No final de fevereiro a Nissan apresentou o novo Kicks 2022 e para primeiras impressões foi disponibilizada apenas a versão topo de gama, a Exclusive com câmbio CVT (veja aqui). Aquela avaliação ficou confinada na pista do Haras Tuiuti, que se por um lado traz algumas limitações pelo tipo de pista, por outro lado é possível explorar com mais segurança os limites de estabilidade do veículo. Nesse primeiro contato o carro agradou, mas faltava sentir o carro no dia a dia e ver como é sua utilização no asfalto remendado das nossas vias e em outras situações cotidianas. Por duas semanas estive a bordo do novo Nissan Kicks 2022, sendo a primeira semana com a versão Sense de câmbio manual e na segunda semana, o Sense CVT.
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As duas versões são exatamente iguais quanto ao desenho exterior e interior, ressaltando-se a diferença na alavanca de câmbio, é obvio, e a inclusão do controle de velocidade de cruzeiro e rodas de liga de alumínio na versão CVT.
Se preferir assista primeiramente ao vídeo da versão Sense com câmbio manual que foi gravado em Joaquim Egídio, Campinas, SP:
Motor e câmbios
Segue utilizando o mesmo motor 4-cilindros HR16DE 1,6-l flex, de aspiração atmosférica, 16 válvulas com duplo comando de válvulas continuamente variável, que entrega 114 cv a 5.600 rpm e tem torque máximo de 15,5 m·kgf a 4.000 rpm.
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O casamento com o câmbio manual é perfeito e o escalonamento de marchas é muito bom, mas fica devendo uma 6ª marcha para melhorar o consumo de combustível. Foi interessante obter 10,7 km/l no trajeto São Paulo a Campinas com versão manual e 11.0 km/l no mesmo trajeto com a versão CVT, ambos com álcool. Esses resultados estão melhores do que o valor homologado junto ao Inmetro: cidade 10,9/7,8 km/l no manual e 9,3/7,3 km/l, no CVT, e estrada: 12,7/8,9 no manual e 13,6/9,3 km/l, no CVT. Observe que mesmo os números homologados mostram uma vantagem para o CVT.
É notório a maior rotação do motor na condição de 120 km/h no carro manual com conta-giros marcando 3.650 rpm. Enquanto que na mesma condição, no CVT a rotação varia entre 2.000 e 3.500 rpm, dependendo da topografia da estrada e da carga do veículo. Apesar do giro do motor variar continuamente devido à calibração do CVT, esta condição não chega a incomodar devido ao bom trabalho de isolação acústica. E seguramente é esta variação continua que propicia o melhor consumo de combustível na versão CVT, mesmo com peso em ordem de marcha ligeiramente superior: 1.122 kg contra 1.104 kg do manual.
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O peso do pedal da embreagem e a precisão de engates do trambulador são pontos elogiáveis para a versão manual, e o mesmo elogio vai para o posicionamento dos pedais, que permitem o punta-tacco com muita facilidade (quase telepático, Bob). No CVT fica a crítica para a localização do botão seletor do modo Sport, posicionado na face traseira da alavanca, logo abaixo do pomo. Na avaliação inicial no Haras Tuiuti não encontrei esse botão, lembrando que era meu primeiro contato com o Kicks e desconhecia esse recurso neste veículo.
Para trajetos urbanos a ativação do modo Sport deixa o carro mais ágil, permitindo acompanhar com mais facilidade as variações de velocidade do trânsito. No uso rodoviário o modo Normal traz maior comodidade. As opções do CVT são complementadas pelo modo Low que mantém o motor em giro mais alto proporcionando melhor freio-motor, muito útil para descida de serra, ajudando a poupar os freios e sem aumento do consumo de combustível.
Dinâmica veicular
A utilização de pneus 205/60R16 com 123 mm de altura do flanco trouxe menor aspereza de rodagem do que os pneus aro 17 da versão Exclusive, e o prejuízo na estabilidade não chama a atenção, principalmente no uso em vias públicas. A versão de câmbio manual estava equipada com rodas em aço com calotas plásticas fixadas apenas pela pressão do anel-mola externo, e utiliza o mesmo desenho do ano-modelo anterior, mereceria uma atualização depois de 5 anos no mercado. A versão CVT utiliza o mesmo pneu, porém montado em roda de liga de alumínio.
