Imagine assistir um clássico do cinema com total controle. Você pode regular a altura e inclinação no seu assento, escolher o volume do áudio, temperatura do ambiente e sem esquecer daquela pipoca quentinha. Foi assim a minha noite nostálgica do último fim de semana.
Sabe aquela saudade de algo que a gente nunca viveu? Eu sempre tive este sentimento sobre o cinema drive-in. Poder desfrutar de um bom filme do conforto do meu carro — unindo duas grandes paixões. O último lugar ainda oferecia essa experiência na época ficava em Brasília, DF, bem distante da minha querida Piracicaba, SP.
O tempo passou, a pandemia infelizmente chegou por aqui e de uma vez só acabaram os encontros de carros e as salas de cinema se fecharam. Gosto de carros e motos desde que me entendo por gente, porém com o passar dos anos o cinema também foi ganhando espaço no meu coração. Fiquei muito feliz em saber que nas últimas semanas várias cidades do Brasil, incluindo a minha, abriram espaços de cinema drive-in. Respeitando todas as normas sanitárias de distanciamento e usando máscaras o tempo todo, fui com a minha esposa matar essa saudade.
Logo na entrada passamos por um túnel que serve para organizar a fila de carros e ao mesmo tempo criar todo um ambiente de cinema. Com luzes coloridas e três grandes telas nos fazem lembrar de como é um verdadeiro som de cinema faz diferença — que além de ouvido pode ser sentido. Em seguida passamos pela pequena loja para pegar nossa pipoca e seguimos para a vaga designada. Depois de estacionar basta desligar os farísl e esperar o filme começar. Caso precise ir ao banheiro é preciso ligar o pisca-alerta para que um monitor acompanhe o trajeto.
Uma das ideias que mais gostei foi o fato do áudio do filme ser transmitido em tempo real via rádio FM. Assim, mesmo a turma do fundão não perde nenhum detalhe. Nos primórdios deste tipo de cinema o som chegava até os carros via caixas de som que era colocadas nos vidros dos carros — veja o box. Como fiquei logo na segunda fileira era possível ouvir também o áudio direto do telão. O único detalhe que causou incomodo foi a visão da tela que ficou parcialmente encoberta pelo carro da frente. Talvez uma maior elevação da tela ou então um diferente posicionamento das vagas resolvesse isto.
O filme não poderia ser mais icônico para a ocasião: De volta para o futuro. Um eterno clássico que tem um pouco de tudo: drama, comédia, romance e muita ação. A trilha sonora também é excelente com músicas que são cultuadas até hoje como The Power of Love e Johnny B. Goode além da música-tema. Os amantes dos carros clássicos vão adorar ver novamente o belíssimo Ford DeLuxe 1946 preto conversível — usado pelo vilão Biff para perseguir Marty Mcfly. Para quem gosta de motos vai se surpreender com uma Honda XL vermelha que eu nem me lembrava que aparecia na película.
Mas sem qualquer dúvida o maior do ícones imortalizado pela telona é o DeLorean DMC-12. Sua reluzente carroceria de aço escovado combinou perfeitamente com a ideia de uma máquina do tempo futurista. O carro também se passa tranquilamente por nave espacial e até voa no final do filme — não que ainda exista um spoiler de um filme de 1985. Os minutos do filme passaram voando e a mesmo já conhecendo o filme foi tudo muito legal. O valor do ingresso é de R$ 88,00 porém é cobrado por carro. O máximo recomendado são 3 pessoas para não ter a visão obstruída pelo banco dianteiro – mas nada impede de entrar com quatro pessoas. Mesmo em um carro compacto médio não faltou conforto e pude curtir muito ao juntar carros e cinema. Algo novo pelo menos para mim.
Os jovens provavelmente não sabem o que era um cinema drive-in, ideia surgida nos anos 1930 nos EUA, em que as pessoas pagavam menos de 1 dólar para estacionar seus carros diante de um telão de 30 metros, sintonizavam a estação de rádio que estivesse transmitindo a trilha sonora (ou ligavam um alto-falante semiportátill fornecido pelo estabelecimento, pois nem todo carro tinha rádio ou se tivessem a bateria poderia descarregar-se) e se acomodavam nos seus carros para assistir ao filme.O primeiro cinema drive-in foi inaugurado em 6 de junho de 1933 — há 87 anos! — em Canden, New Jerseu. Richard Hoolingshead, filho de um fornecedor de produtos para automóveis, teve essa ideia devido a sua mãe reclamar das desconfortáveis as poltronas dos cinemas. Por que as pessoas não poderiam ter conforto nos seus próprios carros? Hoolingshead patenteou a ideia e abriu a Park-In Theaters, Inc. em 1933 investindo 30 mil dólares. A 25 centavos de dólar por pessoa ou 1 dólar carro, o sucesso foi enorme. Quando a patente expirou em 1949, incontáveis drive-ins surgiram em todo o país, chegando a 5.000 no início dos anos 1960. Hoje, o alto preço dos terrenos no entorno das áreas centrais e os filmes por streaming liquidaram este modelo de negócio, havendo hoje menos de 500 cinemas drive-in nos EUA.Extraído de thedrive.com
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LR