A largada da 3ª semana com o Nivus foi dada no posto de combustíveis, o mesmo de sempre, bomba inclusive, só que agora em vez de gasolina o que pedi ao frentista foi álcool. Paguei 160 reais por quase 50 litros do combustível “verde”, interessadíssimo nos 12 cv a mais que constam na ficha técnica em relação à gasolina quem, não custa lembrar, tem 27% de álcool em sua formulação.
O incremento de potência usando álcool puro neste motor que propulsiona o Nivus é alto, o que é favorecido pelo fato deste moderno tricilíndrico de 12 válvulas duplo-comando, dotado de variador de fase na admissão e escapamento, ser turbocarregado à razão de 1,3 bar. Obviamente, para a “maquininha de vento” funcionar é necessária uma eletrônica refinada, capaz de brincar de modo sério (!!!) com o avanço da ignição, para assim aproveitar corretamente qualquer tipo de combustível que chega aos cilindros câmara de combustão.
Na prática, senti esse 12 cv a mais? Sim, mas não do modo óbvio, pois quando se fala de potência máxima, o que geralmente se imagina é o empurrão maior na porção final da faixa útil de rotações. Como é no Nivus? A impressão é de que o álcool aumenta a já ótima pegada do motor em baixos/médios regimes e que em alta a progressão praticamente não se diferencie daquela obtida com a gasolina. Esta potência em alta, acredito, viria com o uso de uma turbina de maiores dimensões e o devido ajuste da eletrônica à nova realidade mas… vindo a potência em alta, se vai a economia, o comportamento civilizado nas respostas ao acelerador, e por aí vai.
Uma versão esportiva do Nivus cairia bem? Ô, se cairia, e arrisco dizer que está nos planos. Colocar nele o motor 1,4 que vai no T-Cross 250 TSI me parece um roteiro mais que óbvio, dando ao Nivus a pimenta que ele merece ter, até mesmo pelo visual que, pelo que sei, é unanimidade: o mais bonito Volkswagen ora em produção segundo alguns.
No dia a dia usando álcool o Nivus ficou ainda mais… Nivus, ou seja, mais agradável, respondendo um tiquinho melhor ao estímulo do acelerador e, felizmente, não cobrando muito por isso em termos de consumo. Aliás, as marcas de consumo que obtive nesta semana com álcool me parecem, proporcionalmente, melhores do que as conseguidas com o combustível de origem fóssil. Porém, esta comparação não é digna de grande credibilidade uma vez que cumpri rotinas diferentes e trajetos, idem.
O ponto alto da semana foi um bate e volta a Ibiúna, cidade colada à capital paulista, que me fez rodar por volta de 140 quilômetros em condição variadas de rodovia, e até mesmo encarar estradinhas de terra. Na ida, porta-malas cheio, cinco a bordo e até mesmo uma prancha de stand-up no no teto. Na volta, só eu, zero bagagem. Fui calmíssimo, voltei com pressa. Consumo? Bons (carro cheio, prancha…) 9,2 km/l na ida, 12,3 km/l na volta.
Relevante citar: os três instalados no banco de trás viajaram apertados, especialmente o adolescente do meio, mas nada de tão crítico assim: basta que o par de humanos dos assentos dianteiros não exagerem no recuo de seus bancos. E, de novo, como na semana nº 2, essa lotação plena de gentes e coisas no porta-malas em nada afetou a dinâmica do Nivus, que assim confirma o bom ajuste conseguido pelos engenheiros da VW, que resultou em suspensões confortáveis mas firmes. E falando em suspensões, nota dez no trecho de terra, estradinha de chão duro, poeirenta, com pedrisco cá e lá, que me deu oportunidade de usar a troca de marchas pela alavanca para alguns minutinhos de diversão no melhor estilo trecho cronometrado de rali. O Nivus é “na mão”, tem reações previsíveis e é divertido. Cúmplice deste momento esporte a direção com assistência elétrica indexada à velocidade, sincera, que transmite bem o que se passa entre o piso e os pneus. Tal excursão off-road revelou outro bom aspecto, o da boa vedação pois o pó amarelo não invadiu nem a cabine, nem porta-malas.
