Acredito que todo autoentusiasta já viveu esse drama! Meu pai viveu com seu Landau 1979 e eu estou vivendo agora — ter que se desapegar de meu xodó. Pois é…tive que vender o up! TSI, e só de lembrar bate aquela saudade! Não sei se o caro leitor tem essa mesma sensação, mas às vezes parece que carro tem alma. O “upzinho” era aquele pequeno e veloz amigo que estava disposto a fazer tudo com agilidade, sempre convidando o pé direito a afundar mais, e que nunca levava desaforos para casa. Na foto de abertura, a dupla meu up! e o Ka de minha esposa.
Como esquecer as ladeiras vencidas a 1.800, 2.000 rotações por minuto, de sua terceira marcha infinita que podia esquecer-se nela, das viagens com o motor cheio em qualquer marcha, e por vezes nem se ouvia quase as rotações, e claro da economia de combustível, médias sensacionais tanto em cidade quanto estrada e, não menos importante, o excelente sistema de som que dava para curtir e relaxar?
Foram quatro anos e 99 mil quilômetros de muita satisfação. Um carro simples, confortável (sim, para a proposta e segmento) e muito divertido, não dava sustos, sempre muito previsível. Confesso que nos primeiros meses eu dirigia de forma um tanto que “emocionada”, digamos assim, mas com o passar dos anos aprendi a apreciar meu grande amigo de outras formas.
Economizando combustível, velocidade de cruzeiro, silencioso, e passei a gostar mais ainda desse parceiro que me levava todos os dias aonde eu quisesse. É tipo aquele relacionamento maduro, no qual você passa a apreciar e ver outras qualidades que só se descobre com o tempo. Defeitos? Claro, mas os encarava numa boa. Afinal em uma relação duradoura aprendemos a conviver com eles. Por mim eu ficaria com esse carro até acabar, não pretendia vendê-lo! Mas devido a situação atual de nosso país, fui obrigado.
E não teve jeito, anunciei-o na internet, torcendo para ninguém comprar, mas três dia depois um “infeliz” (risos) resolveu comprá-lo. Demorou mais três dias para realmente ele sair da minha garagem, e não teve jeito, no último passeio com ele, vieram as lágrimas, quem é autoentusiasta vai me entender.
Bem, passado esse drama, pensei: preciso erguer a cabeça e tentar comprar outro veículo para esquecer ele, como se fosse afogar as mágoas… Recordei-me de uma paixão antiga, aquela que só conhecia por fotos, e algumas aparições discretas pelo trânsito. Estou falando do Ka XR, sim, minha paixão antiga, pois sempre quis ter um, mas nunca deu certo. Agora era o momento.
O pouco dinheiro que me sobrou me limitou um pouco quanto à procura. E onde moro só havia um anúncio. Fui ver, estava bem surrado, bastante coisa a ser feita, mas meu coração já bateu forte por ele. A cor, o raro vermelho Paris. O ano, o desejado modelo 2001. E acabei comprando o “Kazinho”, não tem jeito, meu coração bate forte pelos pocket rockets.
De repente me vejo em outro universo entusiasta. Anos com um carro que me preocupava em apenas abastecer, e fazer revisões, nada mais. Agora um carro que precisarei restaurar, ir atrás de peças, arrumar isso, arrumar aquilo. Mas não é que está sendo divertido? Acho que precisava sentir esse gostinho também! Sei que vai dar trabalho, algumas “dores de cabeça”, mas tenho certeza que irei curtir cada momento.
Primeiro passo foi mandar o ‘Kazinho”para a funilaria e pintura, e depois começarei a revisar parte elétrica, interna, motor, sem pressa. As primeiras impressões com o carro são animadoras. Alegre e disposto como o up!, pouca carga no acelerador e ele “deslancha” muito bem. Uma tocada um pouco diferente, mas aquela mesma “alma” de alegre e valente, e aos poucos aquele buraco no coração vai sendo preenchido.
Já comprei várias peças para deixar o Ka XR como eu quero:
Quando terminar o projeto quero postar as fotos aqui, e até lá terei muita história para contar. Enquanto isso sigo com minha nova paixão, Ka XR!
Rodrigo Canozi
Piraquara – PR