Encerrado o mês de outubro, percebe-se que completamos 60 dias sem que houvesse crescimento sobre os mesmos dois meses do ano passado. Ao identificar essa tendência de que a recuperação vinha perdendo fôlego, informamos os nossos leitores.
Em 2016 o mercado havia atingido o seu patamar mais baixo. Em nosso parâmetro de licenciamentos diários, registrou-se vendas de 6.742 em setembro, para em seguida iniciar um processo de recuperação. A média de todo aquele ano ficara em 8.010 veículos/dia, um recuo de mais de dez anos em nossa indústria. Nos doze meses de 2017, essa média saltou 10%, em 2018, outros 12%. A Anfavea projetara outros dois dígitos para este ano e vinha sendo assim até abril-maio, então pareceu aquele final de prova de 400 metros rasos no atletismo, começou a faltar perna. Com leve crescimento negativo nos meses que se seguiram, o que era dez ficou cinco e talvez permaneça assim até o final do ano.
Essa estabilidade não era esperada. O comércio varejista vem registrando expansão de 2~2,5% sobre 2018, o setor de construção civil (casas e apartamentos) mostra aquecimento desigual nas cinco regiões do país, a região sudeste vem puxando o crescimento, mesmo fenômeno observado no de veículos leves.
Não há muita explicação para o que vem ocorrendo, até mesmo por que essa “esfriada” tampouco é admitida oficialmente pela entidade. Sabe-se que as reformas da previdência, que eram esperadas para o primeiro semestre acabaram ocorrendo em outubro, trazendo o otimismo de volta. Há indicadores de aquecimento de atividade econômica em alguns outros setores, o que pode nos indicar que automóveis e comerciais leves venham com nova elevação de vendas, em direção aos 11.000 licenciamentos/dia de média anual. Daí para mais.
Na reunião da Anfavea com os principais cadernos econômicos e imprensa especializada do país, seu presidente, Luiz Carlos Moraes, tratou de apresentar os fatores positivos, como aumento de produção e o forte aquecimento do setor de pesados, que registra crescimento da ordem de 35% no ano, diversos modelos de caminhão com filas de espera de até 120 dias. Esse é sem dúvida um bom termômetro, que nos permite antever fôlego novo para o setor de leves, com expansão do crédito, baixa inadimplência e indicadores de contratação de mão de obra positivos também.
Nós aqui do AE, ficamos espremendo os números na tentativa de encontrar algo.
Em outubro tivemos vinte e três dias úteis, dois a mais que em setembro, assim foram 253.361 licenciamentos totais, 241.786 leves, sendo 204.532 automóveis e 37.254 comerciais leves. Em vendas diárias foram 10.512, patamar próximo a setembro (16.667), um decréscimo de 1,46% sobre outubro do ano passado.
Ao fim do mês, havia a expectativa de que o STF confirmasse que iria soltar o ex-presidente Lula e acabou acontecendo, outras trapalhadas decisões de nosso supremo tribunal acabaram afetando até o dólar, o que é inacreditável. Quando o presidente do tribunal máximo pautou nova rediscussão sobre prisão em segunda instância, estava nítido que era somente para acontecer o que acabou acontecendo. Os desdobramentos ainda virão nos atormentar.
Ao longo dos últimos anos, esta coluna veio acrescendo tabelas e gráficos que melhor permitam ao leitor entender números e tendências. O gráfico de vendas diárias, no comparativo ano a ano mostra setembro e outubro últimos levemente abaixo de mesmos meses de 2018.
Os patamares de vendas diretas, incluindo PcD se mantiveram em elevados 42% no total de automóveis e 47% do total. Mais detalhes apresentados na tabela abaixo, por fabricante.
RANKING DO MÊS E DO ANO
No primeiro mês cheio de vendas do novo Onix sedã, vimos que ele, somado ao Prisma, atingiram 11.399 unidades vendidas. Teremos um novo campeão de sedãs? Com a decisão da GM em batizar seu sedã compacto de Onix Plus, achamos por bem fazer as nossas análises em comparando os registros de Prisma (antes do lançamento), com os do Onix Plus mais Prisma (que virá a ser Joy Plus) após lançamento. Apesar de serem de faixas distintas de preço, o Prisma até setembro deste ano concorria com os mesmos sedãs compactos. Pode ser essa decisão seja revista mais para frente.
Em seus últimos dias de mercado, antes da renovação, o Onix segue mandando muito bem, registrou 21.198 unidades licenciadas em outubro e 200.588 no ano, um crescimento de 19% sobre mesmo período do ano anterior. A GM vem exercendo um predomínio nos compactos, inédito para a marca americana, somente comparável ao que a VW fez numa época em que tinha bem menos competidores.
Tal predomínio rendeu-lhe um crescimento de 12% nos primeiros dez meses, com 389.040 unidades, num mercado que se expandiu em 7,5%. VW vem em segundo, com 37.756 (336.133 no ano) e crescimento de outros 12%, seguida da Fiat, com respectivos 34.420 e 299.639, +11%. A Caoa-Chery figurou novamente em 12º, indicando que para 2020 deva permanecer nessa posição, acima de marcas tradicionais como Peugeot e Mitsubishi.
Apesar dos conhecidos problemas iniciais do novo Onix (foto de abertura), a GM foi rápida, solucionou-os, fez recall, e agora o modelo parte para presença normal no mercado.
Nos comerciais leves, a pequena Strada registrou vendas de quase sete mil unidades, precisamente 6.958, seguida da Toro, com 6.914, Saveiro com bons 4.503, Hilux, com 3.397; depois vem S10, Ranger, Fiorino, Oroch, Amarok, Montana, fechando a lista dos top ten. Nos primeiros dez meses do ano, a pequena Strada vendeu 63.587 unidades, crescimento de 13%, num mercado que se expandiu em 7,3%. Apesar de seus mais de 20 anos de mercado, seu fôlego impressiona. Sua substituta deve vir para começo de 2021.
Como esperado, os lançamentos do novo Onix Plus, dos compactos da família HB20 e do novo Corolla agitaram o mercado e lhes renderam bons números de vendas. É sabido que o fabricante coreano tem capacidade produtiva limitada a 210.000 veículos ano, portanto, caso o mercado cresça novamente dois dígitos, veremos ela e a Honda perderem participação, em despeito da ótima performance de mercado de ambas as marcas.
Até mês que vem!
MAS