Reflexão sobre um aspecto relativo ao transporte da prancha: tive que improvisar travessas transversais uma vez que a prancha, pesada, iria danificar o teto se acaso eu recorresse à fixação usando rolinhos de espuma. Portanto prendi duas pequenas vigas de madeira às travessas longitudinais usando silver tape e abraçadeiras de nylon. Funcionou, apesar da estética rústica. E daí me veio à mente as minhas Fiat Elba (três!), que tinham travessas e no porta-malas, como equipamento de série, um bem-acabado estojo de courvim com nada menos que cinco ou seis travessas, facilmente encaixáveis. Hoje em dia, nesse mundo “suvezado”, onde barras no teto são comuns, desconheço qualquer carro que venha equipado de fábrica com barras transversais, e me corrijam, por favor, se estiver enganado.
Nesta semana nº 3 tive oportunidade de rebater os encostos do banco traseiro e notar que o bom espaço, infelizmente, não vem junto com um piso plano, mas coube uma bicicleta (e caberiam duas, com jeitinho) sem que fosse necessário remover a roda dianteira. Ponto para o Nivus! Ao retirar a cobertura do porta-malas, impossível deixar de notar que o material usado é bastante fino, idem com relação à placa do piso, bem diferente daquela rígida que equipava o Polo testado quase três anos atrás. Tiro o ponto do Nivus…
Acabei a semana circulando na cidade, em um janeiro — mês costumeiramente com menos trânsito —, com ruas ainda mais livres que o usual. Repeti diversas vezes trajetos conhecidos, confirmando o que já disse anteriormente: o Nivus é um carro muito gostoso de dirigir, tem um conjunto muito bem acertado. Direção, freios, câmbio, suspensão, não há crítica a fazer a nenhum desses sistemas. Na região montanhosa da cidade de São Paulo, em que vivo, o sistema que mantém o freio acionado nas saídas em trechos íngremes é especialmente bem-vindo. Idem quanto ao fato de ser quase impossível raspar frente ou traseira em desníveis ou valetas. Quanto ao ar-condicionado, reafirmo que em dias excessivamente quentes, em uso no para e anda, ele atua no limite, mas basta uma avenida expressa e manter velocidade constante, acima dos 60 km/h, que a ineficiência passa. Porém observo que, até onde sei, quanto mais altas estiverem posicionadas as saídas do ar, melhor será o desempenho da refrigeração, e no Nivus as saídas centrais do painel estão abaixo da tela do sistema multimídia, o que talvez não seja o ideal.
Encaminhado para o final do teste, a sensação é de que tenho nas mãos um carro acima da média. Gosto do que vejo, gosto do que sinto. Poderia ser melhor? Em termos dinâmicos, não creio que haja grandes reparos a fazer. Mais potência? É sempre bom, mas como é, já está ótimo. Acabamento? Hummmm…. talvez esteja aí o pulo do gato que a VW pode dar, usando materiais um tiquinho mais requintados, que agradem mais aos olhos e também aos dedos.
A semana que fecha o teste seguirá o padrão: visita à Suspentécnica para examinar entranhas, mas, se der tempo, quero levar o Nivus para fazer algumas curvas animadas, e realmente confirmar que os pneus são mesmo tão bons quanto parecem e se os centímetros de altura que ganhou em relação ao irmão Polo em nada afetaram — como imagino — o comportamento esportivo deste interessante Volkswagen.
