Da Automotive News Europe de hoje
Por Birgit Jennen/Reutuers
BERLIM – O governo da chanceler Angela Merkel está preparando medidas para ajudar os trabalhadores no setor automobilístico alemão, de acordo com o Ministério do Trabalho.
O ministro da pasta, Hubertus Heil, planeja introduzir subsídios salariais para as fabricantes e seus fornecedores, a fim de evitar possíveis perdas de empregos se a desaceleração do setor continuar, disse seu ministério em resposta a perguntas da Bloomberg.
Um mecanismo semelhante foi usado com sucesso durante a crise financeira de 2008 para evitar demissões em massa.
O governo está organizando conversas com sindicatos e representantes de empresas na quarta-feira para discutir os planos, que ainda exigiriam aprovação do parlamento.
Não se espera que a reunião produza uma decisão final, pois o próprio governo não pode concordar com o cronograma. Enquanto Heil, que faz parte do Partido Social Democrata (SPD), está pressionando por uma rápida implementação, a União Democrática Cristã (CDU), de Merkel, quer que o Bundestag, a câmara baixa do parlamento, tenha a palavra final em uma linha do tempo.
As fabricantes da maior economia da Europa tiveram um turbulento 2019, pois uma desaceleração econômica coincidiu com uma transição para carros elétricos e autônomos. Além disso, as preocupações com tarifas mais altas causadas pela guerra comercial EUA-China alimentaram os temores de um ambiente em deterioração para a indústria.
A divisão alemã do Grupo PSA, a Opel, disse na terça-feira que cortará até 4.100 empregos, juntando-se a rivais em todo o mundo em retração em meio à desaceleração das vendas e à disrupção tecnológica.
O setor automobilístico está passando por uma fase de transição difícil e precisa de mais flexibilidade para responder a uma desaceleração”, disse o vice-líder do SPD no Bundestag, Carsten Schneider, a repórteres quarta-feira em Berlim.
Os subsídios salariais permitem que as empresas mantenham os funcionários na folha de pagamento durante uma crise, mas, de acordo com a legislação vigente, só é permitida se o mercado de trabalho como um todo estiver com problemas. Heil quer introduzir subsídios para setores específicos em dificuldades, como a indústria automobilística.
De acordo com sua proposta, o governo pagaria contribuições para a seguridade social se um trabalhador reduzir suas horas de trabalho para obter treinamento profissional.
Para janeiro, o ministério do trabalho calcula 113.500 trabalhadores em um programa de carga de trabalho reduzida. Durante a crise financeira, em 2009 o número chegou a 1,4 milhão.
AE/BS
Caro leitor ou leitora,
O AE achou por bem reproduzir essa notícia por ela corroborar nossa opinião, em diversas oportunidades, de terem os governos, principalmente da Alemanha e de França, e a própria União Europeia, acertado suas miras para o único setor que poderia dar resposta imediata a um possível plano para criar desemprego e caos econômico: a indústria automobilística. Para isso nada mais fácil que impor um clima de terror como proibir circulação de carros a diesel em cidades e, de maneira geral, tachar o automóvel de motor a combustão de vilão como o maior, senão único, causador do efeito-estufa com emissão do dióxido de carbono, que estaria fazendo aumentar a temperatura da Terra com consequentes mudanças climáticas. Disso resultou uma corrida maluca para o carro elétrico à qual a indústria automobilística se viu forçada a se sujeitar de forma a garantir sua subsistência, provocando a sempre indesejável incerteza do consumidor se deve ou não comprar um carro com motor a combustão. Para piorar o quadro, a indústria automobilística, incompreensivelmente, mergulhou de cabeça no desenvolvimento de veículos de condução autônoma como se fossem a salvação do mundo, para isso se esvaindo em recursos financeiros que poderiam outra destinação, como desenvolver motores a combustão ainda mais eficientes — há campo para isso — e produzir veículos mais leves e aerodinâmicos.
Os grifos no texto da Automotive News Europe são nossos.
Bob Sharp
Editor-chefe