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As alterações dos pontos de fixação da suspensão traseira e da caixa de direção, já comentado na avaliação da versão Exclusive, também estão presentes nestas versões Sense e somam ao bom comportamento dinâmico do veículo. O mesmo acontecendo com a caixa de direção com assistência elétrica e incremento de esforço indexado à velocidade.
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Em termos de movimentação da suspensão, o balanço e equilíbrio geral entre eixos está bem calibrado, mas fica faltando o batente hidráulico nos amortecedores dianteiros, que minimizariam o ruído de queda de roda ao passar por lombadas. Não há diferenças evidentes entre os dois veículos, mesmo porque a diferença de 18 kg não justificaria nem mesmo uma calibração específica para cada modelo.
A mesma equivalência é observada no desempenho do sistema de freios, que possui disco ventilado na dianteira e tambor na traseira. A modulação do pedal do freio não causa nenhum desconforto ou cansaço aos ocupantes do veículo. O freio de estacionamento segue o tradicional, com a alavanca posicionada entre os bancos dianteiros. A baixa carga no eixo traseiro permitiu aos engenheiros da Nissan especificarem uma pressão mais baixa 29 lb/pol², dando maior conforto, enquanto nos dianteiros o especificado é 32 lb/pol².
Interior despojado
Nesta versão Sense o interior segue o conceito tradicional do pretinho básico nos bancos, painel de instrumentos e painéis de portas, com colunas e teto revestidos em cor clara. E para alegrar e diferenciar, o revestimento em tecido dos bancos tem costuras bem desenhadas, trazendo harmonia, e na faixa central do painel de instrumentos há aplicação de textura diferenciada.
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A central multimíidia de 7” está bem integrada no centro do painel e tem a vantagem de botões giratórios para volume e seleção, assim como os botões mecânicos e não capacitivos como adotado em vários outros modelos. Isso traz mais segurança ao dirigir e deveria ser melhor estudado pelos órgãos reguladores. Lembro que há um requisito legal de carga de trabalho do motorista que avalia as interações que o motorista é obrigado a fazer para dirigir um veículo, porém o sistema de multimídia não faz parte dessa análise, obviamente porque quando foi criada essa norma, esse tipo de sistema não existia. Caberia uma revisão pelos órgãos competentes.
O para-brisa não é uma novidade no Kicks 2022, mas chama a atenção a altura total que permite uma boa visibilidade e boa iluminação da cabine. Nota-se que o para-sol é proporcionalmente maior que os demais veículos desse segmento, necessário para permitir a boa cobertura. A faixa degradê apreciada por todos no AE ficaria muito bem nesse veículo.
Os bancos dianteiros utilizam a tecnologia “Zero-Gravity” da Nissan que oferece um melhor apoio do corpo ao longo de todo banco, evitando pontos de maior pressão que geram desconforto. Associado ao bom equilíbrio da suspensão, o conforto é ponto chave deste suve compacto. A posição de dirigir é facilitada pelos ajustes de altura e distância do volante, e da altura do banco do motorista. Parabéns à Nissan por não remover essas funcionalidades da versão de entrada.
No banco traseiro há espaço suficiente para os pés e joelhos, a inclinação do encosto é adequada e o espaço para a cabeça é muito bom. A versatilidade de rebatimento do encosto do banco na proporção 60:40 permite acomodar muita bagagem no porta-malas de 432 litros. A carga útil é de 411 kg.
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Exterior renovado
Muitos carros envelhecem rapidamente depois de 2~3 anos de lançados, mas para mim o Nissan Kicks é um carro que se mantém atual desde seu lançamento em 2016. Este modelo 2022 é a primeira remodelação e está concentrada em alterações no para-choque dianteiro e na tampa traseira.
O para-choque dianteiro recebeu novo desenho com a grande pintada em preto brilhante embutida em um duplo “V”, que está demarcado por frisos cromados que emolduram os faróis. Os brilhos de jewell effect (efeito joia) visto na versão Exclusive estão presentes nestas versões de entrada na sua parte frontal. Os faróis não migraram para o LED, e aa luzes de rodagem diurna (DRL) estão posicionads na parte inferior do para-choque, onde se esperaria o farol de neblina, inexistente nesta versão.
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Na traseira foi incorporada barra acrílica não iluminada interligando as duas lanternas e aumentando a impressão de largura do carro, além de realçar a linha de cintura traseira. Interessante notar que tanto na versão Exclusive quanto na Sense não há emblemas na tampa do porta-malas para indicar qual o modelo ou motorização do veículo.
