada em quarta marcha com motor a 6.000 rpm. O corte de rotação ocorre a 6.500 rpm, sendo este um corte limpo, em que a rotação apenas para de subir, sem o incômodo dos trancos observados com o chamado corte sujo.

A 6.000 rpm o alcance das marchas é 1ª 43 km/h, 2ª 78 km/h, 3ª 118 km/h e 4ª 176 km/h.

O curso do pedal do acelerador não é longo o que ajuda na boa sensação de desempenho do veículo. As trocas de marchas são facilitadas pelo bom sistema de comando a cabo. A altura da alavanca de câmbio é perfeita e permite engates com precisão e rapidez, quando necessário.

Esse bom casamento do motor e câmbio refletem diretamente no desempenho da picape em todas as condições avaliadas. Desde a condição vazio (apenas motorista) até a condição de carga total (715 kg) as acelerações e retomadas são convincentes.

O nível de ruído interno é bom para um carro desta categoria. O pacote de isolação acústica consiste apenas do isolante no painel corta-fogo, tanto pelo lado do motor quanto pelo lado interno. Não há isolante no capô do motor e também não há forração no painel traseiro da cabine. Em retomadas de velocidade em baixa rotação é notado um ruído de engrenagens oriundo e característico do câmbio manual.

Nos test drives de lançamentos oferecidos pelos fabricantes os carros são sempre avaliados na condição 1, 2 ou no máximo 3 ocupantes. Para esta avaliação “no uso” do AE me ocorreu avaliar nas condições em que um veículo deste tipo é utilizado. Além da tradicional rodagem com a caçamba vazia, fiz mais duas rodagens, sendo uma com carga total e outra com carga leve, porém mais alta para verificar a facilidade de amarração de carga.

Durante a fase de caçamba vazia nota-se que a suspensão é ligeiramente presa, com um maior controle de movimentação, tanto na dianteira como na traseira, sem ser desconfortável. Isso era um prenúncio de que com o carregamento o prejuízo na estabilidade do veículo seria mínimo. Ainda nesta fase inicial o esforço da direção com assistência hidráulica é bem equilibrado entre a condição estática e a dinâmica. A resposta da direção é rápida e precisa, sem causar sustos ou dificuldades..

Todas as avaliações na condição de caçamba vazia foram feitas com a calibragem dos pneus 205/60R15H com 30 lb/pol² na dianteira e 31 lb/pol² na traseira, conforme recomendação que está visível na portinhola do tanque de combustível. Para a condição de carga total a especificação é de 31 lb/pol² na dianteira e 39 lb/pol²na traseira.

O carregamento para se obter a carga máxima foi feito com sacos de cimento. Dez sacos de 50 kg foram distribuídos no assoalho da caçamba, totalizando 500 kg. Somando-se aos dois ocupantes e equipamentos, chegamos a uma carga total de cerca de 700 kg, muito próximo da carga útil de 715 kg.

Ao carregar a caçamba houve uma redução na altura na suspensão traseira de 75 mm e na dianteira, de 10 mm. A suspensão traseira por eixo de torção com molas helicoidais de constante (k) progressiva utiliza batentes de elastômero montado nas hastes dos amortecedores. Nessa condição de carga total os batentes já estão parcialmente carregados e atuando. A dianteira utiliza a tradicional arquitetura de suspensão independente  McPherson com mola helicoidal, amortecedor pressurizado, braço de controle com duas buchas (uma vertical e uma horizontal), e barra antirrolagem.

Surpreende positivamente o comportamento dinâmico nessa condição mais exigente. Como era de se esperar, a movimentação da suspensão dianteira e traseira passa a ter uma maior amplitude, porém com bom controle. A absorção de impacto torna-se mais brusca principalmente nas cabeceiras de pontes e remendos de asfalto. A rolagem da carroceria é maior e com esta nota-se um maior esterçamento por rolagem (roll steer). Essa resposta é mais pronunciada em simulação de manobras evasivas, similar ao teste do alce. Porém não chega ao nível de comprometer a segurança do veículo, mesmo com a ausência de controle de estabilidade nesta versão.

