Esses pneus para veículos antigos reproduzem os desenhos de época, mas claro, utilizam em sua produção os mais novos materiais e técnicas de construção. Os pneus, independentemente da quilometragem rodada, em média começam a sofrer deterioração de seus compostos após cinco ou seis anos. Daí para a frente, é questão de tempo para surgirem perigosas rachaduras nas laterais, ombros e bandas de rodagem. É consenso que com 10 anos de fabricação nenhum pneu deve ser mais utilizado, mesmo que com a banda aparentemente pouco desgastada.
É nesse momento que começa o problema para os proprietários, sejam grandes colecionadores ou apenas alguém que tem a posse do carro de estimação, que foi do avô, passou para o pai e agora está sob sua guarda. Usar o carro como ele merece ser usado, mas com esses pneus deteriorados, é perigoso pelo risco de causar ou sofrer um acidente. Mas um conjunto novo, com cinco unidades idênticas às originais, vai manter o carro do jeito que saiu de fábrica. Um grande mercado consumidor, com certeza, que justifica os altos investimentos para reeditar pneus históricos.
As marcas de prestígio montaram oficinas próprias especializadas em veículos antigos de sua fabricação. Ali fazem de simples manutenção de rotina a restaurações completas e até verdadeiras reconstruções de veículos.
Para manter a originalidade dos carros, nada melhor do que o conjunto de rodas e pneus corretos, em conformidade com o ano de fabricação. Talvez esse seja um dos primeiros pontos que atraem a atenção de quem olha para um carro, em especial um histórico. Outro grande nicho que todas as produtoras de pneus têm para comercializar seus modelos antigos.
Mas talvez a maior demanda seja pelas corridas de carros históricos que competem pelo mundo nas diversas categorias. Basta olhar no site da FIA (Federação Internacional do Automóvel), na área de carros históricos, para ver a diversidade de modalidades regulamentadas para competições de veículos antigos. De Fórmula 1 a Subida de Montanha, passando por carros esporte, turismo, grã-turismo e ralis de velocidade e regularidade.
Pirelli Cinturato CA67. Essa linha foi lançada em 1955 e durante quase duas décadas foi referência em desempenho e durabilidade para pilotos e motoristas. Aqui no Brasil o CA67 foi usado em várias categorias de corridas e foi o equipamento original do FNM 2000 JK, lançado em 1960, versão brasileira do Alfa Romeo 2000 berlina (sedã) de 1958.
A procura é tão grande que a Pirelli produz em sua moderna fábrica na Turquia um pneu chamado Stella Bianca (Estrela Branca), destinado aos carros de competição dos anos 1920. Na sua linha Collezione estão também os Stelvio, Cinturato CA67, CN72, CN36 — este já com perfil 70. A linha é extensa, avança até os anos 1980 e 1990, com os Cinturato P7 e P5.
A Michelin Collection tem a sua tradicional linha de pneus “X” — o primeiro radial do mundo, surgido em 1947 — com muitos modelos disponíveis, como os X, XAS, XZX, XVS, XWX e Pilote X, entre outros. O Double Rivet, para carros dos anos 1920, é encontrado em nada menos do que 14 medidas diferentes.
A Dunlop mostra uma ampla gama de pneus para carros históricos, com dezenas de medidas para seus conhecidos SP Sport e Racing, além do Sport Classic. Os Dunlop Racing, como os CR48, CR65 e CR82, são as reproduções de desenhos de banda muito utilizadas nas corridas dos anos 1960. O Dunlop 5-Stud em aro 19 polegadas é originário dos anos 1930.
A Avon tem as linhas Turbospeed e Turbosteel em aplicações para carros de turismo e grã-turismo, com especificações e medidas para atender aos mais variados modelos de veículos. O Avon Safety Mileage é o pneu específico para veículos da época de 1920.
A Goodyear tem na sua linha Collector pneus para veículos antigos, incluindo os militares. O Deluxe All-Weather White Wall é a opção para carros dos anos 1920 em diante. A banda de rodagem com desenho em diamantes é icônica. Tecnologicamente avançados, mas garantindo o visual de época para os carros clássicos.
Uma pesquisa pela internet mostrará os sites dos fabricantes e também de lojas especializadas nesses pneus, com centenas de especificações e medidas, recomendações de uso e manutenção. Um amplo mercado que com certeza justifica os investimentos de Pirelli, Michelin, Dunlop, Avon, Goodyear e outros fabricantes no desenvolvimento e produção desses pneus com desenhos icônicos de bandas de rodagem.
Parodiando conhecido mote da Pirelli, “Power is nothing without control”, carro clássicos não são nada sem pneus.
AB