Pelas laterais nota-se que frisos e maçanetas cromadas foram eliminadas, diminuindo o brilho do carro, mas detalhes como antena do tipo barbatana de turbarão e barras longitudinais no teto foram mantidas. As colunas seguem na cor preta na altura dos vidros, o que aparenta uma continuidade e deixa o teto com o aspecto flutuante, uma solução adotada desde o início de produção do Kicks e que seguramente agrada aos seus compradores. Somente a versão Exclusive tem a opção de pintura do teto em preto.
Mercado
A Nissan anunciou durante o lançamento o objetivo de vender 50 mil carros/ano do novo Kicks no Brasil, e que da própria fábrica de Resende, RJ seriam exportados para a América Latina. Nesta última semana a Nissan divulgou fotos de Kicks sendo embarcados para a Argentina, portanto sua estratégia comercial está em plena execução.
Sabemos que o segmento de suves compactos é o que mais cresce no mundo e consequentemente no Brasil, portanto ter um bom produto com preços competitivos e qualidade é fundamental para seguir colhendo esses trunfos. O Nissan Kicks tem esse potencial, necessitando apenas ter atenção em itens que podem não agradar a todos, como a falta de pintura nos compartimentos do motor e caixa do estepe. E outro item que pode afugentar os consumidores é a baixa autonomia devido ao tanque de apenas 41 litros. Incomoda a minimização nos itens de comodidade da versão Sense, como indisponibilidade do controle de velocidade de cruzeiro na versão manual, e não oferecer vidros elétricos com um toque para descer/subir em todas as janelas, o que permitiria fechar os vidros ao travar o veículo.
Os preços anunciados no lançamento seguem vigentes e segundo a Nissan não tiveram alterações em relação aos preços públicos do ano/modelo anterior, porém tiveram a mudança de nomenclatura:
Sense manual: R$ 90.390 (antigo S MT)
Sense CVT: R$ 98.390 (antigo S)
Advance CVT: R$ 106.390 (antigo SV)
Advance CVT + Pack Plus: R$ 108.390
Exclusive CVT: R$ 116.390 (antigo SL)
Exclusive CVT + Pack Tech: R$ 119.890
GB
FICHA TÉCNICA NISSAN KICKS SENSE 2022 | ||
MOTOR | ||
Designação | HR16DE 1,6 | |
Tipo | Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, bloco e cabeçote de alumínio, 16 válvulas, duplo comando de válvulas, corrente, variador de fase na admissão e escapamento, atuação de válvulas direta por tuchos-copo, injeção no duto, flex | |
Diâmetro x curso (mm) | 78 x 83,6 | |
Cilindrada (cm³) | 1.598 | |
Taxa de compressão (:1) | 10,7 | |
Potência máxima (cv/rpm) (G/A) | 114/5.600 | |
Torque máximo (m·kgf/rpm) (G/A) | 15,5/4.000 | |
Comprimento da biela (mm) | n.d. | |
Relação r/l | n.d. | |
TRANSMISSÃO | ||
Tipo | Câmbio manual de 5 marchas | Câmbio automático CVT XTRONIC com função Sport |
Relações das marchas/polias (:1) | 1ª 3,727; 2ª 1,957; 3ª 1,233; 4ª 0,903; 5ª 0,738 | Máxima 4,010:1, mínima 0,460:1 |
Relação de iferencial (:1) | 4,929:1 | 3,921:1 |
Rodas motrizes | Dianteiras | |
SUSPENSÃO | ||
Dianteira | Independente, McPherson, braço triangular, mola helicoidal, amortecedor pressurizado e barra antirrolagem | |
Traseira | Eixo de torção, mola helicoidal e amortecedor pressurizado | |
DIREÇÃO | ||
Tipo | Pinhão e cremalheira eletroassistida indexada à velocidade | |
Diâmetro mínimo de curva (m) | 10,2 | |
Relação da direção (:1) | 16,8 | |
Voltas entre batentes | 3,1 | |
FREIOS | ||
De serviço | Hidráulico servoassistido a vácuo, duplo circuito em diagonal | |
Dianteiros (Ø mm) | Disco ventilado / n.d. | |