Ainda na condição carregado os freios são mais exigidos, contudo não demonstraram sinais de fading instantâneo. Apenas exigem uma maior força a ser aplicada ao pedal para obter a mesma razão de desaceleração da condição vazio. O veículo tem discos nas quatro rodas, sendo os dianteiros ventilados. O acionamento é servoassistido a vácuo, e o freio de estacionamento, operado pela tradicional alavanca entre os bancos, atua diretamente nas pinças de freio traseiro.

Em função da indisponibilidade de computador de bordo no veículo avaliado, não foi possível analisar os dados de consumo de combustível. A VW homologou junto ao Denatran o consumo de 10,8/7,5 km/l na cidade e 12,4/8,8 km/l no uso rodoviário. A Saveiro estava abastecida com gasolina.

Versatilidade da caçamba

A abertura da tampa da caçamba é feita através da criativa maçaneta no logotipo circular da VW que é dotada de fenda para chave, e está conectada ao sistema de travamento central. O peso da tampa é minimizado por um sistema de mola de torção que ajuda tanto na abertura quanto no fechamento. A segurança do pneu estepe, que está posicionado sob o assoalho da caçamba, é garantida pelo acesso ao sistema de içamento ser acessível somente com a tampa da caçamba aberta.

A pintura da caçamba está garantida por um protetor de material plástico que possui encaixes em baixo relevo nas laterais e no centro do assoalho, permitindo a utilização de separadores para melhor acomodar e fixar cargas. O protetor é de série, merece aplausos.

Quatro olhais na parte inferior da caçamba e seis olhais na parte superior proporcionam total flexibilidade para a amarração de cargas.

Interior despojado

Sendo uma versão concebida para o trabalho e buscando um preço acessível para os empresários e produtores rurais não seria esperado um interior sofisticado. Os bancos revestidos em tecido são confortáveis e o do motorista tem ajuste de altura.

Os pedais de freio e acelerador estão bem escalonados e permitem fazer o punta-tacco com facilidade, praticamente o “telepático” do Bob Sharp. O pedal da embreagem poderia estar deslocado um pouco mais para esquerda.

Painel de instrumentos com linhas retas está conectado ao console central onde há local para instalação de sistema de som, visto que antena já está instalada no teto da cabine.

O quadro de instrumentos tem velocímetro e conta-giros analógico de bom tamanho e fácil visualização através do volante de direção. Porém o display central onde encontra-se relógio, hodômetro parcial e total, indicador de troca de marcha, medidoe do nível do combustível e termômetro do líquido de arrefecimento, tudo exibido em caracteres na cor vermelha, são de difícil leitura de dia,

Mercado

O segmento de comerciais leves tem a liderança da Fiat Strada seguido por Fiat Toro, Toyota Hilux e VW Saveiro. Este tipo de veículo é primordialmente comercializado pelo canal de vendas direta dos fabricantes, tendo em sua maioria os clientes do ramo de produtores rurais e/ou micro e média empresa, onde se pratica bons descontos.

Segue abaixo o preço público das versões e o preço através do canal de Vendas Corporativas da VW:

Saveiro Robust cabine simples – R$ 60.590 -> R$ 47.867
Saveiro Trendiline cabine simples – R$ 65.090 -> 45.990
Saveiro Robust cabine dupla – R$ 73.370 -> R$ 57.596
Saveiro Cross cabine dupla – R$ 85.860 -> não disponível no site de Vendas Corporativas da VW

Todas as versões são oferecidas em apenas quatro cores: branco Cristal, preto Ninja, vermelho Flash e prata Sirius que é a única cor com custo adicional de R$ 1.600. As revisões estão escalonadas para serem feitas a cada 10.000 km ou 1 ano e  a garantia oferecida é de 3 anos para o veículo completo, sem limite de quilometragem.

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EQUIPAMENTOS DA SAVEIRO ROBUST CABINE SIMPLES

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