RA
Leia os relatórios anteriores: 1ª semana 2ª semana
Nivus 200 TSI Comfortline
Dias: 21
Quilometragem total: 1.327 km
Distância na cidade: 740 km (56%)
Distância na estrada: 587 km (44%)
Consumo médio: 9,6 km/l
Melhor média (gasolina): 14,5 km/l
Melhor média (álcool): 13,5 km/l
Pior média (gasolina): 8,5 km/l
Pior média (álcool): 6,5 km/l
Média horária: 28,3 km/h
Tempo ao volante: 46h54min
FICHA TÉCNICA VW NIVUS 200 TSI COMFORTLINE | ||
MOTOR | ||
Designação | EA211 R3 TSI | |
Descrição | 3 cilindros em linha, dianteiro, transversal, bloco e cabeçote de alumínio, 4 válvulas por cilindro, duplo comando de válvulas, correia dentada, variador de fase admissão e escapamento, atuação indireta por alavanca-dedo roletada com fulcrum hidráulico, aspiração forçada por turbocompressor com interresfriador, coletor de escapamento integrado ao cabeçote, injeção direta, gerenciamento Bosch MED, flex | |
Diâmetro x curso (mm) | 74,5 x 76,4 | |
Cilindrada (cm³) | 999 | |
Taxa de compressão (:1) | 10,5 | |
Potência máxima (cv/rpm, G/A) | 116/128/5.500 | |
Torque máximo (m·kgf/rpm, G/A) | 20,4/2.000 a 3.500 | |
Comprimento da biela (mm) | 139 | |
Relação r/l | 0,274 | |
TRANSMISSÃO | ||
Câmbio | Transeixo dianteiro com câmbio automático epicíclico Aisin AQ250-6F de 6 marchas automáticas à frente e ré, conversor de torque com bloqueio e controle de neutro, tração dianteira | |
Relações das marchas (:1) | 1ª 4,459; 2ª2,508; 3ª 1,556; 4ª 1,142; 5ª 0,851; 6ª 0,672; ré 3,185 | |
Relações de diferencial (:1) | 3,502 | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço em “L” mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem | |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira, eletroassistida com motor na coluna de direção, indexada à velocidade | |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,9 | |
Relação de direção média (:1) | 14,1 | |
N° de voltas entre batentes | 2,8 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico, duplo-circuito em diagonal, servoassistido a vácuo com bomba de vácuo auxiliar | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado/276 | |
Traseiros (Ø mm) | Disco/230 | |
Controle | ABS, distribuição eletrônica das forças de frenagem e assistência à frenagem | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Liga de alumínio 6,5Jx16 | |
Pneus | 205/60R16H (Bridgestone Ecopia EP-190) | |
Estepe temporário | Roda de aço, pneu 185/65R15H (Dunlpop Enasave EC300+) | |
PESOS (kg) | ||
Em ordem de marcha | 1.199 | |
Carga útil | 451 | |
Peso máx. rebocável com/sem freio (kg) | 400 | |
CONSTRUÇÃO | ||
Tipo | Monobloco em aço, suve-cupê, 4-portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto (Cx) | n.d. | |
Área frontal (calculada, m²) | 2,10 | |
Área frontal corrigida (m²) | n.d. | |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | ||
Comprimento | 4.266 | |
Largura sem/com espelhos | 1.757/n.d. | |
Altura | 1.493 | |
Distância entre eixos | 2.566 | |
Bitola dianteira/traseira | 1.531/1.516 | |
Distância mínima do solo | 176 | |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas | 415 | |
Tanque de combustível | 52 | |
DESEMPENHO | ||
Aceleração 0-100 km/h (s, G/A) | 10,0 | |
Velocidade máxima (km/h,G/A, km/h) | 189 | |
CONSUMO INMETRO/PBEV | ||
Cidade (km/l, G/A) | 10,7/7,7 | |
Estrada (km/l) (G/A) | 13,2/9,4 | |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em 6ª (km/h) | 50,8 | |
Rotação em 6ª a 120 km/h (rpm) | 2.360 | |
Rotação à vel. máxima em 5ª (rpm) | 4.710 | |
MANUTENÇÃO E GARANTIA | ||
Revisão/troca de óleo do motor (km/tempo) | 10.000/12 meses | |
Garantia total (tempo) | Três anos, 6 anos contra perfuração de chapa |