No mês de abril de quarentena forçada pela Covid-19, supostamente a quase totalidade dos concessionários do país deveriam ter permanecido com as portas fechadas. E parece que foi assim. Ou perto disso. Estamos no Brasil e muitos acabaram dando um jeito e as vendas totais ficaram em 55.735 unidades, sendo 51.463 veículos leves, 3.952 caminhões e 320 ônibus.
Comparado com abril do ano passado, a queda foi de 79,1% de automóveis e 63,3% comerciais leves. Para termos uma ideia, as vendas no continente europeu tiveram queda de magnitude semelhante, 78%. Em países onde houve real lockdown, como a Itália, a queda foi de 98%. Podemos deduzir que aqui, mesmo com portas fechadas, houve um esforço extra para faturar algo e assim, vimos os concessionários registrando vendas de 25.423 unidades. Algumas podem ser atribuídas a entendimentos que vinham de antes das medidas de contenção entrarem em vigor. O instinto de sobrevivência de seu negócio se encarregou do restante.
Outra curiosidade que a pandemia nos trouxe, as vendas diretas chegaram a ultrapassar as vendas no varejo pela primeira vez na história, com 50,6% vs. 49,4%.
Um mês catastrófico, em todos os sentidos, de mortes pela nova doença, de UTIs lotadas em algumas grandes cidades, índices de óbitos diários crescentes, da paralisação da economia, de salto do desemprego. Vimos o governo agindo rápido em anunciar socorro econômico para a população e empresas. Setores como transporte aéreo, terrestre, hotelaria e restaurantes, locação de automóveis enfrentam uma crise sem precedentes.
Diferentemente do que acompanhamos nos noticiários dos países europeus, aqui ainda não se observou uma união nacional no combate à pandemia. Pelo contrário. Desavenças expostas ao público entre governo federal e estaduais nos confirmam que a disputa por protagonismo político está na frente da busca por convergência e soluções. Essa falta de articulação e de entendimento entre nossa liderança política está fazendo com que se tome mais tempo para vencer a pandemia.
Enquanto o governo já trocou duas vezes de ministro da Saúde, os fabricantes anunciaram retomada de produção para este mês de maio, porém esse esforço de pouco valerá se os concessionários não reabrirem e os consumidores não começarem a voltar às lojas.
Vejo todas as projeções divulgadas como meros exercícios de futurologia. Sequer temos um plano de reabertura do comércio em cidades importantes como São Paulo, Rio. A região sudeste é responsável por mais de 50% das vendas do país. Podemos esperar outro maio catastrófico.
No momento que concluo esta coluna o país registra pela primeira vez mais de 1.000 mortes em 24 horas. Um presidente da República que aposta todas as suas fichas na hidroxicloroquina e o esgotamento da capacidade dos sistemas de saúde em Manaus, Fortaleza, São Luís e em alguns municípios do Rio mostra irá se estender para mais centros urbanos.
RANKING DO MÊS E DO QUADRIMESTRE
Num mês de vendas paralisadas, comparar desempenho de vendas de modelos ou marcas deixa de fazer sentido. Em abril, todo mundo se virou como pode e assim segue fazendo em maio, quando o comércio começa a reabrir em algumas cidades. Ainda não há horizonte de quando as coisas voltam a se normalizar.
Valem as tabelas de licenciamentos por modelos e o total das marcas.
Até o mês que vem!
MAS