Traseiros (Ø mm) | Tambor / n.d. | |
Controle | ABS, distrivuição eletrõnica das forças de frenagem e auxílio à frenagem de emergência | |
RODAS E PNEUS | ||
Rodas | Aço com calota plástica, 5,5Jx16 | Liga leve, 5,5Jx16 |
Pneus | 205/60R16H – Continental ContiPowerContact Eco Plus | |
Estepe | Temporário – 185/65R15H – Pirelli P1 | |
PESOS (kg) | Manual | CVT |
Peso em ordem de marcha | 1.104 | 1.122 |
Carga máxima | 411 | |
Peso rebocável sem freio | 350 | |
CONSTRUÇÃO | ||
Tipo | Monobloco em aço, crossover, 4 portas, 5 lugares, subchassi dianteiro | |
AERODINÂMICA | ||
Coeficiente de arrasto (Cx) | 0,345 | |
Área frontal (calculada, m²) | 2,25 | |
Área frontal corrigida (m²) | 0,776 | |
DIMENSÕES EXTERNAS (mm) | ||
Comprimento | 4.310 | |
Largura | 1.760 | |
Altura | 1.590 | |
Distância entre eixos | 2.610 | |
Bitola dianteira/traseira | 1.520/1.535 | |
Distância mínima do solo | 200 | |
Ângulo de entrada | 18º | |
Ângulo de saída | 28º | |
CAPACIDADES (L) | ||
Porta-malas (VDA) | 432 | |
Tanque de combustível | 41 | |
DESEMPENHO | Manual | CVT |
Aceleração 0-100 km/h (s) | 11,3 | 11,8 |
Velocidade máxima (km/h) | 175 | |
CONSUMO DE COMBUSTÍVEL INMETRO/PBVE | ||
Cidade (km/l, G/A) | 10,9/7,8 | 11,3/7,6 |
Estrada (km/l, G/A) | 12,7/8,9 | 13,6/9,3 |
CÁLCULOS DE CÂMBIO | ||
v/1000 em5/ult. marcha (km/h) | 32,9 | 68,9 |
Rotação a 120 km/h (rpm) | 3.650 | 1.740 |
INFORMAÇÕES ADICIONAIS | ||
Intervalos de revisão/troca de óleo | 10 mil km ou 1 ano | |
Garantia | 3 anos |
CONFORTO E COMODIDADE |
Abertura e fechamento das portas e vidros dianteiros e traseiros porcontrole remoto |
Acendimento automático dos faróis (sensor crepuscular) |
Acionamento do alarme através de controle remoto |
Ar-condicionado |
Banco do motorista com ajuste de altura |
Banco traseiro bipartido 60:40, dobrável |
Bancos dianteiros e traseiros com tecnologia Zero Gravity® |
Direção com assistência elétrica indexada à velocidade |
Ganchos de fixação no porta-malas |
Painel multifuncional com computador de bordo |
Para-sol com espelhos para motorista e passageiro |
Porta-copos central (2) |
Porta-malas com iluminação |
Porta-objetos na lateral das portas dianteiras e traseiras |
Porta-revistas no dorso dos encostos dos bancos dianteiros |
Revestimento do painel e portas macio ao toque |
Tomada 12 V (2) |
Vidros dianteiros e traseiros elétricos, um-toque apenas para descer na janela do motorista |
Volante multifuncional de três raios com regulagem de altura e distância |
APARÊNCIA |
Defletor de teto integrado na cor do veículo |
Estrado de teto longitudinal na cor prata |
Luz de rodagem diurna no para-choque em LED |
Retrovisores externos com regulagem elétrica e repetidoras de setas |
SEGURANÇA |
Alarme de advertência sonoro para lanternas acesas |
Alarme perimétrico |
Auxílio de partida em aclive |
Bolsas infláveis frontais, laterais e de cortina |
Câmera 360° com imagem integrada à central multimídia |
Controle de estabilidade e tração |
Controle de velocidade de cruzeiro (versão CVT somente) |
Desembaçador de vidro traseiro com temporizador |
Imobilizador do motor |
Limpador de para-brisa dianteiro e traseiro com 2 velocidades e controle intermitente variável |
Sensor traseiro de estacionamento |
Travamento central automático das portas e do porta-malas |
SISTEMA DE ÁUDIO |
Multimídia com tela tátil colorida de 7 polegadas, uma porta USB, Bluetooth, espelhamentoAndroid Auto e Apple CarPlay |