Apesar da minha ignorância em medicina, pelo que vejo como apelos e aconselhamento das autoridades responsáveis pelo combate a essa pandemia parece-me que o transporte público, refratário a estes apelos.
Vou agora tratar do que, penso entender, o trânsito deste importante meio de transporte, o ônibus, segundo os dados estatísticos de quem os tem, utilizado por 70% da população da cidade do Rio de Janeiro. Como sempre, vou recorrer aos meus fieis amigos livros e como o enfoque será teórico, melhor dizendo acadêmico, vou me consultar com o livro “Theory of Traffic Flow” (Teoria do fluxo de tráfego), resultado de um simpósio levado a efeito pelo Laboratório de Pesquisas da General Motors Corporation, editado por Robert Herman, em Michigan, em 1961, portanto 60 anos atrás.
O livro contém demonstrações técnicas, algumas complicadas com fórmulas matemáticas, mas do mais alto nível e de absoluta realidade, enfatizando as curvas oriundas de ocupação da malha viária fruto do volume de tráfego do momento, todos elas no intuito de transportar pessoas. Não foi à toa que o lendário engenheiro Henry Barnes, diretor de trânsito de Nova York por oito anos, deixou o lembrete: Trânsito é povo em movimento.
O importante para quem faz a consulta é que nas representações aparece sempre como a mais alta a das horas de ida para o trabalho que, lá chamam de rush hour e aqui, no nosso Pindorama, em função dos gráficos,“hora de pico”. Cabe ao técnico de trânsito fazer baixar este pico, diluindo-o ao longo das horas úteis do dia, esperando assim diminuir a aglomeração nos interiores fechados, ou melhor, pouco ventilados, aos quais 70% da população se submete. E cabe aos técnicos pesquisar, da maneira mais prática e menos aporrinhante possível, quais os tipos de pessoas que utilizam este hoje horário de maior procura.
Cabe aos responsáveis, a fim de merecerem este título, fazer o levantamento para procurar redistribui-los pelos horários escalonados do início de suas atividades e propor aos prefeitos que, espero, tenham a coragem política ou cívica de adotá-los em benefício de quem lhes paga os tributos para poderem exercer os deveres de prefeito.
Não esperem para obter dados precisos, mas apenas as tendências percentuais, tiradas das novas curvas, todas bem mais baixas que a única anterior.
Lembrem-se de que. o engenheiro Edson Passos, patrono da engenharia, já aconselhava que “o ótimo é inimigo do bom.”
Creio ser possível limitar a lotação em pé, usando este escalonamento de horários de entrada, onde concorrem operários da construção civil, da indústria, funcionários públicos, militares, estudantes e seus professores, bancários, prestadores ou prestadoras de serviço, encaixando o consumidor ou o cliente nas curvas de menor altura prevista
O ideal é que se pudesse partir dos terminais sem ninguém em pé a fim de possibilitar que o infeliz morador do meio do percurso viaje.
Estaremos, é lógico, negligenciando ao rendimento da malha viária em favor de um bem maior para a população, a sua vida.
Terminando, desculpando-me pela minha talvez petulância em tentar ensinar o “Padre-Nosso ao vigário”, mas, sigo aqui o sábio conselho do almirante Pedro Max Fernando de Frontin, Comandante da Divisão Naval Brasileira que rumou para o Mediterrâneo na Primeira Guerra Mundial; “Quando não se pode fazer tudo o que se deve, deve-se fazer tudo que se pode.”
Foi, com a devida vênia, o que tentei sugerir.
CF