Capítulo sempre presente a cada temporada, a silly season (temporada do besteirol em tradução livre), já tem sua vítima para a edição 2021 da época em que começam as consultas e negociações para o campeonato do ano que vem. O escolhido é Valtteri Bottas, cuja permanência na equipe Mercedes está ameaçada por causa de uma combinação de resultados abaixo do esperado e problemas técnicos com seu equipamento. Ainda que os resultados do finlandês estejam muito aquém dos obtidos por seu companheiro de equipe, o inglês Lewis Hamilton, o fato do time alemão estar dominando a F-1 há anos é outro componente importante nesta equação onde outro inglês, George Russell, é o nome apontado para substituir Bottas.
Valtteri Bottas estreou na F-1 pela equipe Williams em 2013, ao lado de Pastor Maldonado e a partir de 2014 ao lado de Felipe Massa. No final da temporada de 2016 Bottas já estava confirmado no time de Didcot para 2017, ao lado de Lance Stroll, e Massa tinha anunciado sua aposentadoria, quando o alemão Nico Rosberg anunciou o final de sua carreira dias após ter conquistado o título de campeonato mundial após acirrada disputada contra Lewis Hamilton. Sem maiores nomes disponíveis no mercado Toto Wolff e Frank Williams entraram em acordo que tornou o finlandês o substituto de Rosberg e adiou a aposentadoria de Massa.
Dividir uma equipe com um campeão mundial quando ainda não se conseguiu a primeira vitória é entrar em campo em desvantagem; pior ainda é quando o companheiro de equipe já tem três títulos (2008/14/15) e é um profissional superfocado e concentrado. Em seu primeiro ano em uma equipe de ponta, Bottas finalmente venceu pela primeira vez, aliás três vezes, nos GPS da Rússia, Áustria e Abu Dhabi, o que aumentou seu cacife. Em 2019 ganhou outras quatro vezes (Austrália, Azerbaijão, Japão e Estados Unidos) e na encurtada temporada de 2020 começou o ano vencendo na Áustria e repetiu o resultado na Rússia. São poucos os pilotos que conseguiram vencer tantos GPs na F-1 mas a inconsistência de resultados, situação agravada com a presença constante de Lewis Hamilton nas posições pontuáveis ajudaram a criar uma imagem desvantajosa para o finlandês nascido em Nastola no dia 28 de agosto de 1989.
Diante desse retrospecto, sua campanha de 2021 pouco contribui para a manutenção do seu posto na equipe Mercedes, particularmente em uma temporada onde a Red Bull lidera tanto entre os Construtores quanto entre os pilotos. Não de pode atribuir essa situação unicamente a Bottas: manter a invencibilidade por oito temporadas seguidas é tarefa árdua e mesmo o exército de quase 3 mil pessoas que atua no programa de F-1 da Mercedes não garante o sucesso. Estatisticamente, na medida que uma série de eventos bem-sucedidos se estende aumentam as chances de resultados negativos. O problema de Bottas no GP de Mônaco deste ano é prova disso: ele disputava a liderança da prova quando foi obrigado a desistir da prova quando a porca de roda dianteira direita praticamente fundiu-se com a ponta de eixo. Por outro lado, em situações normais, Hamilton sempre se saiu superior ao finlandês, seja por sua capacidade seja, por sua condição de primeiro piloto ou pela inconsistência já mencionada.
Outro fator que não contribui para a causa finlandesa chama-se George Russell, atual piloto da Williams e apadrinhado de Toto Wolff. Chamado para substituir Lewis Hamilton na penúltima corrida de 2020, o novato andou à frente de Bottas e só não venceu a prova por uma série de acontecimentos, alguns até questionáveis. Este ano, no GP da Emilia Romagna, Russell e Bottas se estranharam na pista, fato que não contribuiu para nenhum dos dois. O fato é que a renovação da Mercedes na F-1 poderá ser marcada pela troca de posições entre o finlandês e o britânico: as equipes de ponta e de meio do pelotão já estão com suas formações para 2022 definidas, o que deixa a Williams como mais provável novo endereço de Bottas.
Cabe lembrar que um piloto experiente como ele se encaixa na reformulação do time de Didcot, agora totalmente comandado pelo alemão Joest Capito. Na semana passada, ele anunciou o desligamento de Simon Roberts, que comandou a transição do processo de venda do time outrora familiar para a empresa de investimentos Dorilton Capital. O francês François-Xavier Demaison (homônimo de conhecido ator compatriota), substituirá Roberts e Capito assume o controle geral da escuderia fundada por Sir Frank Williams.
F-4 e Vicar
Notícia não confirmada e não desmentida pela assessoria de imprensa da Vicar dá conta que a promotora dos campeonatos brasileiros de Stock Car, Stock Light e Turismo Nacional vai lançar a F-4 no Brasil em 2022. Categoria-escola é disputada com o mesmo regulamento em várias regiões do mundo, sendo que chassi, motores e pneus variam de país para país. N Brasil serão usados monopostos italianos Tatuus F4 de segunda geração, fabricados na Itália; fornecedores de pneus e motores ainda não foram definidos para os 16 carros que formarão o grid.
WG
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